A importância da educação de qualidade em saúde

Por Patrícia D’Alessandro

A expansão da educação de ensino superior no país relacionada ao aumento de faculdades/universidades revela um cenário bastante inclusivo, porém delicado, pois pode comprometer a qualidade do ensino oferecido, uma vez que algumas instituições têm foco no volume de alunos e não na formação efetiva de novos profissionais. Por isso, uma educação de qualidade e instituições realmente comprometidas fazem toda a diferença, principalmente no setor da saúde, onde é necessário domínio de técnicas muito específicas, práticas e cuidados vitais.

De acordo com o último Censo de Educação Superior divulgado, existem 2.595 instituições de ensino superior no país. Esse número impressionante, por um lado, reflete a democratização do acesso à educação, mas, por outro, levanta preocupações sobre a qualidade do ensino oferecido. Especialmente no campo da saúde, onde o bem-estar e a vida dos pacientes estão em jogo, é fundamental que os profissionais sejam adequadamente preparados e tenham uma base sólida de conhecimento.

A formação de profissionais de saúde envolve uma combinação de teoria e prática, com ênfase na aplicação de conhecimentos em situações reais. No entanto, muitas instituições se concentram apenas em transmitir informações de maneira superficial, negligenciando a importância do desenvolvimento de habilidades práticas e da compreensão aprofundada dos conceitos. Isso pode levar a profissionais mal preparados, incapazes de lidar com os desafios do mundo real e de oferecer um cuidado de qualidade aos pacientes.

Além disso, a modalidade de ensino a distância (EAD) tem se tornado cada vez mais popular, especialmente após a pandemia de Covid-19. Embora a flexibilidade do EAD possa ser benéfica para muitos estudantes, é preciso ter cautela para garantir que a qualidade do ensino não seja comprometida. A área da saúde, em particular, requer uma interação direta entre professores e alunos, bem como a prática em laboratórios e estágios clínicos. A falta dessas oportunidades pode resultar em lacunas de conhecimento e na falta de habilidades práticas, prejudicando a formação dos futuros profissionais.

Uma educação de qualidade em saúde não se limita apenas ao conteúdo curricular, mas também envolve o compromisso da instituição em fornecer recursos adequados, como laboratórios bem equipados, bibliotecas atualizadas e corpo docente qualificado, com destaque para aquelas que oferecem também, campo de estágio. Infelizmente, muitas instituições priorizam a quantidade de alunos matriculados em detrimento da qualidade do ensino, sobrecarregando os professores e comprometendo a aprendizagem dos estudantes.

Além disso, a formação em saúde deve estar em constante atualização, devido aos avanços científicos e tecnológicos que ocorrem em ritmo acelerado. Portanto, é essencial que as instituições incentivem a pesquisa e a participação dos alunos em eventos científicos, promovendo uma mentalidade de aprendizado contínuo e aprimoramento profissional.

A qualidade do ensino em saúde é um fator importante para a segurança e o bem-estar dos pacientes. Profissionais mal preparados agravam o risco de erros no processo assistencial e podem comprometer a confiança no sistema de saúde como um todo. Portanto, é fundamental que os órgãos reguladores, como o Ministério da Educação e o Conselho Nacional de Educação, atuem de forma rigorosa na avaliação e no monitoramento das instituições de ensino, garantindo que elas cumpram os critérios de qualidade estabelecidos.

Além disso, os próprios estudantes têm um papel importante na busca por uma educação de qualidade. Antes de escolher uma instituição, é essencial realizar uma pesquisa criteriosa, levando em consideração não apenas a reputação da faculdade ou universidade, mas também a qualidade do corpo docente, a infraestrutura disponível e as oportunidades de prática clínica. Os alunos também devem se envolver ativamente em associações estudantis e movimentos acadêmicos, buscando melhorias na qualidade do ensino e na estrutura curricular.

Em suma, a expansão do ensino superior no Brasil trouxe benefícios significativos em termos de acesso à educação. No entanto, é fundamental que a qualidade do ensino não seja negligenciada, especialmente no campo da saúde. Instituições comprometidas com a excelência educacional e a formação de profissionais competentes são essenciais para garantir um cuidado de qualidade aos pacientes e elevar o padrão do sistema de saúde como um todo. A educação é a base para um futuro melhor, e investir em sua qualidade é um investimento no bem-estar de toda a sociedade.


*Patrícia D’Alessandro é diretora de marketing da FASIG.

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