Um olhar para a gestão da tecnologia nas jornadas de cuidado
Por Renato Cohen
A transformação digital do universo de saúde já é uma realidade capitaneada por tendências que englobam desde os avanços na telemedicina e nos prontuários eletrônicos até nos dispositivos vestíveis (wearable) que apoiam a medicina preventiva – tudo isso sem falar das diferentes ferramentas tecnológicas que, hoje, fazem parte do dia a dia de médicos e profissionais de saúde.
Nesse contexto de soluções que se comunicam entre si, um monitor que falha, um servidor indisponível ou um sistema de prontuário que sai do ar podem comprometer não apenas a operação de TI, mas a fila de exames de uma clínica ou mesmo o atendimento de um paciente. Esses desafios causam impacto tanto na experiência do paciente quanto danos financeiros para as empresas que precisam cancelar consultas e exames.
Assim, em um universo em que tecnologia e cuidado estão cada vez mais entrelaçados – segundo dados da Grand View Research, nos próximos 5 anos, mais de US$ 946 bilhões vão ser investidos na digitalização da saúde em todo o mundo – a gestão de ativos de TI (conhecido pela sigla ITAM, de IT Asset Management) é fundamental na sustentação das engrenagens que asseguram as jornadas de cuidado dos pacientes.
O desafio é evidente. Hospitais e operadoras de saúde lidam com inúmeros dispositivos, softwares e sistemas críticos interconectados que não só apoiam diretamente equipes médicas em diagnósticos e análises clínicas, mas também armazenam todo um big data de imagens, laudos e dados sensíveis determinantes para o acompanhamento de pacientes e para a interoperabilidade do sistema de saúde nacional.
Assim, garantir a disponibilidade e a rastreabilidade desses ativos é hoje tão estratégico quanto a gestão do capital humano e do corpo médico de uma rede hospitalar.
Com plataformas de ITAM, as equipes de TI ganham visibilidade completa sobre cada ativo: modelo, localização, histórico de uso, responsável atual e status de manutenção. Esse nível de detalhamento permite não apenas identificar rapidamente, dentre outros pontos, a origem de uma falha em uma ferramenta, mas também antecipar substituições antes que um problema comprometa o cuidado aos pacientes.
Ou seja: ao invés de apagar incêndios, os times de TI passam a atuar de forma preditiva, prevenindo riscos e assegurando que a rotina de uma clínica nunca seja afetada por indisponibilidades técnicas.
Os benefícios são múltiplos. A primeira camada é operacional: redução de falhas, agilidade no suporte e maior eficiência no ciclo de manutenção. Em seguida, surgem ganhos regulatórios e de segurança, cruciais em um setor altamente sensível. Ter rastreabilidade completa sobre onde está cada ativo e como ele é utilizado garante conformidade com legislações de proteção de dados como a LGPD, além de fortalecer as políticas de cibersegurança hospitalar.
Mas o impacto mais relevante está na linha de frente: no cuidado ao paciente. Quando um equipamento essencial funciona sem interrupções, quando um prontuário eletrônico está disponível no momento certo, quando um sistema de telemedicina se mantém estável em uma consulta crítica, o resultado é direto na qualidade do atendimento.
No fim das contas, falar da gestão de ativos de TI na saúde é falar de confiança dentro de um novo contexto mais digitalizado, que demanda, consequentemente, novas camadas estratégicas para que uma operação hospitalar funcione com segurança, eficiência e atenção às pessoas.
Saber que cada ativo está disponível, seguro e rastreado; que as equipes médicas terão suporte tecnológico robusto e que, em momentos críticos, a infraestrutura tecnológica está assegurada traz resiliência para os sistemas de saúde como um todo e permitem, sobretudo, que médicos e profissionais se concentrem naquilo que mais importa: o cuidado humanizado da vida de pacientes.
*Renato Cohen é gerente sênior de Solutions Consulting da Zendesk.