50º CBAC propõe Política Nacional de Diagnóstico Laboratorial
Mais de 2,5 bilhões de exames laboratoriais são realizados anualmente no Brasil, uma engrenagem silenciosa, porém vital, que sustenta cerca de 70% das decisões médicas no país. Nesse contexto, o 50º Congresso Brasileiro de Análises Clínicas (CBAC), promovido pela Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC), promete ser um marco histórico para o setor. O evento acontece de 15 a 18 de junho de 2025, no Expo D. Pedro, em Campinas (SP), reunindo nomes de destaque da área laboratorial nacional e internacional.
Mais do que apresentar avanços científicos e tecnológicos no diagnóstico, o CBAC 2025 será palco de um debate estratégico: a construção da Política Nacional de Diagnóstico Laboratorial (PNDL). Em articulação com o Ministério da Saúde e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a proposta visa estabelecer diretrizes que assegurem qualidade, acesso e integração dos serviços laboratoriais ao Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente na atenção primária.
Hoje, mais de 95% dos exames realizados para o SUS são executados por laboratórios privados, o que reforça a necessidade de uma política pública estruturante, capaz de garantir segurança assistencial, sustentabilidade e governança técnica. A PNDL abrange análises clínicas, toxicológicas e ambientais, e representa um avanço rumo a um modelo de saúde mais resolutivo, preventivo e equitativo.
“O diagnóstico é o primeiro passo para a cura. Sem exames de qualidade, não há tratamento eficaz, nem uso racional de recursos. A PNDL é um compromisso com a vida e com a saúde pública brasileira”, afirma Maria Elizabeth Menezes, presidente da SBAC.
Destaques da programação: ciência, inovação e saúde pública em pauta
A Palestra Magna do CBAC 2025 será conduzida pela pneumologista e pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcolmo, no dia 17 de junho. Reconhecida nacionalmente por sua atuação durante a pandemia de covid-19, a especialista abordará os desafios sanitários contemporâneos e o papel estratégico do diagnóstico laboratorial na prevenção de futuras pandemias, como a possível disseminação do vírus H5N1.
Presença internacional reforça o valor científico do CBAC 2025
O Congresso contará com a presença do belga Prof. Joris R. Delanghe, da Universidade de Ghent, um dos principais nomes mundiais em diagnóstico laboratorial. Ele trará duas palestras: uma sobre novas tecnologias na análise de urina para detectar precocemente doenças renais e câncer, e outra sobre um marcador promissor para o controle rápido do diabetes, que pode complementar o tradicional exame de hemoglobina glicada.
Outros temas e nomes de destaque incluem:
- Biomarcadores moleculares e medicina personalizada: foco em análises genéticas, marcadores gênicos no diagnóstico e acompanhamento de câncer, uso de RNA em doenças neurodegenerativas e ciências ômicas.
- Doença de Alzheimer: biomarcadores inovadores, fluídos para detecção precoce e estratégias clínicas nas fases pré-clínica e prodrômica.
- Malária e segurança transfusional: triagem de doadores assintomáticos, uso pioneiro da metodologia NAT no Brasil e atual panorama epidemiológico.
- Testosterona e desafios laboratoriais: impacto da suplementação nos exames, variações metodológicas e dúvidas frequentes dos pacientes.
- ISTs em adolescentes e infecções no ciclo gravídico-puerperal: novas realidades epidemiológicas e o papel crítico dos laboratórios no diagnóstico e prevenção.
- Vigilância viral em zonas extremas: da Antártica à detecção do H5N1, com apresentação de dados genômicos inéditos e discussão sobre o conceito de Saúde Única.
- Hemoterapia e controle de qualidade: estratégias modernas de triagem sorológica e molecular em doadores de sangue, segurança transfusional e atuação multiprofissional.
Além dos painéis técnicos, o CBAC 2025 contará com uma ampla feira de inovação laboratorial, com lançamentos em diagnóstico molecular, inteligência artificial aplicada às análises clínicas, automação e controle de qualidade.