Nova Era: Visão Preditiva como Fronteira da Gestão Hospitalar

Por Vanessa Moraes

A gestão hospitalar atravessa um processo de transformação acelerada. Se, durante décadas, a rotina foi marcada por atrasos, desperdícios e falhas, o avanço das tecnologias digitais inaugura uma nova etapa: a era da Supply Chain 4.0. O conceito, já aplicado em diferentes setores industriais, ganha força na saúde com a promessa de prever demandas, automatizar processos e garantir níveis inéditos de eficiência e segurança.

As ineficiências do modelo tradicional são conhecidas. Faltas de insumos críticos, estoques excessivos, produtos vencidos e retrabalhos operacionais consomem tempo das equipes, elevam custos invisíveis e comprometem a qualidade assistencial. A incorporação de ferramentas como Inteligência Artificial, Machine Learning, Internet das Coisas, Big Data e Blockchain começa a redesenhar esse cenário, trazendo ao setor de saúde a mesma lógica de inteligência preditiva que já revolucionou cadeias de valor em outros segmentos.

O movimento não se restringe à teoria. A consultoria McKinsey & Company, referência global em estratégia e gestão, aponta que hospitais que implementaram modelos baseados em análise preditiva reduziram em média 35% dos desperdícios financeiros e aumentaram em 50% a eficiência operacional. No mercado internacional, instituições que avançaram para a Supply Chain 4.0 relatam reduções de até 30% nos custos operacionais, ao automatizar processos antes manuais e diminuir falhas humanas. Essas referências globais sinalizam uma tendência clara: a logística hospitalar passa a ser vista não apenas como suporte, mas como eixo estratégico para sustentabilidade financeira e segurança do paciente.

No Brasil, esse movimento começa a se consolidar, embora ainda de forma desigual. A pesquisa TIC Saúde 2024 mostra que 92% dos estabelecimentos de saúde já utilizam sistemas eletrônicos, mas apenas 23% dos profissionais receberam treinamento recente para lidar com essas ferramentas. Em paralelo, um estudo nacional de maturidade digital indica que 50% dos hospitais ainda se encontram no nível inicial, enquanto apenas 26% são considerados líderes digitais. Mesmo assim, o índice médio de maturidade digital no país evoluiu de 44,1% em 2023 para 46,2% em 2024, sinalizando que a transição, embora gradual, está em curso. Nesse contexto, a Supply Chain 4.0 não se limita a ganhos operacionais nesta cadeia: ela representa também a oportunidade de liberar equipes médicas e administrativas de tarefas repetitivas, elevando o foco no cuidado clínico e no relacionamento com o paciente. Essa conexão entre eficiência e humanização é, talvez, o aspecto mais transformador da mudança em curso.

Mais do que uma inovação tecnológica, a nova era da inteligência representa uma mudança de paradigma. A gestão da cadeia de suprimentos passa a ocupar papel estratégico na agenda hospitalar, deixando de ser apenas um processo de apoio para tornar-se decisiva na sustentabilidade do sistema de saúde. A questão que se coloca já não é “se” a transição acontecerá, mas “quando” e em que velocidade cada instituição estará disposta a adotá-la. Ignorar essa tendência significa conviver com ineficiências que o mercado internacional já não tolera. Aderir a ela, por outro lado, é alinhar-se a um futuro mais seguro, sustentável e centrado no paciente.


*Vanessa Moraes é CEO Metica & Sthealth.

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