Projeto pioneiro pode baratear tratamento para o câncer mieloma múltiplo

Projeto pioneiro, fomentado pela Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), busca produzir o Carfilzomib, um medicamento quimioterápico vital para tratar o mieloma múltiplo, um tipo de câncer de sangue agressivo que afeta milhares de brasileiros todos os anos. Através da parceria entre pesquisadores da Unidade Embrapii Materiais na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) com a empresa Import Now, filha da UFSCar, está em desenvolvimento uma rota sintética inovadora para produzir o fármaco a partir de métodos mais eficientes e de baixo custo. A expectativa é tornar o processo entre 30% e 50% mais rápido e mais barato.

O tratamento do mieloma múltiplo é caro. Cada frasco de 60 mg do Carfilzomib custa em média R$ 6,5 mil. Em três anos – tempo estimado de tratamento -, o paciente pode gastar mais de R$ 800 mil. A ideia é substituir processos químicos tradicionais por técnicas inovadoras que utilizam novos materiais como catalisadores e suportes sólidos, além de incorporar princípios de sustentabilidade.

O projeto está em fase laboratorial, com testes para escalonamento industrial. A inovação tem como meta reduzir o preço do medicamento e garantir produção nacional, diminuindo a dependência de importações. A conclusão do projeto está prevista para 2026. “Iniciativas deste porte nos enchem de orgulho porque indicam que, com nossa contribuição, o Brasil tem conseguido colocar sua competência científica a favor do fortalecimento da sua capacidade industrial”, destaca o presidente da Embrapii, Alvaro Prata. “Acreditamos que nossos esforços possam contribuir para atingirmos a autossuficiência na produção de medicamentos”, completa.

Ao usar novos materiais e técnicas sustentáveis, o projeto busca tornar o medicamento mais acessível, reduzir os resíduos gerados durante o processo de produção e criar um modelo que possa ser aplicado a outros fármacos, promovendo uma indústria farmacêutica/farmoquímica mais sustentável e independente. “O maior destaque dessa tecnologia está na originalidade do nosso processo. Até o momento, não existe nenhuma metodologia similar reportada na literatura. Nossa rota de síntese permitirá a produção desse importante fármaco em um tempo significativamente menor, com maior pureza bruta a um custo reduzido — tudo isso acompanhando os princípios de sustentabilidade. É uma solução que alia eficiência, economia e responsabilidade ambiental”, ressalta o professor Márcio Weber Paixão, coordenador do projeto na Unidade Embrapii.

Inovação

O Carfilzomib é um medicamento complexo de segunda geração, ou seja, mais avançado e eficaz que os primeiros tratamentos disponíveis para o mieloma múltiplo. No entanto, sua síntese tradicional envolve processos mais longos e onerosos.

A produção da droga utiliza organocatalisadores, fotocatalisadores e outros materiais que aceleram reações químicas sem serem consumidos. No projeto, serão avaliados catalisadores de última geração para tornar as reações mais rápidas e seletivas. Por exemplo, em reações de epoxidação assimétrica — etapa essencial na síntese do Carfilzomib — esses catalisadores podem reduzir desperdícios e evitar o uso de metais no processo produtivo.

Em vez de realizar reações em soluções líquidas, o projeto utiliza um suporte sólido (como pequenas esferas de resina) para “ancorar” as moléculas durante a síntese. Isso permite construir o remédio de forma sequencial, evitando as demoradas etapas individuais de purificação. A técnica reduz o uso de solventes e simplifica a purificação, cortando custos.

Impacto triplo

A solução inovadora pode impactar setores importantes, como economia, sustentabilidade e saúde pública. Segundo o estudo realizado pela Agência Internacional para Pesquisa em Câncer da Organização Mundial da Saúde, de 2020 a 2024, o mieloma múltiplo é o segundo tipo de câncer de sangue mais comum no mundo. No Brasil, 45% dos casos de mieloma múltiplo ocorrem em pessoas acima de 65 anos, grupo prioritário no Sistema Único de Saúde (SUS).

O emprego e reutilização de catalisadores, associados com redução de resíduos tornam o processo até 40% mais barato. A produção local fortalece a indústria nacional e promove acesso rápido, sem importações e mais barato. Os métodos estão alinhados à química verde e evitam a geração de toneladas de resíduos por ano (em escala industrial).

“A substituição da síntese em fase líquida pela síntese em fase sólida, aliada ao uso de catalisadores, pode resultar em uma economia de 30% a 50% em tempo e custos operacionais. Essa redução se deve à menor necessidade de purificações entre os ciclos de acoplamento, à maior automação — que diminui o tempo de trabalho manual —, à menor demanda por solventes e reagentes e à facilidade de escalonamento, especialmente em sistemas automatizados.”, explica, Paixão.

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