O papel crucial da Radiologia na Medicina Baseada em Valor

Por Alan Ramos

A medicina baseada em valor, conceito impulsionado pelo Professor Michael Porter, de Harvard, em colaboração com a Professora Elizabeth O. Teisberg, tem ganhado relevância como uma abordagem essencial para enfrentar os complexos desafios da saúde no Brasil.

O conceito, delineado no livro ‘Redefining Health Care’, dos autores Michael e Elizabeth, propõe uma mudança fundamental na prestação de cuidados de saúde, colocando o foco nos resultados dos pacientes em vez de considerar a quantidade de serviços prestados.

Há, no entanto, grandes desafios para implementar o modelo na prática, considerando a complexidade do setor de saúde no Brasil. A ausência de dados e a falta de interoperabilidade de sistemas são ofensores importantes que fazem com que parte significativa dos planos de saúde, governos, seguradoras e prestadores de serviços de saúde atuem contabilizando e remunerando procedimentos de forma independente, sem considerar o desfecho clínico do paciente e tampouco o resultado esperado.

Nesse contexto, o Programa de Compras Baseadas em Valor Hospitalar (VBP), do inglês ‘Hospital Value-Based Purchasing Program (VBP)’, implementado primeiramente nos Estados Unidos pelo ‘Centers for Medicare & Medicaid Services (CMS)’, uma agência federal responsável por administrar os principais programas de saúde estadunidenses, é um exemplo de iniciativa que pode ser determinante para impulsionar a adoção da medicina baseada em valor, por recompensar hospitais e prestadores de serviços de saúde que demonstram resultados superiores em termos de qualidade e eficiência.

Ao vincular o financiamento à entrega de resultados mensuráveis de saúde, o VBP é uma iniciativa que objetiva alcançar para a saúde a prestação de cuidados de alta qualidade, alinhando os interesses dos prestadores de serviços de saúde com os resultados obtidos no cuidado dos pacientes.

No viés da radiologia, a importância da medicina baseada em valor é especialmente relevante pois, os exames de imagem desempenham um papel central na assistência à saúde, fornecendo informações cruciais para o diagnóstico precoce, tratamento e monitoramento de uma ampla gama de condições médicas.

Os exames de imagem representam uma parcela relevante do custo total de atendimento de um paciente, por isso é fundamental que sejam utilizados adequadamente. À vista disso, se torna muito importante considerar o conceito de ‘Fee-for-value’, que pode ser traduzido como reembolso por taxa de valor pois, pressupõe remunerar os prestadores de serviços de saúde com base nos resultados alcançados e não na quantidade de exames realizados.

O conceito oferece incentivos para que o fornecimento dos diagnósticos seja mais preciso, evitando a solicitação de exames desnecessários. Este modelo auxilia os prestadores de serviços de saúde a usar eficientemente os recursos de imagem, reduzindo custos e melhorando resultados dos pacientes. Adicionalmente, pode reduzir a exposição desnecessária do paciente à radiação em exames de raios-x e tomografia computadorizada.

Ainda que a medicina baseada em valor ofereça uma abordagem inovadora e promissora para a prestação de cuidados de saúde no Brasil, a implementação bem-sucedida é altamente desafiadora pois, requer mudanças estruturantes no setor.

Recentemente o Hospital Alemão Osvaldo Cruz, em sua unidade Vergueiro, adotou um modelo experimental que pode ser considerado um primeiro passo na direção da medicina baseada em valor. Baseado em pacotes e protocolos pré-estabelecidos de custos, o projeto, embora promissor, não se mostrou viável na prática devido à necessidade de altos níveis de integração e compartilhamento de dados com todos os agentes da cadeia da saúde.

Nesse contexto, mesmo que os prestadores de serviços de saúde se adaptem, é necessário que governos, entidades reguladoras, planos de saúde e fontes pagadoras também assumam o compromisso com a transição para modelos mais eficientes, tanto sob a ótica assistencial como financeira, como a medicina baseada em valor.


*Alan Ramos é head de Expansão na FIDI – Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem.

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