Quanto tempo você demora para processar uma conta hospitalar?
Por Bruno Lee
O ciclo de faturamento hospitalar é um processo complexo e, quando ineficiente, pode comprometer seriamente a saúde financeira das instituições. O relatório BTG Pactual Quarterly Healthcare Appointment mostrou que, em 2023, o tempo médio que as grandes redes hospitalares no Brasil levaram para receber os pagamentos das operadoras de saúde foi de 112,5 dias — um aumento de 19% em relação a 2018. Esse cenário não só coloca pressão sobre o fluxo de caixa dos hospitais, como também revela a urgência em otimizar o processo de faturamento.
Os atrasos começam na coleta e organização dos dados. Muitas vezes, as contas hospitalares ficam semanas aguardando para serem fechadas, devido a informações incompletas, erros na documentação ou falhas na comunicação entre departamentos. Isso não apenas prolonga o tempo para envio das contas às operadoras, mas também aumenta as chances de glosas. Para se ter uma ideia, segundo balanço do Observatório da ANAHP (Associação Nacional dos Hospitais Privados) em 2024, a média de glosa inicial gerencial, que calcula os valores glosados pelas operadoras de planos de saúde ainda em fase de negociação, foi de 11,89% em 2023 (início da coleta) entre os hospitais associados. Considerando os primeiros trimestres de 2023 e 2024 (último dado fechado), a média de glosa inicial gerencial aumentou de 7,26% no primeiro trimestre de 2023 para 10,76% no primeiro trimestre de 2024.
Outro agravante é a falta de visibilidade sobre o status de cada conta. Sem um sistema eficiente que permita acompanhar em tempo real o andamento de cada etapa do faturamento, o hospital perde tempo e recursos. Em muitas instituições, essa ineficiência gera uma pressão enorme sobre a gestão financeira e impede que os recursos sejam reinvestidos de maneira adequada. A 27ª Pesquisa Anual Global de CEOs da PwC apontou que 41% dos líderes brasileiros não estão confiantes de que suas organizações sobreviverão pelos próximos dez anos, caso a situação atual permaneça inalterada.
A chave para reverter esse cenário está na adoção de processos padronizados e tecnologias que permitam a centralização e automação das operações de faturamento. Ferramentas que organizam e padronizam a documentação necessária, bem como tecnologias que acompanham a conformidade das contas com as regras de cada operadora, são essenciais para reduzir os gargalos. Um faturamento mais ágil e preciso não só reduz o tempo para receber as receitas, mas também diminui drasticamente as taxas de glosas de administrativas.
Ao otimizar o ciclo de faturamento, os hospitais passam a operar com maior previsibilidade financeira, podendo planejar melhor suas despesas e investimentos. Além disso, com um fluxo de caixa mais eficiente, a instituição tem condições de focar no seu objetivo principal: oferecer um cuidado de qualidade e segurança para os pacientes.
*Bruno Lee é diretor de estratégia de produtos da Osigu no Brasil.