Uma década de insights: revelando a próxima transformação da saúde

Por Felipe Basso

Há dez anos, a Philips decidiu mapear o rumo da saúde global com o Future Health Index (FHI). Desde então, essa pesquisa anual com líderes e profissionais da área da saúde tornou-se um barômetro crucial, ajudando-nos a compreender as mudanças estruturais que moldam nosso setor. Recentemente, decidi relembrar uma década inteira de insights dos nossos relatórios brasileiros e fiquei fascinado ao ver como as coisas mudaram.

Por um lado, a história da saúde brasileira não é mais sobre se os líderes adotam a tecnologia, mas sobre como transformar dados em insights e conectividade em colaboração para oferecer um atendimento melhor a um número maior de pessoas. Vamos analisar as maiores mudanças, os desafios persistentes e quais podem ser as novas prioridades estratégicas para os líderes nos próximos anos.

1. Da infraestrutura digital ao poder de predição, a importância da IA

De longe, a maior mudança que observei na última década foi a discussão em torno das tecnologias digitais. Entre 2017 e 2019, os relatórios FHI mostraram que os líderes brasileiros se concentraram principalmente na implementação de sistemas digitais fundamentais, priorizando o caminho para a interoperabilidade e a adoção de prontuários eletrônicos. Naquela época, o objetivo era construir a infraestrutura digital básica.

O foco agora está na geração de insights. Nossos relatórios mais recentes do FHI mostram que os líderes estão priorizando a aplicação avançada de dados por meio de análises preditivas e, fundamentalmente, inteligência artificial (IA) para abordar questões sistêmicas profundamente enraizadas na área da saúde. O FHI 2025 aborda especificamente a construção da confiança na IA por parte de pacientes e profissionais da saúde, demonstrando uma mudança na forma de pensar: de como coletar dados para como utilizá-los de forma segura e ética no local de atendimento. Essa evolução demonstra um sistema maduro, pronto para usar tecnologia inteligente para superar barreiras tradicionais.

Para onde os líderes irão a partir daqui? Com base nessas percepções, o próximo passo para os líderes brasileiros da área da saúde é investir em inteligência clínica, e não apenas em infraestrutura de TI. Essa é uma medida que irá melhorar os fluxos de trabalho, reduzirá a carga administrativa e transformará dados brutos em insights acionáveis que podem proporcionar um atendimento mais personalizado a milhões de pacientes.

2. Do burnout à inovação: como a tecnologia pode resgatar o ativo mais valioso da saúde – as pessoas

Embora a tecnologia tenha avançado, uma questão sistêmica permaneceu constante: a pressão sobre os profissionais de saúde. O FHI de 2018 destacou que o Brasil tinha alguns dos índices mais baixos de satisfação da equipe em nível global. Os anos seguintes, intensificados pela pandemia, confirmaram que a escassez de mão de obra e o burnout continuam sendo uma crise crítica.

A mudança está na solução: os líderes simplesmente não estão mais tentando recrutar pessoas; eles estão explorando novos modelos de prestação de cuidados que integram atendimento físico e virtual (FHI 2023) e usam a tecnologia para aumentar a eficiência de suas equipes existentes e sobrecarregadas. A tecnologia está sendo reaproveitada como uma ferramenta vital para a retenção da força de trabalho, não apenas para o diagnóstico de pacientes.

Para onde os líderes irão a partir daqui? Daqui para frente, as organizações de saúde do Brasil precisam adotar tecnologias projetadas especificamente para aliviar a carga de trabalho e a fadiga da equipe. Isso significa adotar plataformas de atendimento virtual, implementar ferramentas de automação que simplificam tarefas repetitivas e investir em treinamento contínuo.

3. O grande equalizador: melhorar o acesso à saúde para todos os brasileiros

Por trás de todas as mudanças tecnológicas, a missão fundamental dos profissionais de saúde brasileiros identificada pelo FHI permanece constante: melhorar o acesso à saúde.

Em 2017-2018, o FHI destacou o alto risco de pobreza causado pelo custo dos cuidados de saúde. Isso reflete o desafio contínuo de garantir que cuidados de qualidade sejam acessíveis e econômicos para as diversas populações do Brasil. Embora a saúde digital ofereça soluções para o acesso remoto, a edição FHI 2024 confirmou que os líderes lutam para encontrar maneiras de fornecer cuidados oportunos e de alta qualidade para todas as pessoas e eliminar as persistentes desigualdades na saúde.

A complexidade do sistema de saúde público e privado brasileiro exige que a inovação não seja apenas poderosa, mas universalmente aplicável. A inovação deve estar vinculada ao Quadruple Aim: melhorar a experiência do paciente, melhorar os resultados de saúde, reduzir o custo dos cuidados e melhorar a experiência da equipe.

Para onde os líderes irão a partir daqui? Os líderes estão cada vez mais buscando ir além dos setores organizacionais para participar de mais parcerias público-privadas (como sugerido pela primeira vez pelos líderes no FHI 2017) e modelos de negócios inovadores que ampliem as soluções digitais e de IA de maneira acessível, para que os avanços feitos em São Paulo ou no Rio de Janeiro estejam igualmente disponíveis nas áreas mais remotas, alcançando as comunidades carentes do Brasil.

Estabelecendo as diretrizes para os próximos 10 anos

Ao analisar uma década de insights dos líderes da área da saúde, uma verdade simples se destaca: o sucesso não é medido por uma nova tecnologia ou uma mudança na regulamentação, mas pelo conforto e bem-estar dos pacientes e das pessoas que cuidam deles.

O caminho a seguir requer a participação de todos nós. A transformação não será alcançada de forma isolada, mas por meio de parcerias sólidas e colaborativas que compartilhem a visão de uma nação mais saudável. Ao abraçar essa jornada conjunta, os líderes podem garantir que o progresso da próxima década melhore substancialmente a vida das pessoas que eles atendem. A saúde construída para o povo brasileiro hoje é o legado deixado para o amanhã.


*Felipe Basso é Diretor Geral da Philips América Latina.

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