“Não existirão mais radiologistas” – uma previsão equivocada
Geoffrey Hinton é uma figura proeminente no campo da inteligência artificial, tendo sido laureado com o Prêmio Nobel de Física de 2024 e com o Prêmio Turing de 2018 – esse último é frequentemente chamado de “Nobel da Computação”.
Apesar de suas qualificações, em 2016, Hinton perdeu uma grande oportunidade de ficar calado, quando disse ser óbvio que num prazo que oscilava entre cinco e dez anos, não existiriam mais radiologistas, pois ferramentas de inteligência artificial, como os algoritmos de aprendizado profundo (deep learning), superariam os humanos na tarefa de interpretar imagens médicas.
Agora, os radiologistas, cujo trabalho vai além de interpretar imagens, são profissionais em falta – segundo a Association of American Medical Colleges, em 2033 faltarão naquele país cerca de 42 mil médicos, inclusive muitos radiologistas.
Ao falar sobre o assunto, o New York Times diz que a inteligência artificial é uma importante arma dos radiologistas, permitindo-lhes atuar muito mais eficientemente, inclusive detectando doenças anos antes do que acontece quando se usa métodos convencionais.
Na Mayo Clinic, segundo o jornal, onde o número de radiologistas aumentou 55% desde quando Hinton fez sua infeliz previsão, o departamento de radiologia cresceu e passou a incluir uma equipe de 40 cientistas de inteligência artificial, pesquisadores, analistas e engenheiros que desenvolveram mais de 250 modelos de inteligência artificial para uso em radiologia, incluindo analisadores de tecidos e preditores de doenças.
A Mayo Clinic Platform, é uma iniciativa da Mayo Clinic focada em saúde digital e à distância, que visa posicionar a instituição como líder global nesses campos, usando inteligência artificial e outros dispositivos. Seu presidente, John Halamka disse que “daqui a cinco anos, será negligência médica não usar inteligência artificial”.
Falando sobre sua infeliz previsão alguns anos depois, Hinton disse que se referira mais especificamente à tarefa de interpretação de imagens, e não à totalidade das responsabilidades de um radiologista.
*Vivaldo José Breternitz é Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, professor e consultor.