Acesso a medicamento interfere na sobrevida de mulheres com câncer de mama

Estudo realizado com a participação da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) revela diferenças no tratamento do câncer de mama oferecido no SUS (Sistema Único de Saúde) e pela saúde suplementar, que contempla o atendimento por operadoras e planos privados. Com a atuação de especialistas brasileiros, a pesquisa coordenada pelos mastologistas Marcelo Antonini, membro da Comissão de Tratamento Sistêmico da SBM Regional São Paulo, e André Mattar, também membro da SBM, mostra nos dois sistemas de saúde o impacto do acesso ao trastuzumabe, medicamento essencial para pacientes com câncer de mama HER2+, subtipo particularmente agressivo associado a altas taxas de mortalidade. “O levantamento foi realizado em dois hospitais de São Paulo (SP), um público e outro privado, e indica a importância e a urgência de equipararmos a acessibilidade a esta droga, que combinada com a quimioterapia no tratamento neoadjuvante aumenta a taxa de resposta patológica completa, ou seja, a eliminação total do tumor”, afirma Antonini.

A pesquisa “Disparidades no acesso a terapias anti-HER2 na quimioterapia neoadjuvante: Uma análise prognóstica baseada em dados do mundo real, comparando os sistemas de saúde público e privado do Brasil” foi publicada recentemente na revista médica The Breast. Trata-se do primeiro estudo brasileiro e latino-americano a avaliar resultados de sobrevida em longo prazo de pacientes com câncer de mama HER2+, contrapondo o SUS e a saúde suplementar.

O levantamento realizado entre 2011 e 2020 envolveu 381 pacientes do hospital público Pérola Byington e 78 da instituição privada Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE).

Tanto as pacientes do SUS no Pérola Byington quanto as mulheres atendidas pela saúde suplementar no HSPE foram submetidas à quimioterapia neoadjuvante seguida de cirurgia para câncer de mama HER2+ não metastático. A pesquisa, no entanto, abordou a disparidade de acesso nos dois sistemas de saúde à medicação trastuzumabe, comprovadamente eficaz para este subtipo da doença.

No Brasil, aproximadamente 75% da população depende de tratamento no SUS. O trastuzumabe passou a fazer parte do rol de medicamentos para tratar o câncer de mama HER2+ em julho de 2012 e começou a ser distribuídos em hospitais públicos em janeiro de 2013. Na saúde suplementar, porém, o medicamento está disponível desde 2002.

“No período de análise dos dados, entre 2011 e 2020, apenas 60% das pacientes do SUS foram tratadas com o trastuzumabe. Na saúde suplementar, o acesso foi mais abrangente: 83,4%”, destaca o mastologista Marcelo Antonini.

Na chamada “resposta patológica completa”, os resultados, segundo o especialista da SBM, revelam ainda mais discrepâncias. “A taxa de pacientes que tiveram eliminação total do tumor nas mamas e nas axilas foi maior no setor privado (52,7%) contra 26,4% no SUS”, indica.

Informações a respeito da sobrevida das pacientes no período de cinco anos também foram contempladas no estudo. Enquanto 58% das mulheres do SUS participantes da pesquisa estavam vivam após 60 meses de tratamento, na saúde suplementar o número se elevou a 79%. “Depois de cinco anos, entre as pacientes do setor privado que atingiram resposta patológica completa a sobrevida foi ainda maior: 80%. Na saúde pública, ficou em 61%”, compara Antonini.

Além do trastuzumabe combinado com a quimioterapia, outro medicamento, chamado pertuzumabe, também aprovado para tratamento de câncer de mama HER2+, continua amplamente indisponível no SUS.

Para o mastologista, o estudo tem o mérito de trazer à discussão a necessidade de equiparação do tratamento do SUS com o oferecido pela saúde suplementar. “Queremos, inclusive, alertar para outros subtipos de câncer, como o triplo negativo, para o qual a saúde pública não disponibiliza o acesso ao pembrolizumabe, medicamento importante para a sobrevida das pacientes”, elenca.

De forma ainda mais ampliada, os resultados da pesquisa, segundo Marcelo Antonini, reforçam a importância de aprimorar recursos e políticas públicas para o tratamento do câncer de mama no Brasil. “Defendemos a expansão do acesso a terapias essenciais e o fomento do atendimento multidisciplinar na assistência à saúde pública para melhorar os resultados do câncer de mama no País”, conclui o especialista da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).

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