Pesquisa clínica apresenta eficácia de 100% da crioablação no combate ao câncer de mama em estágio inicial
Os casos de câncer de mama não param de crescer e as estimativas para os próximos anos não são otimistas. No Brasil, estão previstos cerca de 70 mil novos diagnósticos por ano, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Depois do tumor de pele não melanoma, o mais incidente no país é o de mama feminina. Para ajudar as mulheres a se recuperarem rapidamente e melhor, especialistas buscam formas cada vez menos invasivas e mais assertivas de combater a doença, como a crioablação.
Um estudo multicêntrico realizado por hospitais na cidade de São Paulo, entre eles o Hcor, que contou com a participação de mais de 40 mulheres, mostrou que o procedimento foi 100% eficaz na eliminação do câncer de mama em estágios iniciais. “Atualmente, conseguimos diagnosticar tumores muito pequenos e precisamos desenvolver as técnicas para tratá-los na mesma proporção. Desta forma, a crioablação se apresenta como uma alternativa promissora às cirurgias convencionais para eliminar tumores de até dois centímetros”, revela Afonso Nazário, mastologista do Hcor.
A vantagem dessa técnica é que ela é minimamente invasiva, o que oferece menos riscos, permite que seja realizada em ambiente ambulatorial e requer apenas anestesia local. “O procedimento envolve a aplicação de ciclos alternados de congelamento e descongelamento em tecido neoplásico utilizando criosondas, popularmente conhecidas como ‘agulhas’. Essas criosondas alcançam temperaturas extremamente baixas, variando de -40°C a -160°C, resultando na destruição e morte das células cancerígenas”, explica Vanessa Sanvido, mastologista do Hcor.
Com o procedimento, é formada uma “bola de gelo” na mama, que envolve as células necrosadas do tumor e as da margem de segurança em torno dele. A destruição total leva cerca de 15 dias. “Após a crioablação, seguimos com o tratamento que seria feito normalmente para aquele câncer, o que pode incluir radioterapia e até mesmo a quimioterapia”, completa a médica. Na pesquisa clínica em andamento, por questão de segurança, são realizados procedimentos complementares.
Depois da crioablação, as pacientes fazem uma ressonância magnética para verificar se ainda há células malignas. Após algumas semanas, são submetidas à cirurgia com a retirada da região onde se localizava o tumor para confirmar a eficácia da crioablação. “O objetivo é analisar se a crioablação é eficaz na destruição do tumor e se os resultados dos exames de imagem conseguem prever quando o tumor é totalmente destruído. Assim sendo, a cirurgia poderia ser descartada em casos de câncer de mama inicial de até dois centímetros, como já acontece em alguns países”, conta Nazário.