A combinação que está mudando o jogo na saúde corporativa
Por Luis Gonzalez
Os reajustes dos planos de saúde corporativos seguem como um dos maiores desafios para empresas que precisam conter custos e manter a qualidade da assistência oferecida aos colaboradores. Em 2024, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a sinistralidade média do setor alcançou 83,8%, um patamar elevado que pressiona diretamente a sustentabilidade financeira das operadoras. O impacto aparece no bolso: de acordo com a consultoria Aon, os reajustes médios dos planos corporativos chegaram a 14,1% no ano passado, quase três vezes a inflação oficial do período.
Diante desse cenário, empresas e operadoras buscam soluções inovadoras e sustentáveis. A telemedicina desponta como uma das estratégias mais eficazes, e sua adoção vem sendo potencializada por uma ferramenta poderosa: o plano de medicamentos. Essa combinação não apenas otimiza a gestão de custos, como também incentiva uma mudança cultural no uso dos serviços de saúde.
A matemática é simples: uma ida ao pronto-socorro custa mais de R$ 400; uma consulta presencial varia de R$ 150 a R$ 250; já uma teleconsulta sai por R$ 30 a R$ 60. A economia pode chegar a 78% nos custos diretos de atendimento, segundo levantamento da Mercer Marsh Benefícios.
Mas não basta falar dos benefícios, é preciso criar incentivos reais para que as pessoas migrem para o digital quando for o caso mais adequado. É aqui que o plano de medicamentos faz toda a diferença. Empresas que oferecem medicamentos gratuitos quando prescritos em teleconsulta conseguem ampliar as opções de cuidado disponíveis aos colaboradores.
Se você sabe que pode resolver seu problema sem sair de casa e ainda receber o remédio sem pagar nada, a chance de optar pela teleconsulta aumenta exponencialmente. Esse é o primeiro passo para reduzir custos e melhorar a experiência de cuidado. A ideia não é substituir o atendimento presencial, mas complementá-lo com soluções flexíveis e preventivas. Garantir acesso facilitado a medicamentos é, por si só, uma forma eficaz de evitar que casos simples evoluam para situações que demandem internações.
Falo isso com a experiência de quem ajudou a trazer o conceito de plano de medicamentos para o Brasil. Nos Estados Unidos, os planos de saúde chegam a subsidiar até 80% do custo dos medicamentos prescritos. Aqui, quando comecei a empreender, esse recurso não existia. Sem acesso facilitado a medicamentos, as pessoas interrompiam o tratamento, voltavam a adoecer e sobrecarregavam o sistema com novas consultas e internações.
Apostar na jornada digital na saúde corporativa é muito mais do que cortar custos. É engajar pessoas e melhorar desfechos clínicos. Quando um colaborador consegue falar com um médico por teleconsulta e, de forma simples, já receber seu medicamento sem custo, eliminamos duas das maiores barreiras ao cuidado: tempo e dinheiro.
Isso incentiva o atendimento logo nos primeiros sinais de um problema, evitando agravamentos e, consequentemente, custos muito maiores para a empresa e para o sistema de saúde. O cuidado começa na consulta, mas a experiência precisa ser fluida do início ao fim. Quando conseguimos oferecer essa jornada digital desde o primeiro contato, o impacto sobre engajamento, qualidade e custo do cuidado é positivo.
Com um público mais habituado a soluções digitais, posso afirmar que a combinação de telemedicina e plano de medicamentos se tornará um pilar central da saúde corporativa. Ela une conveniência, eficiência e controle de custos mas, acima de tudo, coloca as pessoas no centro da solução.
*Luis Gonzalez é CEO e cofundador da Vidalink.