IDOR Ciência Pioneira anuncia pesquisadores selecionados para apoio de R$ 7,2 milhões
Uso de modelo de “paciente em chip” para investigar doenças neurodegenerativas da retina, nova geração de exames por meio de sensores quânticos e o papel de proteínas cerebrais na resiliência à doença de Alzheimer. A ciência de fronteira, caracterizada pela ousadia e inovação, está presente nestes e em outros projetos científicos selecionados no primeiro edital nacional do IDOR Ciência Pioneira. A iniciativa filantrópica, voltada a impulsionar a ciência disruptiva no país, anunciou o apoio a 15 jovens pesquisadores com estudos promissores nas áreas das ciências da saúde, biomédicas, e nas suas interfaces com as ciências exatas. O valor total de financiamento é de R$ 7,2 milhões.
Cada cientista selecionado receberá R$ 480 mil em três anos para desenvolver seus projetos. Pesquisadores também poderão usar instalações e equipamentos de laboratórios do IDOR e participar de treinamentos, workshops e eventos para desenvolver suas carreiras e a cooperação com outras pesquisas.
A primeira chamada pública nacional do IDOR Ciência Pioneira é um marco histórico para a iniciativa, que pretende investir R$ 500 milhões, ao longo de dez anos, em projetos de ciência de fronteira no Brasil. O apoio ocorrerá por meio de editais e parcerias com instituições de pesquisa reconhecidas em suas áreas.
Ao todo, foram recebidas 198 propostas de jovens pesquisadores (com até dez anos da obtenção do doutorado) e em fase de consolidação da carreira. A chamada conta com o apoio complementar da FAPERJ (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), aos pesquisadores do Rio de Janeiro.
“Ficamos felizes com a resposta que tivemos ao lançamento deste edital da Ciência Pioneira, não apenas pelo número de propostas recebidas, mas principalmente pela qualidade. Com o apoio de um comitê de especialistas internacionais e nacionais, foram selecionadas 15 propostas inovadoras e audaciosas para financiamento. Esperamos que o apoio da Ciência Pioneira permita que estes jovens cientistas possam desenvolver com a máxima liberdade suas pesquisas, avançando as fronteiras de nossa ciência”, afirmou o diretor científico do IDOR Ciência Pioneira, Sergio Ferreira.
Em evento de anúncio dos resultados, realizado na sede do IDOR do Rio de Janeiro, a diretora científica da FAPERJ, Eliete Bouskela, exaltou o incentivo a pesquisas em ciência de fronteira e a flexibilidade dada pelo edital no uso dos recursos. “É muito importante para o Estado do Rio de Janeiro essa maneira diferente de fazer ciência. De repente nos deparamos com uma ciência executada com grande qualidade e desburocratizada. Precisamos e vamos aprender com a desburocratização do sistema científico. Outro ponto fundamental é apoiar os jovens. A FAPERJ tem o prazer e o dever de apoiar o IDOR Ciência Pioneira”, afirmou.
Entre os selecionados, estão pesquisadores do Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Foram contempladas pesquisas em três grandes áreas que compreendem os eixos de atuação da iniciativa: 1) biologia molecular e celular, 2) física e matemática da biologia e 3) neurociência e cognição.
O pré-requisito mais importante para aprovação de um projeto foi a originalidade e capacidade de transformação dentro de seu campo. Trinta revisores de dez países – Estados Unidos, Alemanha, Austrália, Canadá, Portugal, Chile, Israel, Reino Unido e Argentina, além do Brasil – participaram do processo seletivo.
A maioria dos selecionados atua como professor em diferentes universidades do país. Mychael Lourenço, professor adjunto do Instituto de Bioquímica Médica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi aprovado no edital para aprofundar seus estudos sobre as causas da doença de Alzheimer. Sua hipótese é de que a produção controlada de proteínas no cérebro pode promover resiliência sobre doenças neurodegenerativas.
Cientistas com projetos de pesquisa multidisciplinares também estão entre os selecionados. É o caso da pesquisadora do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Carmem Gilardoni, que alia física quântica aos conceitos de biomedicina em busca de melhorar a precisão e as aplicações clínicas da ressonância magnética.
Além do edital nacional, o IDOR Ciência Pioneira também financia pesquisas por meio de parcerias com universidades e centros de pesquisas de diferentes partes do Brasil e do mundo. Entre as parcerias atuais, estão o Innovative Genomics Institute (EUA), Weizmann Institute of Science (Israel), Usona Institute (EUA), Stanford University (EUA), King’s College London (Inglaterra), Universidade Federal do Rio de Janeiro e Universidade Federal de Minas Gerais (Brasil).