Indústria de tecnologia para saúde projeta crescer acima de 10% no ano
O Termômetro ABIMED, levantamento de tendências para o setor realizado pela Associação Brasileira da Indústria de tecnologia para a Saúde (ABIMED) mantém perspectivas positivas para 2025, mesmo diante de um ambiente econômico e político desafiador. De acordo com o Termômetro ABIMED, referente ao 2º semestre de 2025, 45% das empresas projetam crescimento superior a 10% no ano, sustentado principalmente por decisões estratégicas internas. O resultado vem acompanhado de cautela diante do anúncio de tarifas adicionais de 50% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, que entraram em vigor em agosto. Para 30% das empresas, ainda é cedo para avaliar o impacto da medida; 30% não preveem efeitos relevantes e 20% estimam impactos diretos nas exportações.
A tendência de crescimento para o segundo semestre permanece para 40% dos respondentes apontando para uma expansão superior a dois dígitos, em relação ao primeiro semestre de 2025. O aumento de custos segue no radar para 90% das empresas, impulsionado por inflação, logística e câmbio. Para 65% delas, o aumento foi de até 10% e para 25% a elevação dos custos ficou entre 10 e 20%. Apesar disso, 65% não relatam dificuldades com suprimentos.
Os investimentos para 2025 e 2026 demonstram otimismo em novas linhas de produto — prioridade para 85% das empresas — e estabilidade ou ampliação de recursos destinados a recursos humanos (90%) e estrutura operacional (85%). Em P&D, 37% ampliarão recursos, 32% manterão investimentos e outros 26% não tem planos no momento. Com a reforma tributária no horizonte, 58% pretendem expandir ou incorporar novas linhas de produtos nos próximos três a cinco anos.
Na agenda regulatória, 58% das empresas avaliam que a criação de uma Agência Única de Incorporação traria mais agilidade, enquanto 21% veem redução de barreiras para novas tecnologias. No campo da saúde digital, a inteligência artificial desponta como prioridade: 40% investem em capacitação, 20% no desenvolvimento de produtos e outros 25% aguardam diretrizes regulatórias mais claras.
As práticas ESG seguem no radar: 35% adotam boas práticas, 30% focam em compliance e cadeias responsáveis, e 20% miram energia limpa ou carbono neutro. Apesar das iniciativas para fomentar a industrialização no Brasil, 70% das empresas avaliam que o atual ambiente regulatório e político não favorece a nacionalização da produção ou a expansão industrial no Brasil.
“O setor mostra resiliência e aposta na inovação como motor de crescimento, mas mantém a atenção ao cenário global e às mudanças internas que afetam sua competitividade”, afirma Fernando Silveira Filho, presidente-executivo da ABIMED. “Temos atuado intensamente em pautas estratégicas, como o PL 2583 e a renovação do Convênio ICMS 01/99, além de promover debates sobre saúde digital e inteligência artificial. A combinação de avanços regulatórios e investimentos estratégicos será decisiva para o futuro da indústria.”