Hospitais inteligentes: quais os avanços da IA no Brasil?

Por Paulo Laurentys

A China já está operando hospitais em grande parte digitalizados, nos quais a Inteligência Artificial e a automação substituem, ou minimamente complementam, grande parte das tarefas humanas. Em Pequim, por exemplo, o conceito de “Agentic Hospital” (Hospitais Agentes, em tradução livre) já está em operação e existem outros casos que combinam IA com sensores, robótica e hiperautomação que realizam diagnósticos, triagens e até mesmo suporte cirúrgico de maneira eficiente e segura.

O cenário é muito aderente à condição da China, uma vez que é o segundo país do mundo em termos de maturidade no uso da IA, ficando atrás somente dos Estados Unidos, que reúne as Big Techs.

No Brasil, as operações ainda estão alguns passos atrás na adoção de tecnologias emergentes com o nível de avanço citado acima. De modo geral, poucas são as instituições que já utilizam IA de maneira avançada e com grande alcance, mas o mercado já tem inúmeras iniciativas que podem apoiar a revolução tecnológica na saúde.

Começando pelo administrativo, uma dor comum das instituições de saúde é a glosa no ciclo de receita, ou seja, quando o plano de saúde não paga a conta das despesas hospitalares do paciente. Somente sob este aspecto, numa análise feita em 2023 pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), as empresas do setor deixaram de faturar entre 10% e 12% neste período em função deste descontrole.

Para sanar este problema, é possível usar agentes de Inteligência Artificial e aplicar um processo de governança para coletar, analisar e decidir sobre informações sensíveis dos contratos hospitalares utilizando dados que permeiam esses processos complexos, reduzindo, assim, um dos problemas mais críticos das redes hospitalares, além de buscar mais previsibilidade financeira e eficiência na gestão. Ou seja, um sonho que é totalmente possível.

Quando pensamos em redução de custos operacionais, é possível gerar uma diminuição de até 20%, segundo a Federação Brasileira de Hospitais (FBH). Além do aumento da eficiência administrativa, que envolve também evitar falhas operacionais, a melhoria na experiência do paciente e a otimização do tempo dos profissionais de saúde também são frentes que podem obter excelentes resultados com o avanço da IA.

Entre os processos que podem ser otimizados por meio dessa tecnologia estão análise de prontuários eletrônicos para diagnóstico e tratamento, triagem e agendamento de consultas (incluindo telemedicina), atendimento automatizado via chatbots, monitoramento de anomalias administrativas e assistência a cirurgias com fornecimento de dados em tempo real aos médicos.

No quesito automação, que traz uma discussão sobre o uso excessivo da tecnologia num ambiente de cuidado humano, a chave está em dosar as fortalezas do uso da IA versus as fortalezas humanas. É importante considerar que a automação na saúde está longe de representar um risco de ‘desumanização’ no atendimento. Pelo contrário, trata-se de um recurso poderoso para fortalecer a relação entre médico e paciente.

Ninguém quer ficar numa fila esperando dentro de um hospital, e o médico quer e precisa atender mais pacientes com mais qualidade. Abordagens com fila virtual digital ou mesmo o assistente médico são exemplos de iniciativas de digitalização que já apresentam resultados extraordinários após a adoção da IA.

Indo além, na medicina diagnóstica, o uso dessa tecnologia pode ajudar o médico a tomar melhores decisões ao identificar uma doença em uma imagem, aumentando a capacidade humana e, no final das contas, quem vai ganhar, principalmente, é o paciente. O segredo, portanto, é equilibrar o uso das máquinas com a empatia e o olhar humano que só os profissionais de saúde podem oferecer.

Se ainda não chegamos ao avanço chinês, cabe às instituições olharem de perto as inúmeras possibilidades de adoção da IA para transformar a saúde, pois temos no Brasil milhões de potenciais usuários que poderiam ser beneficiados com essa tecnologia. Há muitos projetos com resultados de sucesso que podem ser replicados para avançarmos nessa pauta.

Cabe ao setor hospitalar e às lideranças empresariais abraçar essa revolução para construir um futuro mais promissor e acessível, que não apenas trará ganhos de eficiência operacional e receitas para os hospitais, mas, principalmente, permitirá salvar mais vidas.


*Paulo Laurentys é COO da A3Data.

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