Pesquisa clínica: quando ciência e humanidade se encontram
Por Juliana Mauri
A pesquisa clínica, muitas vezes vista apenas como um processo técnico e rigoroso, precisa ser olhada por outra perspectiva: a das pessoas. Por trás de cada protocolo, de cada medicamento testado e de cada aprovação de uma inovação, estão vidas que dependem de avanços para ter mais saúde, dignidade e esperança.
A pandemia de covid-19 foi um exemplo claro do poder transformador da pesquisa clínica. As vacinas, desenvolvidas em tempo recorde, salvaram milhões de vidas em todo o mundo e nos ajudaram a sair de uma das maiores crises sanitárias da história recente. Esse avanço só foi possível porque houve investimento, colaboração internacional e, principalmente, voluntários que aceitaram participar dos estudos.
Outro exemplo é a vacina contra o HPV, que representa uma revolução silenciosa. Embora muitas vezes lembrada apenas como uma vacina “do câncer do colo do útero”, ela vai além: protege também contra tumores de ânus, pênis, vagina, vulva e orofaringe. Ou seja, é uma vacina que salva vidas de fato; um exemplo de como a ciência pode antecipar a prevenção e transformar o futuro de gerações.
No campo da oncologia, a pesquisa clínica nos trouxe as imunoterapias, tratamentos altamente eficazes que mudaram a forma de encarar diversos tipos de câncer. Essas medicações, hoje indispensáveis, só chegaram aos pacientes porque houve ciência, ensaio clínico e, acima de tudo, a confiança de pessoas que se dispuseram a participar de pesquisas.
E não é apenas na oncologia que a pesquisa faz diferença. Novos medicamentos para diabetes, obesidade e outras doenças crônicas vêm oferecendo opções mais eficazes e seguras. Antes, muitos tratamentos traziam efeitos colaterais graves; hoje, a evolução científica permite alternativas mais adequadas, que melhoram a qualidade de vida de quem precisa.
A pesquisa clínica é a ponte que transforma o conhecimento produzido em laboratórios em soluções reais para os pacientes. Mais do que isso: ela abre caminho para uma medicina baseada em evidências, acessível e igualitária. Ao apoiar esse processo, damos a mais pessoas a chance de receber medicamentos inovadores, em um cuidado que seja não apenas tecnológico, mas também digno e humano.
Valorizar a pesquisa clínica é valorizar a vida. Quanto mais apoiarmos esse campo, mais perto estaremos de um futuro em que tratamentos modernos não sejam privilégio de poucos, mas direito de todos
*Juliana Mauri é gerente-executiva de Pesquisa Clínica do Instituto Vencer o Câncer.