Avaliação neuropsicológica para o fechamento de diagnósticos
Por Aslan Alves
A avaliação neuropsicológica é um instrumento fundamental para a compreensão do funcionamento do cérebro e das suas implicações no comportamento humano, servindo também como um recurso importante para profissionais de diversas especialidades, que vão além da Saúde e da Educação, seja para diagnosticar ou reforçar um diagnóstico, pois os resultados ajudam a compreender e embasar intervenções mais eficazes.
Entende-se pela avaliação em Neuropsicologia um processo sistemático de investigação das funções cognitivas, comportamentais e emocionais de uma pessoa, por meio de testes padronizados e validados cientificamente. Uma análise completa e aprofundada que tem como objetivo identificar, mapear e compreender as alterações cognitivas ou comportamentais associadas a condições neurológicas, psiquiátricas ou mesmo ao desenvolvimento típico e atípico.
Especialmente entre crianças e adolescentes, o início de ano e de uma nova etapa escolar é sempre uma oportunidade para refletirmos sobre a importância do diagnóstico precoce para transtornos de neurodesenvolvimento, que afetam diretamente o desenvolvimento cognitivo, motor e emocional. Educadores e psicopedagogos se beneficiam das informações fornecidas por esses relatórios para ajustar estratégias de ensino e intervenções individualizadas, alinhadas às necessidades do aluno, promovendo o seu desenvolvimento e o alcance de seu pleno potencial.
Mas além do público infantojuvenil, é importante destacar que a avaliação neuropsicológica traz benefícios para pessoas de todas as idades, analisando além do já citado acima, as funções executivas, como planejamento e tomada de decisões, habilidades visuoespaciais, funções motoras e coordenação, regulação emocional e comportamento.
Para profissionais da Medicina, como neurologistas e psiquiatras, a avaliação neuropsicológica é uma ferramenta fundamental na identificação de diversas condições. Ela auxilia no diagnóstico de transtornos neurodegenerativos, como o Alzheimer, e de transtornos do desenvolvimento, como o TDAH e o TEA. Além disso, é essencial na detecção de sequelas cognitivas resultantes de lesões cerebrais, como aquelas decorrentes de um AVC ou de um traumatismo craniano.
No caso de um AVC isquêmico, por exemplo, é comum que o paciente apresente dificuldades de planejamento e memória após o evento. A avaliação neuropsicológica permite identificar quais funções cognitivas foram comprometidas, proporcionando um diagnóstico mais preciso sobre a extensão do dano cerebral. Com base nesses dados, é possível planejar um processo de reabilitação que foque tanto na compensação dos déficits quanto no fortalecimento das habilidades preservadas, promovendo maior independência funcional e qualidade de vida.
Para psicólogos e psiquiatras, os resultados da avaliação neuropsicológica auxiliam na definição de estratégias terapêuticas, alinhando intervenções como a psicoterapia e o tratamento medicamentoso ao perfil cognitivo e emocional do paciente. Já para terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e fonoaudiólogos, os dados obtidos servem para monitorar o impacto das terapias realizadas, permitindo uma visão mais clara sobre a evolução do paciente ao longo do tempo.
Além do contexto clínico, a avaliação neuropsicológica também desempenha um papel importante no âmbito jurídico, sendo utilizada em perícias para determinar a capacidade civil, avaliar danos cognitivos após acidentes e esclarecer outras questões legais.
Compreender e valorizar essa avaliação é essencial para fortalecer a colaboração interdisciplinar e otimizar os cuidados oferecidos. Esse recurso não apenas amplia o conhecimento sobre o funcionamento cognitivo e comportamental dos pacientes, mas também contribui para uma abordagem mais humanizada e eficaz, com impactos positivos na qualidade de vida e na obtenção de melhores resultados clínicos e educacionais.
*Aslan Alves é psicólogo com pós-graduação em neuropsicologia e especialista no atendimento de crianças com Transtorno do Espectro Autista e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).