O papel dos Centros de Pesquisa Clínica na interiorização da ciência

Por Andréa de Barros Coscelli Ferraz

A pesquisa clínica no Brasil sempre esteve historicamente concentrada em grandes centros urbanos, como São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. No entanto, essa concentração geográfica limita o acesso da população a inovações em saúde e restringe o potencial científico de regiões fora do eixo tradicional. Nesse cenário, os Centros de Pesquisa Clínica (CPCs) surgem como protagonistas no processo de interiorização da ciência no país.

Interiorizar a ciência significa permitir que o conhecimento, a inovação e as oportunidades de desenvolvimento científico alcancem regiões menos assistidas. A instalação de CPCs em cidades do interior promove exatamente isso: cria polos de excelência em saúde onde antes havia apenas assistência básica e ensino clínico tradicional. O impacto é triplo: científico, social e econômico.

Cientificamente, os centros oferecem estrutura para que universidades regionais e hospitais do interior possam desenvolver e participar de estudos de ponta, contribuindo com dados de populações diversas e realidades distintas, muitas vezes negligenciadas pela ciência global. Isso fortalece a representatividade dos estudos e contribui para a formação de profissionais qualificados localmente.

Do ponto de vista social, esses centros ampliam o acesso da população a tratamentos inovadores e gratuitos, dentro dos protocolos de pesquisa. Pacientes com doenças crônicas ou raras, por exemplo, podem receber acompanhamento médico mais próximo do padrão internacional, o que muitas vezes não seria possível fora da pesquisa clínica.

Economicamente, os CPCs geram empregos qualificados, atraem investimentos da indústria farmacêutica e estimulam o ecossistema de inovação nas regiões onde se instalam. Além disso, reduzem desigualdades ao descentralizar oportunidades que antes estavam restritas às capitais.

É claro que há desafios. A infraestrutura hospitalar e acadêmica muitas vezes precisa ser aprimorada; a capacitação de profissionais é constante e o financiamento sustentável para manter esses centros ativos requer políticas públicas e articulação com o setor privado. Mas os resultados já observados em diversas regiões — como no interior de Minas Gerais, do Ceará ou do Pará — mostram que a estratégia é viável e transformadora.

Vale ressaltar que o mercado brasileiro de ensaios clínicos foi estimado em US$ 316,6 milhões em 2024, com projeção de chegar a US$ 443,5 milhões até 2032, acompanhando uma taxa anual composta de crescimento (CAGR) de 3,9%. Esse aumento significativo nos investimentos demonstra um dinamismo crescente no setor, reforçando a viabilidade de estabelecer Centros de Pesquisa Clínica no interior como estratégia de descentralização científica, acesso equitativo e dinamização econômica regional.

Defender e investir na interiorização da pesquisa clínica é apostar em um Brasil mais justo, onde a ciência serve à população de forma mais equitativa, fortalecendo o Sistema Único de Saúde (SUS) e ampliando as fronteiras do conhecimento nacional.


*Andréa de Barros Coscelli Ferraz é Diretora Nacional de Pesquisa Clínica da Inspirali e professora universitária.

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