Afya lidera rodada de R$ 8 milhões na Marisa.Care
A Afya, hub de educação e soluções para a prática médica do Brasil, liderou a rodada pre-seed no valor de R$ 8 milhões na Marisa.Care, healthtech mineira que identifica lacunas e otimiza a jornada de cuidado do paciente com uso de inteligência artificial. A startup se junta ao portfólio do Corporate Venture Capital (CVC) da Afya, que já investiu em outras empresas, entre elas Caveo, Lean Saúde e Wellbe, totalizando cerca de R$ 10 milhões em aportes nos últimos dois anos.
Fundada em 2023 pelo médico João Vitor Innecco, a Marisa.Care tem como principal solução uma plataforma que utiliza agentes de IA para tornar a jornada assistencial automatizada e contínua por meio de três verticais interdependentes. Na primeira delas, Agentes de Comunicação automatizam o contato com o paciente por meio de interações por voz e texto, seja numa ligação ou em mensagens do WhatsApp, em linguagem natural e acessível, garantindo engajamento efetivo. Na segunda, Agentes de Evidência Clínica coletam e estruturam dados do paciente, interpretam sintomas, histórico familiar e prescrições, possibilitando a aplicação de critérios validados para identificação de riscos reais. Já a terceira vertical, de Dados, consolida todas as informações geradas pelos outros agentes e permite estruturar, de maneira clara, painéis estratégicos para a gestão de pacientes, desde o primeiro contato até a execução de um tratamento complexo. A plataforma já é adotada por grandes redes privadas e também pelo Sistema Único de Saúde, em São Paulo, com mais de 5 milhões de vidas impactadas.
Com o novo aporte, a Marisa.Care acelera sua consolidação como uma plataforma de orquestração assistencial baseada em inteligência artificial, com foco na expansão pela América Latina, desenvolvimento de novos produtos e integração com hospitais e operadoras.
Efetividade do cuidado médico
A história por trás da Marisa.Care nasceu de uma experiência pessoal. Mesmo vivendo em um ambiente familiar de médicos, uma das avós de João Vitor, a artista plástica Marisa Innecco, teve um câncer de mama diagnosticado tardiamente. O exame chegou a ser solicitado, mas se perdeu por falta de acompanhamento. A experiência evidenciou o que a startup hoje busca resolver: as falhas não clínicas que comprometem a efetividade do cuidado médico.
“Identificamos que 97,6% dos pacientes que passaram pela Marisa.Care tinham riscos em saúde mapeados e precisavam de exames ou ações adicionais. Isso mostra o quanto ainda deixamos de cuidar por falta de sistemas que filtrem, priorizem e orquestrem com base em evidência médica. Não se trata de erro médico, mas de ausência de suporte a decisão e a jornada do paciente”, destaca Innecco.
Além da tecnologia e dos resultados já demonstrados em campo, a startup se diferencia pela robustez de seu conselho consultivo. O conselho da Marisa.Care é presidido por Paulo Chapchap, ex-diretor do Hospital Sírio-Libanês. Também fazem parte Roberto Botelho, presidente da Fundação Adib Jatene; Sérgio Ricardo Santos, ex-CEO da Amil; e Bruno Pinto, co-presidente da rede Hospitales MAC, no México. A presença desses nomes confere à empresa credibilidade institucional e visão estratégica desde a fase inicial.
Além disso, a Marisa.Care integra programas de inovação de destaque, como Microsoft for Startups, NVIDIA Inception, Cubo Health e InterSystems. Em 2024, foi finalista do HackBrazil (Harvard/MIT), reforçando sua projeção internacional.
“Nos próximos anos, a saúde passará por uma transformação profunda, da prescrição ao acompanhamento do paciente, tudo poderá ser mediado por inteligência artificial. Nosso objetivo é que a Marisa.Care se torne a principal força de digitalização assistencial da América Latina, organizando dados, priorizando riscos e apoiando médicos e instituições em decisões mais ágeis e eficazes”, afirma o fundador da healthtech. “Usamos IA para democratizar o acesso à medicina preventiva com precisão.”
“Nosso papel com o CVC é fomentar um ecossistema de inovação que esteja conectado com os desafios estruturais da saúde. Investimos em soluções com impacto prático, capacidade de escala e sinergia com o que acreditamos para o futuro do setor em conjunto com quem tem medicina como vocação”, conclui Luís Blanco, CFO da Afya. “