88% dos brasileiros confiam na vacinação contra a dengue, mas fake news impactam a imunização efetiva

Uma pesquisa inédita, conduzida pelo instituto Ipsos e encomendada pela biofarmacêutica Takeda, com a colaboração da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), entrevistou 2 mil brasileiros para entender as percepções sobre a dengue, a vacinação em geral e sobre a doença. Em meio a uma epidemia da doença no Brasil neste ano, os resultados mostram que 88% das pessoas veem a vacina contra a dengue como uma medida eficaz de prevenção, mesmo diante da ampla exposição a fake news, especialmente nas redes sociais.

“A pesquisa demonstra que, apesar do aumento da conscientização sobre os riscos da dengue, muitos brasileiros ainda enfrentam barreiras para se vacinar devido ao impacto das fake news, que atingem 41% dos entrevistados relatando o recebimento de informações falsas sobre vacinas em geral pelas redes sociais”, afirma Juliana Siegmann, pesquisadora do Ipsos. “Esse dado ressalta a importância de um acesso qualificado à informação.”

Hesitação causada por desinformação

Apesar do alto índice de confiança nas vacinas, o estudo revelou que a circulação de fake news impacta diretamente as decisões sobre a vacinação em geral:

  • 41% dos participantes relataram ter recebido informações falsas sobre vacinas nas redes sociais.
  • Quase 30% já deixaram de se vacinar ou recomendaram que outros não se vacinassem devido a dúvidas sobre segurança e eficácia.
  • 10% decidiram não se vacinar por causa de informações recebidas online ou de amigos e parentes.
  • 17% não mudaram de opinião, mas ficaram na dúvida por causa das informações recebidas.

Em contrapartida

  • 91% prestam atenção nas campanhas de vacinação.
  • 90% acreditam que as vacinas em geral trazem benefícios.
  • 95% dizem verificar a veracidade das informações sobre vacinas.

Impacto emocional das informações nas redes sociais

A pesquisa também avaliou os sentimentos despertados pelas informações sobre vacinas em geral nas redes sociais:

  • 77% afirmam que as informações trouxeram sentimentos positivos, como confiança (42%), tranquilidade (38%) e otimismo (33%). Além disso, pelo menos metade (50%) ficou interessada no tema.
  • No entanto, 23% sentiram-se negativamente impactados, relatando ansiedade (16%), desconfiança (15%), medo (10%) e confusão (9%).

O presidente da SBI, Alberto Chebabo, analisa que “a alta taxa de confiança na vacina é um passo importante na luta contra a dengue, mas precisamos combater a desinformação que ainda desencoraja uma parcela significativa da população a levar o público elegível para receber a vacina contra a dengue no Sistema Único de Saúde (SUS).”

Principais fontes de informação sobre vacinas e dengue

  • Fontes de recebimento de informação sobre vacinas: TV (59%), redes sociais (49%) e postos de saúde (47%).
  • Plataformas mais buscadas: Instagram (67%), WhatsApp (54%), YouTube (46%) e Facebook (45%).
  • Fake news mais comuns sobre dengue: eficácia da vacina, gravidade da doença, curas milagrosas e informações incorretas sobre formas de contágio.

Conhecimento e atitudes sobre a vacina contra a dengue

  • 64% ouviram falar sobre alguma vacina contra a dengue.
  • 88% acreditam que a vacina contra a dengue é eficaz para prevenir a doença.
  • 43% afirmam ter ouvido informações que os desmotivaram a se vacinar, incluindo alegações de que a vacina foi desenvolvida rapidamente, não é eficaz ou causa efeitos colaterais graves.

“Com 88% dos brasileiros considerando a vacina contra a dengue uma medida preventiva eficaz, vemos avanços na conscientização. No entanto, é essencial fortalecer a confiança para combater a desinformação, que prejudica a adesão à vacinação”, comenta Vivian Lee, diretora médica da Takeda Brasil. Ela analisa que os motivos que desestimulam a vacinação contra a dengue entre os entrevistados da pesquisa estão diretamente relacionados às fake news que circulam sobre o imunizante.

Pais atentos

43% dos participantes da pesquisa são pais com filhos entre 4 e 17 anos. Embora cautelosos, eles têm atitudes mais positivas em relação à vacinação em geral, buscando informações e prestando atenção às campanhas. No entanto, esse grupo está mais exposto a fake news, principalmente em redes sociais e canais pessoais como WhatsApp. “Esses pais reconhecem a importância das vacinas e buscam informações para tomar decisões mais informadas sobre a saúde de seus filhos”, destaca Chebabo, da SBI.

Os céticos da vacinação

A pesquisa revelou que cerca de 10% dos entrevistados são descrentes em relação às vacinas em geral, sendo mais propensos a acreditar em fake news. Mais da metade desse grupo é composto por pessoas acima de 55 anos, com leve predominância masculina e maior presença nas classes CDE.

  • 45% raramente ou nunca são impactados por informações sobre vacinas em geral.
  • Menos propensos a buscar informações ativamente.
  • 56% têm medo em relação às vacinas em geral
  • 47% não acreditam ou têm dúvidas sobre a efetividade da vacinação contra a dengue
  • 19% ouviram que a vacina contra a dengue foi desenvolvida muito rapidamente, o que é uma fake news.

Além disso, 50% desses entrevistados desconhecem a existência da vacina contra a dengue e 53% indicam que não a tomariam, mesmo que gratuita. Embora 77% tenham tido contato com a doença, 27% não consideram a dengue grave ou não sabem.

Conhecimento sobre a dengue

Embora a maioria reconheça a gravidade da doença, a disseminação de fake news, principalmente pelas redes sociais, destaca a importância das campanhas educativas.

  • 9 em cada 10 pessoas consideram a dengue uma doença grave.
  • 76% buscam informações sobre a dengue.
  • 53% lembram de campanhas ou ações nos últimos 12 meses.
  • 39% já tiveram dengue; 85% conhecem alguém que teve.
  • 23% conhecem alguém que já faleceu em consequência da dengue.
  • Redes sociais (27%) e WhatsApp/SMS (21%) lideram a disseminação de fake news.
  • Fake news sobre dengue abordam vacinas (alegações de ineficácia, perigo e efeitos colaterais graves), gravidade da doença (minimização da seriedade da doença); teorias conspiratórias (dengue como invenção); formas de tratamento (curas milagrosas e remédios caseiros ineficazes); informações incorretas sobre formas de contágio; dados confusos relacionados a outras doenças, como a Covid-19.

Para o médico infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o conhecimento sobre a gravidade da dengue é reconhecido pela população, mas a circulação de fake news, especialmente nas redes sociais, representa um desafio significativo para o controle da doença. “Informações falsas sobre vacinas em geral, formas de contágio e tratamentos acabam confundindo as pessoas e dificultando a adesão a medidas preventivas e ao tratamento adequado. Por isso, campanhas educativas consistentes e claras são essenciais para combater esses mitos e reforçar a importância da prevenção e da vacinação contra a dengue,” afirma Kfouri.

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