Como o diabetes atinge homens e mulheres de maneiras diferentes

Por Maria Augusta Bernardini

Nos últimos anos, a ciência médica tem se dedicado cada vez mais a explorar como as diferenças de gênero influenciam o desenvolvimento e o tratamento de doenças. A publicação Influence of Gender in Diabetes Mellitus and Its Complication marca o início de um olhar mais atento também às diferenças biológicas entre homens e mulheres no desenvolvimento do pré-diabetes e do diabetes mellitus, condições que afetam milhões de pessoas em todo o mundo.

E essas diferenças entre os sexos não se limitam à genética, mas incluem também fatores hormonais, metabólicos e fisiológicos. As mulheres, por exemplo, tendem a apresentar um maior índice de massa corporal (IMC) ao longo da vida, o que pode ser atribuído ao impacto dos hormônios sexuais na composição corporal e no metabolismo energético. Além disso, as mulheres têm uma resposta diferente à insulina, frequentemente apresentando menor sensibilidade à insulina em comparação aos homens.

Diferenças biológicas: a influência dos hormônios

Dentre as descobertas recentes mais importantes, está o entendimento de como os hormônios sexuais influenciam a evolução do diabetes em cada gênero. As mulheres, por exemplo, apresentam maior resistência à insulina após as refeições, enquanto os homens tendem a desenvolver níveis mais elevados de glicose em jejum. Isso significa que o monitoramento do diabetes ótimo poderia ser diferenciado entre os sexos, levando em consideração a forma como o corpo processa a glicose ao longo do dia.

Além disso, durante a puberdade, meninas com diabetes mantêm uma função mais forte das células beta pancreáticas, responsáveis pela produção de insulina, do que os meninos. Isso sugere que o estrógeno pode oferecer uma proteção temporária contra o diabetes tipo 1.

Diabetes gestacional: um risco específico para mulheres

Um capítulo importante na relação entre gênero e diabetes é o diabetes gestacional, que afeta mulheres durante a gravidez. Essa condição não só aumenta o risco de complicações para o bebê, como também pode predispor a mãe a desenvolver diabetes tipo 2 mais tarde na vida. Cerca de 70% das mulheres com diabetes gestacional acabam sendo diagnosticadas com diabetes tipo 2 em algum momento de sua vida.

Interessantemente, o sexo do bebê também pode influenciar o risco de diabetes gestacional. Estudos mostram que mulheres grávidas de bebês do sexo masculino têm maior probabilidade de desenvolver essa condição.

Impacto do estresse e da ansiedade

As diferenças de gênero no diabetes não são apenas biológicas. O impacto emocional da doença também varia entre homens e mulheres. Segundo o estudo, as mulheres com diabetes são mais propensas a desenvolver ansiedade e depressão. Isso pode estar relacionado ao papel social de muitas mulheres, que acumulam funções familiares e de trabalho, além do próprio manejo do diabetes.

Pré-diabetes e abordagem personalizada

As diferenças entre homens e mulheres no desenvolvimento do diabetes deixa evidente a necessidade de abordagens personalizadas. As mulheres, por exemplo, podem se beneficiar de um monitoramento mais frequente da glicose após as refeições, enquanto os homens devem ser acompanhados mais de perto quanto aos níveis de glicose em jejum. Da mesma forma, as estratégias de prevenção de complicações cardiovasculares e de suporte psicológico devem ser adaptadas para cada gênero.

O pré-diabetes representa uma fase crucial para intervenções que podem prevenir o desenvolvimento do diabetes tipo 2. Identificar precocemente essa condição permite a implementação de mudanças no estilo de vida e um monitoramento personalizado, alinhado às particularidades hormonais e metabólicas de cada gênero. Detectar o pré-diabetes antes que ele evolua para o diabetes possibilita cuidados mais eficazes e reduz o risco de complicações a longo prazo.

Recentemente, estudos têm mostrado que o pré-diabetes afeta homens e mulheres de maneiras distintas, tanto em prevalência quanto em fatores de risco. Dados dos Estados Unidos indicam que a condição é mais frequente em homens, afetando 41% deles, em comparação com 32% das mulheres. Curiosamente, as mulheres têm maior probabilidade de estar cientes de seu diagnóstico. Além disso, os fatores de risco para o desenvolvimento do pré-diabetes variam entre os gêneros: nos homens, destacam-se obesidade abdominal, dislipidemia, tabagismo e consumo de álcool; enquanto nas mulheres, a hipertensão e a má alimentação aparecem como os principais fatores associados.

Justamente por ser uma doença complexa e multifatorial, as diferenças de gênero desempenham um papel crucial no diagnóstico da diabetes – incluindo tratamento ideal e possíveis complicações. Compreender essas diferenças detalhadamente é fundamental para um cuidado mais eficaz e individualizado. À medida que mais estudos forem realizados, espera-se que o manejo do diabetes se torne cada vez mais específico, considerando as particularidades biológicas e sociais de cada paciente.


*Maria Augusta Bernardini é Diretora Médica da Merck para América Latina e Brasil.

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