Crise climática e saúde: ações para ajudar a reduzir os impactos no setor

A gravidade da crise climática causada por catástrofes ambientais cada vez mais constantes tem despertado uma preocupação em escala mundial. Um exemplo recente foi registrado no Brasil, as enchentes no Rio Grande do Sul causadas por fortes chuvas, em abril, deste ano. As emergências do clima não causam apenas impactos sociais e econômicos, elas também afetam diretamente a saúde da população. E quando se fala em saúde, atualmente, o setor tem uma contribuição significativa na pegada do carbono. Segundo a ONG Health Care Without Harm, organização não governamental que trabalha para transformar os cuidados de saúde em todo o mundo para reduzir sua pegada ambiental, a área de saúde é responsável por 4,4% das emissões de gases do efeito estufa no mundo.

As estatísticas também mostram que a pegada climática global de saúde é equivalente às emissões anuais de gases de efeito estufa de 514 usinas movidas a carvão e comparam que se o setor de saúde fosse um país, seria o quinto maior emissor do planeta. Ainda de acordo com o relatório da ONG internacional, 71% das emissões de saúde são atribuídas à cadeia de suprimentos, como produção, transporte e descarte de bens e serviços.

A preocupação com o assunto não deve ser vista apenas como um alerta, mas como um chamado à ação. É o que propõem os padrões e boas práticas ESG – Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e de Governança). Termo usado para avaliar a sustentabilidade nas empresas.

Neste contexto, a Organização Nacional de Acreditação (ONA) e outras entidades similares vêm desempenhando um papel crucial na promoção da sustentabilidade no setor da saúde através de novas certificações que incentivem práticas ambientalmente sustentáveis nas instituições. A organização destaca que a acreditação pode contribuir para a redução de emissões de gases do efeito estufa, ao incentivar a otimização dos processos assistenciais e a redução da variabilidade clínica. “Ao estabelecer padrões de qualidade e segurança, a acreditação promove a eficiência operacional, o que pode levar à redução do tempo de internação e da realização de exames desnecessários”, explica, a gerente geral de operações da ONA, Gilvane Lolato.

Ela destaca ainda, que a organização tem trabalhado constantemente e incluído critérios ambientais nos padrões de acreditação, através da revisão dos padrões, como gestão de resíduos, consumo de energia e água, e emissões de gases do efeito estufa, dentre outros. A parceria com outras entidades e organizações, como Ministério do Meio Ambiente e associações médicas, para desenvolver ferramentas e recursos que auxiliem as instituições de saúde a implementarem práticas sustentáveis, também tem sido feita. “A ONA também tem investido na promoção de eventos e treinamentos, como workshops e cursos para capacitar profissionais da saúde sobre a importância da sustentabilidade e as melhores práticas para reduzir o impacto ambiental”, acrescenta.

Gestão de dados e redução de desperdícios – A organização vê um papel fundamental para a gestão de dados e a redução de desperdícios na construção de um futuro mais sustentável para a saúde, uma vez que a gestão de dados e a redução de desperdícios são fundamentais para a criação de sistemas de saúde mais resilientes e ambientalmente responsáveis.

“Através da análise de dados, é possível identificar oportunidades de melhoria e implementar ações mais eficazes para reduzir o impacto ambiental. A redução de desperdícios, por sua vez, contribui para a otimização dos recursos e a redução de custos, além de diminuir a geração de resíduos”, explica Gilvane Lolato.

Sustentabilidade na saúde foi destaque na Conferência da ISQua em Instambul: Um documento publicado recentemente, durante a Convenção Anual da ISQua, destaca a importância da sustentabilidade e serve de orientação para as associações acreditadas. De acordo com Gilvane Lolato, se trata de um documento, elaborado pela ISQua em conjunto com o Centro de Sustentabilidade de Genebra e que contou com a participação da ONA.

O documento traz uma reflexão sobre a urgência dos sistemas de saúde resilientes em toda a questão de mudança do clima. “São discutidos alguns pontos como os caminhos práticos para que as associações possam estruturar e colocar em práticas ações para tentar reduzir o impacto ambiental. Também detalha o papel da acreditação e o quanto ela pode ajudar na condução da reorganização interna com ações assertivas. Entre outros pontos principais, comenta ainda educação e defesa das partes sustentáveis “, explicou.

Atualização do Manual Brasileiro de Acreditação ONA

O primeiro Manual Brasileiro de Acreditação da ONA foi lançado em 2001. O documento deve ser atualizado a cada quatro anos, por meio de levantamentos que servem como parâmetro para a organização avaliar se os requisitos e padrões exigidos estão claros para as instituições. Além disso, essas revisões permitem identificar melhorias que podem ser implementadas para auxiliá-las em seu trabalho.

A atualização está em processo de revisão e será apresentada na versão 2026 do manual. Esse trabalho foi baseado em um levantamento realizado a partir da versão de 2022, que incluiu mais de 3 mil avaliações realizadas entre janeiro de 2022 e junho de 2024. A iniciativa contou com a participação das 1.400 organizações acreditadas até aquele período. Durante a pesquisa, aspectos como sustentabilidade, impacto ambiental e mudanças climáticas ganharam destaque no levantamento, incluindo os seguintes pontos:

  • Diretrizes: que refletem o padrão de quanto cada organização de saúde consegue estruturar uma ação com responsabilidade ambiental, focada no impacto que gera. Este tópico também destacou a questão da produção de resíduos e política reversa.
  • Contingências: representam o quanto as organizações de saúde conseguem executar os planos e preparar as pessoas para os impactos ambientais. Neste tópico, outros dados que também dizem respeito a geração de resíduos, ciclo de vida, descarte e reutilização de equipamentos foram avaliados.
  • Social: (Reúne impacto ambiental e responsabilidade social): foram inclusos tópicos como, diversidade e inclusão, direitos humanos, saúde e bem-estar. Já no quesito ambiental: redução e pegada de carbono, redução de reciclagem de resíduos, avaliação de impacto ambiental, entre outros.

Gilvane destacou que após o levantamento elaborado para a revisão do manual três iniciativas já foram adotadas pela ONA com relação ao tema mudança de clima na saúde e estão em fase de implementação juntamente com a revisão, são eles:

  • Reforço da Governança, Social Ambiental e Pessoas na Seção da liderança dos manuais ONA;
  • Promoção de encontros para apresentação de ações e boas práticas entre clientes e acreditados ONA;
  • Recomendação e publicação de recomendações e referência externas a respeito do assunto.

Desafios e soluções na implantação dos padrões de sustentabilidade – A ONA ressalta que a adoção de padrões de sustentabilidade no setor de saúde enfrenta diversos desafios. Entre eles, destaca-se o custo de implementação de medidas sustentáveis, que pode demandar investimentos iniciais significativos, representando um obstáculo para muitas instituições. “A complexidade do setor também é um ponto crítico, já que a área da saúde é altamente diversificada e heterogênea, dificultando a definição de padrões universais. Além disso, a falta de conhecimento é uma barreira importante, pois muitos profissionais de saúde ainda não estão familiarizados com questões ambientais e práticas recomendadas para reduzir o impacto ambiental das instituições”, complementa Gilvane.

Entre os exemplos de medidas a serem adotadas a ONA sugere:

  • Gestão de resíduos: Implementação de programas de coleta seletiva, redução da geração de resíduos e tratamento adequado dos resíduos perigosos.
  • Consumo de energia: Utilização de fontes de energia renovável, otimização do consumo de energia em edifícios e equipamentos, e implementação de sistemas de gestão da energia.
  • Consumo de água: Redução do consumo de água através de medidas como a reutilização da água e a instalação de sistemas de irrigação eficientes.
  • Aquisição sustentável: Priorização de produtos e serviços com menor impacto ambiental na cadeia de suprimentos.
  • Mobilidade sustentável: Incentivo ao uso de transportes públicos e não motorizados pelos colaboradores e pacientes.

Cenário de acreditação no Brasil – Das mais de 380 mil organizações de saúde instaladas no País, segundo CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde), 1932 são acreditadas. Deste total, a ONA é responsável por 72,1% no mercado de acreditação, o que corresponde a mais de 1.500 organizações de saúde acreditadas, dos quais 422 são hospitais. Deste montante, 0,45% das instituições de saúde estão certificadas no Brasil. Considerando que 68,4% (917) são de gestão privada; 22,2% (298) são de gestão pública; 8,3% (111) de gestão filantrópica e 0,1% (gestão militar).

Atualmente, 61% das instituições acreditadas pela ONA estão concentradas na região Sudeste. O Sul é responsável por 12,7%; Nordeste 12,1%; Centro-Oeste, 11,4% e Norte por 2,8%.

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