Construindo Pontes entre Ciência e Advocacia no Câncer de Pâncreas

Por Felipe Coimbra e Julie Fleshman

O câncer de pâncreas é frequentemente descrito como uma das doenças mais desafiadoras da oncologia moderna. O que o torna tão difícil não é apenas sua biologia agressiva, mas também o silêncio que o envolve. Muitos pacientes ainda são diagnosticados tardiamente, quando as opções de tratamento são limitadas, e inúmeras famílias enfrentam esse diagnóstico sem informações claras ou suporte adequado.

Frente a esse cenário oncológico no Brasil, nunca foi tão imperativo criarmos redes que trabalhem intensamente para melhorar a detecção precoce, fortalecer os sistemas de encaminhamento e educar tanto médicos quanto a população sobre a doença. Esses esforços nascem da prática diária, da responsabilidade que sentimos quando os pacientes chegam tarde demais e da convicção de que podemos e devemos fazer mais para garantir melhores chances.

A Pancreatic Cancer Action Network (PanCAN) e Julie Fleshman, presidente e CEO da instituição, mostraram ao mundo o que os grupos de Advocacy podem alcançar quando são persistentes, visionários e profundamente conectados aos pacientes. O trabalho da PanCAN, que vai desde ampliar a conscientização, impulsionar o perfil genético e molecular, garantir financiamento para pesquisa, até influenciar políticas públicas, deu aos pacientes com câncer de pâncreas uma voz que nunca haviam tido, construindo uma cultura de colaboração, inovação e conexão com diversos setores, refletindo em avanços concretos como o aumento das taxas de sobrevida nos EUA, que saltaram de 4% para 13% nos últimos 20 anos. É um modelo que inspira o Brasil e muitos outros países.

Um exemplo de que o nosso país começa a se abrir para esse movimento, foi o Simpósio “PANCREAS” (Pancreas Research Education and Assistance Symposium), que realizamos em São Paulo, em setembro de 2025, onde esses dois mundos se encontrassem. O diálogo entre ciência médica e advocacia de pacientes não foi teórico, estava vivo na sala. Presenciamos o quanto podemos ser mais fortes quando médicos, pesquisadores, pacientes e defensores compartilham o mesmo espaço, falam abertamente sobre os desafios e buscam juntos por soluções práticas.

A incidência da doença está aumentando no Brasil, seguindo uma tendência mundial. Se quisermos mudar os desfechos, precisamos tornar o câncer de pâncreas visível, garantir diagnósticos mais precoces e ampliar o acesso a informações de qualidade. Por isso, construir pontes entre liderança médica e advocacia já não é uma opção, é uma urgência.

Para o Brasil, o encontro representou oportunidades de conexão que efetivamente podem mudar a forma como a sociedade enxerga o câncer de pâncreas. O que vivenciamos no Congresso “PANCREAS” deixou claro que o progresso depende da união entre expertise médica, advocacia e conscientização pública. O Brasil agora tem a oportunidade de fortalecer essa ponte, trazendo pacientes mais cedo para o tratamento e melhorando a sobrevida. Este é apenas o começo de uma jornada em que conhecimento, compaixão e ação coletiva pode, enfim, mudar a história do câncer de pâncreas no país.


*Felipe Coimbra é líder do Centro de Referência em Tumores do Aparelho Digestivo Alto e Julie Fleshman é presidente da PanCAN e chair da World Pancreatic Cancer Coalition.

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