CNPEM será polo de inovação em saúde com investimento federal
O governo federal anunciou um acordo para tornar o CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), organização social ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), um polo de inovação em saúde no Brasil. Por meio de um termo aditivo assinado nesta semana pelo MCTI e pelo Ministério da Saúde, o CNPEM receberá investimentos de R$ 67,4 milhões para acelerar o desenvolvimento de tecnologias críticas para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Os recursos serão utilizados para impulsionar atividades estratégicas, ampliar a infraestrutura científica, contratar especialistas e viabilizar programas de inovação orientados por missões nacionais.
O termo aditivo incorpora ao planejamento institucional do CNPEM iniciativas de impacto direto no complexo econômico-industrial da saúde. A primeira delas será transformar o Centro em núcleo do ecossistema nacional dedicado ao desenvolvimento de insumos farmacêuticos ativos (IFAs), tecnologias biomédicas avançadas e soluções terapêuticas inovadoras, com o objetivo de reduzir a dependência brasileira de importações, que hoje supera 90%.
“Esta integração, com a interveniência do Ministério da Saúde, é um marco estratégico para o CNPEM. Ela busca impulsionar o desenvolvimento nacional de fármacos e tecnologias de diagnóstico, fortalecendo a missão de conectar nossa ciência de ponta às necessidades do SUS e gerando conhecimento para embasar políticas públicas para a saúde”, disse o diretor-geral do CNPEM, Antonio José Roque da Silva.
Entre as ações inicialmente previstas, estão a estruturação de biofoundries nacionais, que são sistemas integrados de automação, robótica e software voltados para acelerar pesquisas. Também visam a implantação de plataformas de inteligência artificial para descoberta de fármacos, a ampliação de biobancos e coleções microbianas e o apoio ao desenvolvimento de até 15 novos projetos de inovação radical, além da execução imediata de quatro projetos-piloto financiados pelo Ministério da Saúde.
Nos primeiros 12 meses, o CNPEM implantará a infraestrutura dedicada, abrirá chamadas nacionais, selecionará projetos de alto impacto e iniciará a execução científica e tecnológica necessária para sustentar a inovação nacional em IFAs.
Outro projeto estratégico incorporado ao termo aditivo prevê o desenvolvimento do primeiro protótipo brasileiro de um equipamento clínico de ressonância magnética para extremidades, tecnologia que poderá reduzir custos e ampliar o acesso em todo o país a exames de imagem. A ideia é aproveitar o know-how do CNPEM, acumulado ao longo de décadas de pesquisa de magnetos, eletrônica de alta confiabilidade e sistemas de controle, presentes em iniciativas como o UVX e o Sirius.
O equipamento de ressonância será desenvolvido em seis etapas ao longo de 24 meses, incluindo estudos conceituais, desenvolvimento eletromagnético de magnetos e bobinas, fabricação de componentes críticos, integração completa do sistema e validação com geração de imagens. A iniciativa abre caminho para que empresas brasileiras possam, no futuro, fabricar equipamentos nacionais competitivos e acessíveis ao SUS e a mercados emergentes.
O termo aditivo também estabelece a criação de uma rede nacional de inovação em saúde coordenada pelo CNPEM, com o objetivo de descentralizar a infraestrutura científica hoje concentrada em São Paulo e conectar o Centro a instituições estratégicas de diferentes regiões do país.
O plano prevê o mapeamento de centros de excelência em pelo menos cinco estados, a formalização de três alianças estratégicas, a implantação de uma plataforma integrada de governança e a abertura de pelo menos uma unidade descentralizada até 2027.

