Scanner de volume corporal 3D utiliza IA para ajudar a prever o risco da síndrome metabólica
Pesquisadores da Mayo Clinic estão utilizando a inteligência artificial (IA) no scanner de volume corporal 3D avançado – originalmente desenvolvido para a indústria do vestuário – para ajudar os médicos a prever o risco e a gravidade da síndrome metabólica. A combinação de ferramentas oferece aos médicos uma alternativa mais precisa a outras medidas de risco de doença, como o índice de massa corporal (IMC) e a relação cintura-quadril, de acordo com os resultados publicados no European Heart Journal – Digital Health.
A síndrome metabólica pode levar a ataques cardíacos, derrames e outros problemas graves de saúde e afeta mais de um terço da população dos EUA e um quarto das pessoas ao redor do mundo. A condição carece de estratégias de triagem amplamente aceitas. No entanto, pesquisadores descobriram que o uso de um scanner de volume corporal 3D combinado com a tecnologia de imagem e com os algoritmos desenvolvidos pela Mayo Clinic pode ajudar os médicos a oferecer um método mais preciso para identificar pessoas com a síndrome, bem como aqueles em risco de desenvolvê-la.
Os efeitos da síndrome metabólica geram obstáculos para os pacientes. Além de ataque cardíaco e derrame, as pessoas com síndrome metabólica são mais propensas a desenvolverem diabetes, doenças cognitivas e doença hepática. A síndrome metabólica é diagnosticada clinicamente quando pelo menos três destas cinco condições estão presentes: obesidade abdominal, pressão arterial elevada, triglicerídeos elevados, colesterol HDL baixo e açúcar elevado no sangue em jejum.
“Há uma necessidade de se ter uma medida confiável e reproduzível do risco e da gravidade da síndrome metabólica” explica Betsy Medina Inojosa, pesquisadora da Mayo Clinic e primeira autora do estudo. “As medidas do índice de massa corporal e as balanças de bioimpedância que medem a gordura corporal e os músculos são imprecisas para muitas pessoas, e outros tipos de exames não estão largamente disponíveis. Nossa pesquisa mostra que esse modelo de IA também pode ser uma ferramenta para orientar médicos e pacientes a agir e buscar resultados mais adequados à saúde metabólica do paciente.”
Para desenvolver a ferramenta, pesquisadores treinaram e validaram um modelo de IA em 1.280 voluntários que foram submetidos a uma avaliação que incluiu exames de volume corporal 3D, questionários clínicos padronizados, exames de sangue e medições tradicionais da forma do corpo. Outros 133 voluntários tiveram imagens tiradas de frente e de perfil por meio de um aplicativo móvel da Select Research chamado myBVI para testar ainda mais a capacidade da ferramenta de avaliar se eles tinham a síndrome metabólica e, em caso afirmativo, a sua gravidade.
Pessoas com síndrome metabólica geralmente têm corpos em forma de maçã, o que significa que carregam muito do seu peso ao redor do abdômen. O diagnóstico da síndrome metabólica gira em torno de exames laboratoriais, medições da pressão arterial e da forma corporal; contudo, não existem estratégias de triagem de rotina amplamente aceitas porque essas medições nem sempre estão disponíveis ou são reproduzíveis da mesma maneira.
“Este pequeno estudo descobriu que a medição digital do índice de volume corporal de um paciente com imagens 3D fornece uma medição altamente precisa de formas e volumes em regiões críticas onde a gordura visceral não saudável é depositada, como no abdômen e no tórax”, explica Francisco Lopez-Jimenez, diretor de Cardiologia Preventiva na Mayo Clinic em Rochester e autor sênior do estudo. “Os escaneamentos também registram o volume dos quadris, nádegas e pernas – uma medida relacionada à massa muscular e à gordura ‘boa’. As informações em 3D sobre o volume corporal nessas regiões-chave, seja do scanner 3D estacionário ou do aplicativo móvel, identificaram com precisão a presença e a gravidade da síndrome metabólica, utilizando imagens ao invés de testes invasivos. Olhando para o futuro, os próximos passos serão aumentar a amostra de pessoas na pesquisa para incluir mais diversidade.
A Mayo Clinic e os pesquisadores possuem um interesse financeiro na tecnologia citada neste comunicado de imprensa. A Mayo Clinic utilizará qualquer arrecadação que receber para apoiar sua missão sem fins lucrativos no atendimento ao paciente, educação e pesquisa.