Desafios para acessibilidade do diagnóstico de câncer de pele

Por Willian Peter Boelcke

O câncer de pele, o tipo mais incidente no Brasil e no mundo, evidencia uma crise silenciosa no sistema de saúde. Recentemente, a International Agency for Research on Cancer (IARC) revelou que em 2022 mais de 80% dos casos globais de melanoma cutâneo, foram atribuídos à exposição à radiação ultravioleta (RUV). No Brasil, desde 2023, foram registrados 220 mil novos casos dessa neoplasia maligna, o que representa 33% de todas as detecções dessa natureza, resultando em uma morte por hora, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Apesar da alta incidência, a falta de acesso a um diagnóstico precoce e eficiente ainda é significativo. A dermatologia, especialidade essencial para a detecção do câncer de pele, enfrenta listas de espera que podem chegar a três anos, segundo dados do setor de saúde. O atraso aumenta a taxa de mortalidade e eleva exponencialmente os custos do tratamento. Enquanto um paciente no estágio inicial (I ou II) pode ser tratado por cerca de R$1.000,00, casos avançados demandam até R$200.000,00.

O problema é agravado pela crescente incidência em faixas etárias mais jovens, embora a maioria dos casos ainda ocorra em pessoas com mais de 40 anos devido ao acúmulo de danos solares ao longo da vida. Fatores socioeconômicos também desempenham um papel de influência. O acesso desigual à informação, à educação em saúde, a protetores solares e a serviços de rastreamento e diagnóstico precoce leva a piores desfechos para classes sociais menos favorecidas, cujas constatações tendem a ser mais tardias.

Diante desse cenário desafiador, o investimento em tecnologias, como a Inteligência Artificial (IA) e o mapeamento genético, surge como uma luz no fim do túnel. Bigtechs como IBM Watson Health, NVIDIA, Google Health, Microsoft Cloud for Healthcare, Amazon Web Services (AWS) e Apple já estão investindo no desenvolvimento e aplicação da IA para o diagnóstico e acompanhamento de pacientes oncológicos.

Na oncologia, a inteligência computacional oferece um potencial transformador aprimorando significativamente a análise de imagens, na qual algoritmos avançados identificam padrões sutis em exames e lâminas, permitindo a detecção precoce de lesões.

Além disso, a IA acelera o mapeamento genético, analisando vastos volumes de dados para identificar mutações associadas ao câncer, o que auxilia na escolha de tratamentos mais personalizados e eficazes. Por fim, sistemas baseados nessa tecnologia fornecem suporte à decisão clínica, oferecendo aos médicos informações e recomendações fundamentadas em evidências, aprimorando a precisão do diagnóstico e a definição de planos terapêuticos.

No entanto, a acessibilidade de tecnologias de IA para detecção de câncer na população brasileira ainda é limitada, principalmente no sistema público de saúde. Embora haja pesquisas promissoras e o desenvolvimento de ferramentas avançadas por grandes empresas de tecnologia e universidades, essas soluções estão, em sua maioria, em fase de testes, implementação em centros de referência ou disponíveis em hospitais privados e de ponta.

A ampliação do alcance aos exames para identificação e tratamento do câncer de pele envolve um caminho complexo, mas necessário, para garantir que um diagnóstico precoce e acessível se torne uma realidade para todos.


*Willian Peter Boelcke é fundador e CEO da AI Pathology.

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