Área de saúde deve ser prioridade da inovação para população internauta brasileira
A saúde é considerada a principal prioridade para inovação por quase ¾ da população internauta brasileira, superando com ampla margem outras áreas como educação (52%) e segurança (51%). É o que aponta a pesquisa “Percepção e impacto da indústria farmacêutica”, realizada pelo Instituto Ipsos–Ipec a pedido da Interfarma – Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa. A coleta de dados foi realizada online entre os dias 11 e 22 de abril de 2025, em todas as regiões brasileiras, entre as classes A, B e C, com uma amostra total de 2.400 pessoas, com margem de erro de 2 pontos percentuais e nível de confiança de 95%, de acordo com o instituto de pesquisas.
“Esses dados mostram o valor que os brasileiros atribuem para a inovação no setor de saúde e deixam clara a relevância da indústria farmacêutica que investe em pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos. Tratamentos inovadores são desenvolvidos graças ao esforço de cientistas e pesquisadores e vêm revolucionando o tratamento de inúmeras doenças nos últimos anos. As políticas públicas precisam atuar no sentido de estimular a pesquisa e o acesso à inovação em saúde no Brasil”, afirma Renato Porto, presidente-executivo da Interfarma.
Entre os principais achados do estudo está o fato de que cerca de 8 em cada 10 entrevistados concordam que o investimento em pesquisa para desenvolver medicamentos inovadores contribui para o crescimento do Brasil de alguma forma. Aliado a isso, 87% dos entrevistados também concordam que a indústria farmacêutica é extremamente importante no desenvolvimento de novos medicamentos.
Para os entrevistados, as contribuições esperadas em relação à indústria farmacêutica são desenvolver medicamentos inovadores para melhorar a vida dos pacientes (50%), facilitar o acesso a medicamentos (48%) e pesquisar remédios para doenças que hoje não têm cura (44%). Ao serem perguntados quem é o principal responsável por contribuir com o desenvolvimento de novos medicamentos no país, 43% responderam ser o Governo/Ministério da Saúde contra 25% para as universidades e 20% para a indústria farmacêutica. Entre os principais obstáculos para a inovação na área, aparece a falta de investimento público (56%), seguida pela falta de incentivo à pesquisa (43%).
Proteção à inovação
A maioria dos entrevistados (65%) percebe ter havido melhorias em algum nível nas áreas de prevenção e tratamento de doenças nos últimos 30 anos no Brasil. Ainda segundo a pesquisa, 61% dos brasileiros acreditam que um novo medicamento demora cerca de 5 anos ou entre 5 e 10 anos para ser desenvolvido.
“No geral, um medicamento leva cerca de 10 a 15 anos para ser criado, com um custo médio de US$ 2,6 bilhões, segundo dados da IFPMA. Apenas um ou dois compostos de cada 10 mil moléculas investigadas chegam às fases finais de desenvolvimento. O processo envolve profissionais altamente qualificados, equipamento, tecnologia de ponta e um risco muito grande para quem o realiza”, explica.
Nesse contexto, a defesa da Propriedade Intelectual é um dos pontos cruciais na viabilização de investimentos na inovação em saúde. De acordo com a pesquisa, mais da metade dos entrevistados (55%) já tinham ouvido falar e sabiam o que é patente de medicamentos, seguidos por aqueles que nunca haviam ouvido falar (26%), e aqueles que já haviam ouvido falar, mas não sabiam do que se tratava (19%).
“Ainda há muitas dúvidas sobre a importância da Propriedade Intelectual e da proteção patentária. A Interfarma, nesses 35 anos de existência, vem ajudando a esclarecê-la para a população e junto ao poder público, para continuarmos viabilizando a inovação em saúde. O direito de comercializar exclusivamente um medicamento por período determinado, concedido pelo governo a quem desenvolve uma inovação, seja no setor farmacêutico ou em outros setores, faz muito sentido para compensar os recursos empregados e garantir mais investimentos no desenvolvimento de novas moléculas e terapias”.
Acesso aos medicamentos
A pesquisa também explorou a percepção sobre o acesso às novas terapias. O SUS (Sistema Único de Saúde) é visto como a principal forma de acesso a um medicamento inovador para 54% dos entrevistados. Essa opinião é mais expressiva entre:
- aqueles que não possuem plano de saúde (60%);
- e na região Nordeste (61%).
Quando se fala de uma nova vacina, a percepção de que o sistema público é o principal meio de acesso é ainda mais preponderante (74%) – ou seja, 20 pontos percentuais a mais em relação à forma de acesso ao medicamento (54%). Já a compra particular como principal forma de acesso à vacina chega apenas a 19%.
A disponibilidade no SUS ou no Plano de Saúde é o principal motivador para adesão a um tratamento de longa duração para 32% das pessoas, seguida pela indicação de um especialista na área, com 30%. “Isso corrobora a nossa visão de que precisamos atuar em conjunto com o poder público para garantir o acesso do brasileiro aos tratamentos e vacinas, por meio da inserção dessas novas tecnologias no SUS e na Saúde Suplementar”.
Quando perguntados quais as doenças que precisam de mais investimentos em inovação, os entrevistados colocaram o câncer (67%) como prioridade, seguido por transtornos mentais (46%), doenças infecciosas (36%) e doenças cardiovasculares (36%). “O desejo dos brasileiros vai ao encontro dos lançamentos mundiais de medicamentos na última década. A oncologia se destacou como a área mais relevante, com um terço dos lançamentos de novos produtos, o que reflete a intensa pesquisa e desenvolvimento nessa área, seguida pela Neurologia, com 11,2% dos lançamentos, de acordo com dados do IQVIA. Além disso, quando falamos em pesquisa clínica, apenas em 2023, o setor oncológico recebeu investimentos de US$ 109,6 bilhões (R$ 630 bilhões), seguido por neurologia US$ 34 milhões (R$ 196 bilhões)”, conclui o presidente-executivo da Interfarma.