Novos tratamentos e avanços no combate ao Alzheimer
A complexidade da doença de Alzheimer representa um dos maiores desafios para a Medicina. Compreender sua progressão, que se desenvolve silenciosamente ao longo de décadas e a diferença entre ela e a demência é o primeiro passo para o entendimento dos sintomas e de quando buscar por acompanhamento médico. Desde 2018, novas medicações buscam atacar as causas subjacentes do Alzheimer, e não apenas seus sintomas. Um marco importante nessa discussão foi a aprovação pela Anvisa do medicamento Donanemabe, que liga as placas de proteína beta-amiloide e ajuda a removê-las, retardando a progressão do comprometimento cognitivo e funcional.
Embora o medicamento não prometa a interrupção do avanço da doença, isso representa uma evolução promissora. Ainda assim, a jornada está longe de terminar. Os resultados a longo prazo dependerão de um esforço conjunto para fortalecer o diagnóstico precoce, a modificação de fatores de risco, a pesquisa contínua por terapias mais seguras e eficazes, e a garantia do acesso equitativo para todos que necessitam.
Existem inúmeras discussões sobre os avanços no tratamento do Alzheimer e a cada novo estudo fica evidente a evolução significativa na compreensão da patologia. A identificação da proteína amilóide como um marcador precoce da doença, mesmo antes do surgimento dos sintomas clínicos, abriu novos caminhos para o diagnóstico e para a intervenção terapêutica.
A condição é o principal tipo de demência no mundo e estima-se que quase 50 milhões de pessoas convivam com a doença; no Brasil, o Alzheimer atinge cerca de 1,2 milhão de pessoas e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano. É fundamental reconhecer que o esquecimento persistente não é uma consequência do envelhecimento, mas sim um sintoma que exige investigação. O subdiagnóstico, em que muitos pacientes atribuem suas dificuldades de memória à idade, priva a oportunidade de intervenções precoces que podem alterar o curso do tratamento. Nosso papel como sociedade é entender que o esquecimento precisa ser investigado. Existe muito avanço, mas ainda há muito a se fazer.
*Wyllians V. Borelli é neurologista do Hospital Moinhos de Vento.