A otimização da teleconsulta com o emprego da Inteligência Artificial
Por Wellington Ávila
O advento das novas tecnologias das informações digitais vem proporcionando aos setores diversos benefícios no que tange às questões de qualificação profissional, desenvolvimento corporativo, otimização de processos, entre outras variadas vantagens proporcionadas na atual conjuntura.
No setor da saúde as contribuições proporcionadas pela área vem sendo destaque devido a qualidade de excelência gerada em diversos procedimentos médicos oriundos de equipamentos de última geração unidos ao conhecimento e qualificação dos profissionais da saúde de maneira geral.
O modelo responsável pela integração da Tecnologia da Informação (TI) com a manufatura de serviços no setor da saúde é chamado de Saúde 4.0, ou até mesmo Saúde Digital, sendo também conhecido em inglês como Health 4.0 mesmo em território brasileiro.
Diante do supracitado é essencial e de grande importância que os gestores da saúde compreendam os benefícios que a TI pode proporcionar para as unidades de saúde, bem como seus profissionais em suas rotinas.
Na atual conjuntura as principais tecnologias da informação aplicadas a saúde que mais se destacam em seu campo do conhecimento são: a Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial (IA), Big Data e Robótica. A IA vem se destacando no que se refere a forma com que as organizações de saúde gerenciam os seus processos de maneira a permitir o planejamento estratégico ocasionando em tomada de decisões mais assertivas, beneficiando equipes e pacientes.
No âmbito da Saúde 4.0 a Organização Mundial da Saúde (OMS) compreende como principais objetivos o auxílio na elaboração de políticas públicas na saúde, segurança organizacional com ética e compliance em seus procedimentos, otimização dos procedimentos executados por profissionais da área visando a garantia de qualidade do cuidado dos pacientes e o estabelecimento do bem-estar da sociedade e melhorias na saúde, sendo possível através de fatores que envolvam a acessibilidade aos serviços, sendo eles presenciais ou digitais.
Na medicina, de acordo com a IBM, a IA trata-se de uma tecnologia que segue um padrão em conformidade com a rede neural cerebral usando diversas camadas de informações que incluem algoritmos, padrões correspondentes, regras, deep learning, computação cognitiva e ciência de dados.
O impacto na sociedade oriundo dos recursos tecnológicos não se trata de nada do mundo moderno e muito menos do inserido em uma era digital, mas sim inúmeras transformações realizadas no século XVIII, período da revolução industrial, logo, desde lá diversas evoluções nas questões de tratamento dos pacientes hoje fazem parte da realidade dos avanços na saúde.
Atualmente o setor no Brasil passa por momentos desafiadores pertinentes à implantação da Saúde 4.0, sendo uma busca constante pela oferta de acessibilidade à saúde para todo país, que ocupa a quinta posição mundial em tamanho territorial, em torno de 8.510.000 km². Hoje a maioria dos atendimentos médicos presenciais são realizados nos centros urbanos, com destaque nas regiões Sul e Sudeste brasileiro.
Neste sentido, o emprego da tecnologia atende o setor como uma única maneira de proporcionar atendimento à população sem demandar muito tempo na elaboração de projetos de construções civis, evitando também o aluguel de transportes que aumentam o custo além do enfrentamento de problemas relacionados a locomoção urbana ocasionando atrasos, entre outras soluções que vem se destacando com o emprego da AI para muitos pacientes.
Um atendimento médico presencial pode chegar até 40 minutos dependendo da complexidade do caso, sendo que para a mesma complexidade a teleconsulta pode variar de 5 a 30 minutos no máximo.
No Brasil, poucos hospitais são equipados com tecnologias permitindo o uso da IA em suas atividades de rotinas, estando entre elas os recursos essenciais para o bom andamento das atividades médicas como o prontuário eletrônico do paciente (PEP), sistema laboratoriais integrados com clínicas de exames de imagens, prescrições de exames informatizados, disponibilização digital de resultados de exames, uso de imagens digitais, integração entre os departamentos hospitalares, ferramentas de Big Data e BI para tomada de decisão e a construção paciente digital.
Segundo o levantamento realizado pelo Ministério da Saúde o maior índice de morte no Brasil é devido ao Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), sendo o responsável por 300 mil a 400 mil casos por ano, levando a óbito pelo menos cerca de 30% desses. Diante do supracitado, faz-se necessário a agilidade e precisão por meios de recursos tecnológicos oriundos da IA visando a melhor atuação clínica ao paciente no que tange às tomadas de decisões do profissional de saúde pertinente às questões cardiovasculares.
A inteligência artificial permite a geração de resposta ao paciente mais rápida, sendo ela uma forte aliada às teleconsultas de atenção básicas síncronas e assíncronas, podendo o paciente ser atendido em um período de tempo mais curto e com a mesma atenção e qualidade. O emprego da IA nas teleconsultas possibilita que o profissional da saúde tenha auxílio de artigos científicos e com informações de alto nível de confiabilidade retornando à necessidade em 15 minutos.
Contudo os executivos e gestores da saúde precisam acompanhar a evolução do mercado da tecnologia da saúde com ênfase na Inteligência Artificial, além da iniciativa da formação de grupos de discussões abordando a temática envolvendo as principais tendências de novas soluções baseadas em cases de sucesso de organizações hospitalares nacionais e internacionais. A participação do corpo operacional e executivo da instituição em eventos científicos é de suma importância e pode possibilitar alianças no que tange a troca de ideias práticas por meio de conexões entre instituições e profissionais.
*Wellington Ávila é Consultor em Governança Corporativa de Tecnologia da Informação e Cybersecurity, pesquisador Sênior do DCiber, Professor Universitário e Membro da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde – SBIS.