NAS – novo modelo equilibra custos e saúde nas empresas
Por Henry Shimada
O custo da saúde corporativa tornou-se um dos maiores desafios para as empresas brasileiras. Hoje, os planos de saúde representam entre 12% e 15% da folha de pagamento e seguem crescendo acima da inflação médica ano após ano. Além da pressão financeira, cresce também o número de afastamentos relacionados a doenças crônicas e transtornos de saúde mental, que impactam diretamente a produtividade, o engajamento e a rotatividade dos colaboradores.
Diante desse cenário, surge no Brasil um conceito que já começa a ganhar espaço entre as grandes companhias: o Núcleo de Atenção à Saúde (NAS). Mais do que uma estrutura operacional, o NAS representa uma forma inovadora de integrar cuidado, tecnologia e gestão para enfrentar de maneira estratégica os desafios da saúde corporativa.
O núcleo funciona como um ponto de convergência entre a área de Recursos Humanos e a diretoria financeira. De um lado, oferece suporte ao RH na condução de programas de bem-estar, acompanhamento de casos crônicos, saúde mental, maternidade e prevenção. De outro, entrega ao CFO relatórios e indicadores precisos que permitem acompanhar custos, sinistralidade e resultados das ações de saúde. A lógica é simples: com dados consistentes e acompanhamento próximo, é possível transformar o que antes era apenas um custo crescente em um investimento com retorno mensurável.
Na prática, o NAS atua em três frentes complementares. A primeira é o diagnóstico, mapeando a população da empresa para identificar riscos de saúde, afastamentos recorrentes e grupos de maior vulnerabilidade. A segunda envolve a intervenção, por meio de programas estruturados de acompanhamento, linhas de cuidado específicas e ações preventivas. E a terceira está na inteligência em saúde, com o uso de Business Intelligence para consolidar informações e apoiar a tomada de decisão estratégica.
Os resultados começam a aparecer de forma consistente em empresas que já adotaram esse modelo. A redução do absenteísmo pode chegar a 20%, a sinistralidade dos contratos tende a cair e o engajamento dos colaboradores nos programas de saúde aumenta de forma significativa quando há acompanhamento próximo e comunicação efetiva. Esses números se traduzem em renegociações mais sustentáveis, previsibilidade de custos e, principalmente, em um ambiente de trabalho mais saudável.
Para os profissionais de RH, o NAS representa a chance de reduzir a sobrecarga operacional, muitas vezes consumida pelo controle de atestados, renovações de contratos e gestão de demandas administrativas. Para os CFOs, é uma ferramenta de governança que traz maior clareza sobre um dos benefícios mais onerosos e estratégicos da companhia.
A saúde corporativa, cada vez mais, deixa de ser um tema restrito às áreas de benefícios e passa a ocupar espaço relevante na agenda de executivos e conselhos de administração. Nesse contexto, o Núcleo de Atenção à Saúde surge como uma resposta concreta a dois dilemas centrais das empresas: como equilibrar sustentabilidade financeira e cuidado genuíno com as pessoas.
Mais do que uma tendência, trata-se de uma mudança de paradigma. Se até pouco tempo atrás as empresas apenas arcavam com reajustes elevados sem questionar as causas, agora começam a compreender que é possível agir de forma proativa. O NAS mostra que cuidar da saúde dos colaboradores não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas também de competitividade e visão estratégica.
*Henry Shimada é executivo corporativo na Best Life Consultoria.