Teleconsultoria do HU-UFSC reduz tempo de espera e fila de avaliação

O Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), apresentou o balanço do primeiro ano da teleconsultoria, referente à agenda Consulta em Pediatria – Programa Saúde na Escola, voltada para crianças de 7 a 11 anos com dificuldades de aprendizagem escolar. A iniciativa, realizada pela equipe multiprofissional do Núcleo Desenvolver, faz parte do Sistema Integrado de Telemedicina e Telessaúde de Santa Catarina (STT/SC).

Teleconsutoria

“A teleconsultoria é um serviço médico digital para a troca de informações e opiniões entre médicos, com ou sem a presença do paciente, para auxílio diagnóstico ou terapêutico, o qual visa aprimorar o manejo do paciente e integrar a atenção básica e especializada”, afirma o médico pediatra João Carlos Xikota, docente no HU-UFSC e responsável pelo projeto.

Segundo ele, o objetivo é aprimorar o manejo do paciente e integrar a atenção básica e especializada. “Em Santa Catarina, a teleconsultoria está consolidada há 20 anos pelo Sistema Integrado de Telemedicina e Telessaúde, e abrange todos os municípios e níveis de atenção à saúde”, completa.

Resultados

De março de 2024 a fevereiro de 2025, o serviço atendeu 269 crianças encaminhadas pela atenção primária por meio do Sistema de Regulação (SISREG). Antes do projeto, a fila para avaliação presencial no HU-UFSC chegava a 900 crianças, com tempo médio de espera de 30 meses e absenteísmo de 40%. Após a implementação da teleconsultoria, a fila caiu para 78 crianças, o tempo de espera reduziu para 6 meses e o absenteísmo para 13,8%.

A teleconsultoria (TC) é realizada de forma assíncrona e permite que o especialista oriente o médico da atenção básica com base em dados clínicos, questionário Strengths and Difficulties Questionnaire (SDQ) e Parecer de Desempenho Escolar (PDE) sobre desempenho e comportamento. A medida tornou-se obrigatória antes do encaminhamento presencial, aumentando a precisão das solicitações e priorizando casos de transtornos do neurodesenvolvimento sensíveis ao tempo de tratamento.

Entre os encaminhamentos, 53,4% das crianças apresentaram queixa de desatenção, 49,2% dificuldade na leitura, 47,6% dificuldade na escrita e 32,5% hiperatividade. O diagnóstico mais frequente foi o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (70%), seguido pelo transtorno do desenvolvimento da fala (28,8%) e transtorno de ansiedade (24,8%).

Inovação

“A TC, prestada de forma assíncrona, configura-se como um serviço inovador que promove o diálogo entre a Atenção Primária à Saúde (APS) e o atendimento especializado. Essa modalidade viabiliza a classificação de risco individual, orienta o manejo clínico na APS e garante a avaliação presencial com equipe multiprofissional, dentro da lógica de assistência à saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). Esse modelo, organizado de maneira regionalizada e hierarquizada, busca assegurar o acesso universal, integral e equânime aos serviços de saúde, alinhado aos princípios da atenção integral, da regionalização e da continuidade do cuidado”, avalia o médico.

Ainda de acordo com Xikota, a mudança no fluxo facilitou e organizou o acesso ao atendimento com a equipe multiprofissional em tempo hábil, e em idade mais precoce, aliado a um diagnóstico preciso, o que impacta positivamente no desenvolvimento de melhores condições de saúde geral, em especial a saúde mental das crianças e de suas famílias. “De modo geral, esse cuidado favorece a melhora da autoestima da criança e o fortalecimento da sua autoconfiança”, avalia.

Impacto

A classificação de risco das crianças que aguardam avaliação na agenda Consulta em Pediatria: Programa Saúde na Escola, conforme feedback da própria Central de Regulação Estadual, tem se mostrado transparente, assertiva e exitosa. A TC tem permitido priorizar os atendimentos de transtornos do neurodesenvolvimento sensíveis ao tempo de início do tratamento clínico, possibilitando, em alguns casos, a instituição de terapias clínicas (psicológica, psicopedagogia, fonoaudiológica, pediátrica) e farmacológicas antes mesmo da consulta presencial, sempre em decisão compartilhada entre os médicos envolvidos.

Além dos benefícios diretos aos pacientes e suas famílias, a iniciativa tem favorecido a qualificação contínua dos profissionais da APS, gerando melhor condução dos casos, com atendimento mais ágil e mais assertivo. “O médico da Atenção Primária conta com orientações técnicas especializadas, as quais compilam pareceres dos diferentes profissionais que compõem a equipe, ratificando a importância da equipe multi para as questões que envolvem dificuldades de aprendizagem”, aponta Xikota. “Observa-se, ainda, um aumento no percentual de crianças consideradas elegíveis, resultado da qualificação dos encaminhamentos, sobretudo por contemplarem informações oriundas da interrelação entre família, escola e saúde”, completa.

Desafios e superação

Ao longo do primeiro ano de implantação da TC, os desafios foram diversos, especialmente pela necessidade de adesão dos municípios ao projeto. Como toda mudança de paradigma, a iniciativa inovadora provocou mudanças que tiraram os profissionais da zona de conforto e atribuiu uma dimensão mais ampla e contextualizada aos encaminhamentos, passando a considerar a família, a escola e a saúde da criança.

Internamente, de acordo com a coordenação do projeto, os principais desafios foram: decidir quais os melhores questionários e escalas de triagem para identificação dos principais transtornos do neurodesenvolvimento a serem utilizados; construir as “calculadoras” para correção e análise dos resultados; organizar os dados clínicos e as informações sobre o desempenho escolar; analisar o conjunto de dados e elaborar o parecer consultivo inicial; além de estruturar um banco de dados — de fácil acesso — para armazenamento das informações recebidas e emitidas, de modo a utilizá-las futuramente durante a consulta presencial.

“Todos esses desafios foram superados graças à participação e colaboração da equipe multiprofissional. A experiência e os instrumentos desenvolvidos poderão ser disponibilizados a outras equipes interessadas em implementar um serviço voltado para este perfil de demanda”, informa o pediatra João Carlos Xikota.

Futuro

Com relação à possibilidade de expansão, o coordenador do projeto afirma que uma alternativa local seria que os municípios da Grande Florianópolis constituíssem equipes multiprofissionais vocacionadas para realizar avaliações, diagnósticos, intervenções e reabilitação de forma descentralizada. “Colocamo-nos à disposição para apoiar a qualificação dessas equipes multiprofissionais, com foco no atendimento de crianças com queixas de dificuldades de aprendizagem, problemas comportamentais e comprometimento da saúde mental. Acreditamos que o melhor espaço para a realização das intervenções e reabilitação seja a Atenção Primária à Saúde (APS), que pode constituir equipe multiprofissional com psicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo e pediatra, estabelecendo ainda parcerias com psiquiatra da infância e adolescência e/ou neurologista pediatra, conforme previsto na Portaria GM/MS nº 635/2023”, diz.

Segundo Xikota, outra possibilidade, em âmbito interestadual e em rede, seria a participação da Equipe Multidisciplinar do Núcleo Desenvolver do HU-UFSC colaborando na formação de novas equipes e apoiando o processo de constituição e funcionamento das equipes multiprofissionais em outros hospitais da Rede Ebserh. “Dessa forma, a atuação se daria de maneira complementar e integrada às equipes da APS, com corresponsabilidade pelo cuidado da população e do território, em articulação intersetorial e com a Rede de Atenção à Saúde (RAS)”, propõe.

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