Metade dos latino-americanos não se sente plenamente saudável
Apenas 53% dos latino-americanos afirmam sentir-se bem física e mentalmente. Enquanto 64% da população dedica tempo a atividades ou pessoas que lhes proporcionam felicidade para tentar alcançar esse equilíbrio, 37% recorrem a comportamentos compensatórios, como comer fora de hora (18%) ou comprar produtos desnecessários (9%), em busca de alívio imediato.
É o que revela o novo relatório “The Health Effect – How Health Choices Are Shaping Consumer Behavior”, produzido pela Worldpanel by Numerator. O material analisa o impacto das escolhas relacionadas à saúde no comportamento de compra da América Latina.
Principais preocupações
As principais preocupações de saúde na região estão ligadas ao controle de peso e ao excesso de açúcar. Entre as classes média e alta, quase metade dos entrevistados (47% e 49%, respectivamente) cita a balança como foco de atenção – índice que chega a 50% entre pessoas de 36 a 55 anos.
Já oito em cada 10 consumidores procuram reduzir a ingestão de açúcar, embora enfrentem barreiras: 28% consideram as versões sem açúcar mais caras e 28% dizem não gostar do sabor. Para serem atrativos, os produtos sem o ingrediente devem ter ativos naturais (46%), sabor semelhante ao original (30%) e informações nutricionais transparentes (24%).

O avanço dos medicamentos injetáveis para emagrecimento também vem influenciando hábitos de compra. Atualmente, 26% dos lares latino-americanos já ouviram falar desses produtos e 11% afirmam utilizar ou considerar o uso. O interesse é maior no Equador (+45% em relação à média regional), no México (+27%) e na América Central (+9%). Após iniciar ou avaliar o uso desses remédios, 59% reduziram o consumo de bebidas açucaradas, 55% diminuíram produtos gordurosos e 51% passaram a evitar alimentos com açúcar.
O estudo ainda destaca categorias em forte expansão por conta desse novo comportamento. No Brasil, as bebidas proteicas prontas para consumo triplicaram a penetração desde 2023, com aumento de 188% em valor e faturamento acima de US$ 50 milhões. No México, por sua vez, a venda de bebidas sem açúcar e voltadas à hidratação cresceu junto à prática regular de atividades físicas, já incorporada por 61% da população.
Diferentes perfis
O levantamento também identifica três perfis de consumidores: os Health Actives são mais engajados com práticas saudáveis, os Health Moderates buscam equilíbrio e os Health Passives apresentam menor envolvimento com as pautas de saudabilidade.
Em 2025, a distribuição entre esses grupos manteve-se relativamente estável, com mudanças sutis de comportamento. Os Actives caíram de 38% para 34%, enquanto os Moderates subiram de 29% para 33%. Os Passives permaneceram em 33%.
“Parte dos consumidores altamente engajados reduziu o ritmo e migrou para um comportamento mais moderado. Ainda assim, dois terços da população continuam demonstrando algum nível de interesse por práticas ou compras relacionadas à saúde”, comenta Kesley Gomes, Diretora da Worldpanel by Numerator.
Juntos, Health Actives e Health Moderates movimentam mais de 140 bilhões de euros por ano em bens de consumo e realizam cerca de dois bilhões de visitas anuais a pontos de venda.
“Os efeitos da busca pela longevidade com saúde e bem-estar estão redefinindo as prioridades dos consumidores na América Latina. Marcas que compreendem essa mudança e oferecem produtos e serviços funcionais, acessíveis e coerentes com os valores do cliente têm tudo para se destacar em um mercado cada vez mais seletivo”, conclui a executiva.
Metodologia
O estudo “The Health Effect – How Health Choices Are Shaping Consumer Behavior”, da Worldpanel by Numerator, é baseado em mais de 15 mil entrevistas realizadas em nove mercados da região. São eles: América Central (Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua e Panamá), Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México e Peru.

