Estudo projeta impacto econômico da obesidade infantojuvenil no SUS

O Instituto Desiderata, em parceria com pesquisador Eduardo Nilson, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)/Brasília, avaliou o impacto da obesidade entre crianças e adolescentes no Sistema Único de Saúde (SUS) até 2060. O estudoImpactos da Obesidade Infantojuvenil no Brasil: Projeções de morbimortalidade e custos até 2060, revelou números preocupantes. Se nenhuma medida efetiva for adotada, os custos diretos atribuíveis à obesidade passarão de R$ 83,2 milhões, registrados em 2024 para R$ 115,5 milhões em 2060, totalizando R$3,84 bilhões em 36 anos.

A análise aponta que a distribuição das despesas por faixa etária será de 33,2% entre crianças de 5 a 9 anos; 18,8% de 10 a 14 anos; e 48,1% entre adolescentes de 15 a 19 anos, indicando uma complexidade do manejo da obesidade na faixa etária dos jovens, além do potencial aumento de comorbidades associadas à obesidade em idades mais avançadas.

De acordo com as projeções, a distribuição dos custos será de 94,4% hospitalares, 2,7% não hospitalares, 2,2% com medicamentos e 0,4% em atendimentos ambulatoriais. A predominância de custos hospitalares sinaliza a gravidade dos casos e a necessidade urgente de estratégias preventivas. Intervenções precoces poderiam mitigar complicações severas, reduzir internações e aliviar a sobrecarga nos serviços hospitalares.

Apesar do cenário preocupante, os dados apontam oportunidades. A implementação de políticas públicas eficazes pode reduzir significativamente a obesidade ao longo da vida: Uma redução de 10% na obesidade infantojuvenil, poderia impedir 82% do aumento projetado da obesidade adulta até 2060. Se a redução for de 5%, o impacto seria de 76%, e mesmo uma diminuição de apenas 2% nos casos infantis já resultaria em uma queda de 73% na projeção de adultos com obesidade.

Esse impacto positivo também se refletiria nas contas públicas. A redução de 10% na obesidade infantojuvenil geraria economia de R$ 1,274 bilhão para o SUS, até 2060. Do ponto de vista sanitário, os benefícios vão além da economia financeira. Com uma redução de 10%, seria possível evitar cerca de 70,8 mil mortes e 244,6 mil casos de doenças crônicas associadas à obesidade entre adultos brasileiros. E mesmo diante de uma redução modesta de 2% na obesidade infantojuvenil, evitaríamos cerca de 58,7 mil mortes e 201,9 mil casos de doenças crônicas.

De acordo com o documento, no contexto de desigualdade em que vivemos e diante das práticas das indústrias, ações estatais se mostram mais eficazes do que simples recomendações de mudanças de hábitos individuais. “Precisamos de mecanismos que ajudem a população a fazer escolhas mais saudáveis”, afirma Renata Couto, diretora-executiva do Instituto Desiderata,

Metodologia do estudo Econométrico

Para a realização deste estudo, o pesquisador Eduardo Augusto Fernandes Nilson, da Fiocruz Brasília, explica que utilizou duas abordagens metodológicas para estimar o impacto econômico da obesidade. A primeira examinou os gastos hospitalares entre 2013 e 2022, comparando os custos entre crianças e adolescentes com obesidade e aqueles com peso adequado. Foram avaliadas taxas de internação, causas principais, valores médios e prevalência ajustada a partir de dados do SISVAN. A análise também incluiu projeções de índice de massa corporal (IMC), estimativas do impacto da obesidade em 11 doenças crônicas não transmissíveis, além da modelagem de cenários com diferentes percentuais de redução da obesidade.

A abordagem, agora apresentada, aprofundou-se nos custos adicionais de internações atribuíveis à obesidade, comparando-os com os de pacientes com IMC considerado adequado. O objetivo foi oferecer um panorama detalhado dos impactos econômicos e sanitários decorrentes do excesso de peso na infância e adolescência, explica Nilson. Este estudo é uma segunda etapa do estudo econométrico, encomendado pelo Instituto Desiderata e desenvolvido em parceria com a Fiocruz, que estimou custos da ordem de R$ 225,7 milhões da obesidade infantojuvenil no SUS, entre 2013 e 2022.

Epidemia global

A obesidade infantojuvenil configura-se como uma epidemia global crescente, com efeitos profundos sobre a saúde física, mental e emocional, além de gerar impactos econômicos substanciais. Entre 1974 e 2009, a prevalência de obesidade em crianças de 5 a 9 anos saltou de 2,4% para 14,2%, no Brasil. Dados de 2023 do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN) indicam que 14,3% das crianças nessa faixa etária e 12,6% dos adolescentes entre 10 e 19 anos apresentam obesidade. O Atlas Mundial da Obesidade projeta um crescimento anual de 1,8% nesses índices.

Se as tendências atuais persistirem, o número de brasileiros com obesidade, entre 0 a 79 anos, poderá saltar de 26,7 milhões, em 2024, para 38,6 milhões, em 2060. No grupo infantojuvenil, esse número poderá quase dobrar: de 4,7 milhões para 5,9 milhões de meninos e de 2,8 milhões para 3,8 milhões de meninas.

Investir na prevenção da obesidade e em alimentação saudável e educação nutricional nas escolas e outros ambientes podem não apenas preservar a saúde das novas gerações, mas também garantir a sustentabilidade econômica do SUS.

Damos valor à sua privacidade

Nós e os nossos parceiros armazenamos ou acedemos a informações dos dispositivos, tais como cookies, e processamos dados pessoais, tais como identificadores exclusivos e informações padrão enviadas pelos dispositivos, para as finalidades descritas abaixo. Poderá clicar para consentir o processamento por nossa parte e pela parte dos nossos parceiros para tais finalidades. Em alternativa, poderá clicar para recusar o consentimento, ou aceder a informações mais pormenorizadas e alterar as suas preferências antes de dar consentimento. As suas preferências serão aplicadas apenas a este website.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas. Normalmente, eles só são configurados em resposta a ações levadas a cabo por si e que correspondem a uma solicitação de serviços, tais como definir as suas preferências de privacidade, iniciar sessão ou preencher formulários. Pode configurar o seu navegador para bloquear ou alertá-lo(a) sobre esses cookies, mas algumas partes do website não funcionarão. Estes cookies não armazenam qualquer informação pessoal identificável.

Cookies de desempenho

Estes cookies permitem-nos contar visitas e fontes de tráfego, para que possamos medir e melhorar o desempenho do nosso website. Eles ajudam-nos a saber quais são as páginas mais e menos populares e a ver como os visitantes se movimentam pelo website. Todas as informações recolhidas por estes cookies são agregadas e, por conseguinte, anónimas. Se não permitir estes cookies, não saberemos quando visitou o nosso site.

Cookies de funcionalidade

Estes cookies permitem que o site forneça uma funcionalidade e personalização melhoradas. Podem ser estabelecidos por nós ou por fornecedores externos cujos serviços adicionámos às nossas páginas. Se não permitir estes cookies algumas destas funcionalidades, ou mesmo todas, podem não atuar corretamente.

Cookies de publicidade

Estes cookies podem ser estabelecidos através do nosso site pelos nossos parceiros de publicidade. Podem ser usados por essas empresas para construir um perfil sobre os seus interesses e mostrar-lhe anúncios relevantes em outros websites. Eles não armazenam diretamente informações pessoais, mas são baseados na identificação exclusiva do seu navegador e dispositivo de internet. Se não permitir estes cookies, terá menos publicidade direcionada.

Visite as nossas páginas de Políticas de privacidade e Termos e condições.

Importante: A Medicina S/A usa cookies para personalizar conteúdo e anúncios, para melhorar sua experiência em nosso site. Ao continuar, você aceitará o uso. Veja nossa Política de Privacidade.