Relatório Global aponta que a reabilitação deve estar no centro do cuidado em demência

A reabilitação em demência ajuda pessoas que vivem com a condição a manter a melhor autonomia possível naquilo que é importante para elas, seja se vestir ou caminhar com segurança, por exemplo. Essa é a mensagem central do Relatório Mundial de Alzheimer 2025, da Alzheimer’s Disease International (ADI), com colaboração de entidades de vários países, entre elas a Federação Brasileira das Associações de Alzheimer (Febraz), no âmbito da campanha Setembro Lilás, mês de conscientização sobre Alzheimer.

O documento reúne estudos de caso sobre o potencial positivo das terapias não farmacológicas de reabilitação, reconhecidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela ONU como serviço essencial e direito das pessoas que vivem com demência, mas que seguem pouco incorporadas às rotinas clínicas e às políticas públicas.

Coordenado pela Universidade de Exeter, no Reino Unido, o estudo compreende a reabilitação como uma jornada colaborativa entre a pessoa, a família e a equipe de profissionais, com foco em preservar a autonomia e a participação nas ações cotidianas. O documento destaca que a abordagem deve ser personalizada e desenvolvida em parceria: “fazer com” as pessoas que vivem com demência, e não “fazer por”. Ainda segundo os pesquisadores, o processo começa com uma avaliação abrangente das capacidades cognitivas e funcionais de quem tem o diagnóstico. A partir dela, são definidos objetivos de reabilitação alinhados ao que é importante para a pessoa. Esses objetivos orientam um plano de ação personalizado que deve ser monitorado e atualizado ao longo do tempo, num processo contínuo de apoio.

Reabilitação em demências no Brasil

Entre os estudos de caso que ganharam destaque no relatório, está a iniciativa desenvolvida no Programa de Extensão em Psiquiatria e Psicologia da Pessoa Idosa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) , em Belo Horizonte há 8 anos, que oferece acesso a terapias não medicamentosas com base em práticas colaborativas e de baixo custo, por meio da extensão universitária.

O programa inclui psicoterapia, estimulação cognitiva, grupos para pessoas idosas e familiares cuidadores, além de planos de reabilitação baseados nas habilidades funcionais e no contexto sociocultural de cada indivíduo. O caso clínico bem-sucedido apresentado pela equipe mineira, mostra o impacto de um plano de cuidado com metas específicas para um homem de 77 anos, diagnosticado com Alzheimer em estágio inicial. As intervenções combinaram sessões individuais e em grupo, com estratégias como lembretes visuais, organização do ambiente e simulações de tarefas cotidianas. A esposa, que é a principal cuidadora dele, também participou de encontros quinzenais com foco em bem-estar, na organização da rotina de cuidados e no acesso a recursos comunitários.

Como resultado, houve recuperação de autonomia em tarefas como fazer a barba, varrer a casa e cuidar do quintal, além de maior engajamento em atividades sociais e a retomada da espiritualidade como parte central da rotina. A participação em grupos favoreceu a comunicação e a expressão de emoções. A esposa relata que o estresse foi reduzido a partir do aprendizado de novas estratégias de cuidado.

No Brasil, a Febraz também ressalta o trabalho do Instituto Não Me Esqueças (INME) em Londrina (PR), organização da sociedade civil que há oito anos oferece gratuitamente oficinas de estimulação psicossocial, musicoterapia e apoio à convivência, atendendo hoje 130 famílias. “No Instituto, acompanhamos nitidamente os efeitos positivos de atividades como musicoterapia, oficinas de memória e convivência para quem vive com demência. A ciência confirma aquilo que a prática já mostrava: é possível manter habilidades, ampliar a autonomia e reduzir o estresse, com recursos simples e apoio adequado. O Brasil precisa incorporar a reabilitação como parte rotineira do cuidado, e não como exceção”, afirma Elaine Mateus, presidente da Febraz e uma das fundadoras do INME.

A ADI e a Febraz defendem que a reabilitação seja oferecida rotineiramente no pós-diagnóstico, integrada aos planos nacionais para cuidados em demências, com formação específica das equipes e ferramentas práticas para famílias cuidadoras. Há também um argumento econômico em favor da reabilitação: os custos globais relacionados às demências devem alcançar US$ 2,8 trilhões por ano até 2030. Segundo as entidades, qualificar o cuidado otimiza o uso dos recursos disponíveis.

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