Dia do Médico: mais de 60 anos dedicados à missão de oferecer o melhor diagnóstico para doenças complexas
Por Emílio Granato
Aos 90 anos de idade, para mim, o Dia do Médico, que é celebrado hoje, é um o momento especial de recordar o quanto a profissão evoluiu ao longo das últimas décadas, mas que ainda se mantém como uma atividade profundamente ligada aos pacientes, seja nos consultórios, nos hospitais ou laboratórios.
Minha trajetória na medicina começou em 1961, quando me formei e, dois anos depois, escolhi a Hematologia como meu campo de atuação. Naquela época, o cenário era completamente diferente. Os exames eram essencialmente manuais, um processo que exigia uma precisão artesanal e uma atenção minuciosa aos detalhes. Lembro-me da ausência de programas de residência médica especializados em minha área, o que tornou minha formação intensamente prática. Cada dia era um aprendizado nas bancadas do laboratório, onde cada caso clínico era uma nova lição. O sistema de saúde do Paraná estava em plena evolução, e eu me sentia parte daquela construção.
Meu primeiro contato direto com a Hematologia ocorreu no Hospital de Clínicas, como médico voluntário. Foi um período de descobertas, de um contato direto com a complexidade do sangue e suas doenças. Lá, soube da existência do Laboratório Frischmann, que já tinha uma história consolidada. Atraído pela possibilidade de aprofundar minha atuação, iniciei minha colaboração como prestador de serviços. Como médico autônomo, minha rotina era dedicada à análise. Naqueles dias, o hemograma era o principal exame laboratorial, e tudo era feito à mão. A contagem de células sanguíneas era um ritual que eu dominava: tubos, corantes, lâminas e o microscópio, onde passava horas, analisando célula por célula, para chegar a um diagnóstico preciso.
A evolução tecnológica é, sem dúvida, o aspecto que mais marcou minha carreira. Testemunhei a transição de um tempo em que um único hemograma podia levar até 25 minutos para ser feito, para um presente em que máquinas inteligentes entregam resultados em segundos. Hoje, é notável ver equipamentos com inteligência artificial que leem lâminas de sangue automaticamente.
Além do meu papel técnico no laboratório, tive a oportunidade de contribuir com a formação acadêmica de outras gerações. Por mais de 30 anos, lecionei Hematologia. Essa experiência foi gratificante, pois me permitiu compartilhar o conhecimento prático e as nuances da área com mentes jovens e curiosas. Na sala de aula, meu objetivo era transmitir não apenas a ciência, mas também a paixão e a responsabilidade que essa área exige. Ver meus alunos se tornarem profissionais competentes é uma das maiores satisfações que minha carreira me proporcionou.
Trabalho há 61 anos no mesmo laboratório, onde minha atuação me permitiu observar e participar de diversas fases da história da medicina diagnóstica: a expansão de unidades, o atendimento a hospitais e maternidades, a transformação em um centro de referência e, posteriormente, a integração da marca local a um grande grupo de medicina diagnóstica. Em cada etapa, mantive meu compromisso com a qualidade e, acima de tudo, com o paciente. Acredito que a excelência e a humanidade devem andar sempre juntas.
Mesmo aos 90 anos, a medicina me mantém ativo. Atuei como consultor técnico no Núcleo Técnico-Operacional (NTO) até a pandemia e, hoje, continuo a contribuir com minha experiência. Conto com satisfação que já atendi três gerações de uma mesma família no laboratório. Essa continuidade e a confiança que ela representa, é uma das maiores recompensas que um médico pode receber.
Para as novas gerações de profissionais da saúde, deixo um conselho que reflete o que aprendi em toda a minha vida como médico: “Trabalhamos com seres humanos. É preciso ter empatia, dedicação e comprometimento. O diagnóstico perfeito é o primeiro caminho para a cura.” Essa sempre foi e continua sendo a minha missão.
*Emílio Granato é consultor do laboratório Frischmann Aisengart, da Dasa.