Os avanços no uso de cannabis medicinal no Brasil
Por André Chiga
É crescente o debate sobre o uso da cannabis medicinal para o tratamento de diversos problemas de saúde, no Brasil e no mundo. Por aqui, o Canabidiol, ou CDB, que é uma substância natural extraída da planta cannabis sativa, foi liberado pela Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, em 2015, quando foi regulamentado o uso medicinal de medicamentos à base de cannabis.
São praticamente 10 anos de pesquisas, descobertas e muita informação para que o preconceito seja minimizado.
A Anvisa desempenhou um papel fundamental na regulamentação desse tipo de tratamento, reconhecendo os benefícios terapêuticos da planta e permitindo seu uso sob certas condições.
O benefício da CDB está comprovado no tratamento de variadas doenças e síndromes. A ansiedade, chamada de mal do século, assim como a depressão e a Síndrome de Burnout e a insônia; câncer, HIV, endometriose, nos tratamentos odontológicos, para pessoas com autismo, apenas para citar algumas.
O óleo pode oferecer alívio para a dor. O cannabis medicinal tem propriedades analgésicas que podem ajudar a aliviar dores crônicas, como as associadas à artrite, esclerose múltipla e fibromialgia. Os compostos presentes na planta interagem com os receptores de dor no corpo, proporcionando alívio aos pacientes.
Outra comprovação é com relação ao controle de convulsões: o CDB tem mostrado resultados no tratamento de condições neurológicas, como a epilepsia. Alguns estudos demonstraram que certas formas de cannabis podem reduzir a frequência e a intensidade das convulsões em pacientes que não respondem aos tratamentos convencionais.
Pacientes em tratamento de câncer ou que sofrem com doenças crônicas podem experimentar náuseas e perda de apetite. O cannabis medicinal pode ajudar a aliviar esses sintomas, melhorando a qualidade de vida e o bem-estar geral.
Falando ainda sobre doenças emocionais: muitas pessoas recorrem ao cannabis medicinal para tratar distúrbios de ansiedade, como transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e ansiedade generalizada. Certas variedades de cannabis têm propriedades relaxantes e podem ajudar a acalmar a mente e reduzir os sintomas relacionados à ansiedade.
O óleo de cannabis tem sido também utilizado no tratamento de uma variedade de condições crônicas, como esclerose múltipla, doença de Crohn e glaucoma. Os compostos ativos da planta têm propriedades anti-inflamatórias e neuroprotetoras, que podem ajudar a controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Mas ainda são necessários muitos avanços, como fazer com que o óleo chegue às mãos do paciente de forma prática e rápida. Isso inclui a informação aos médicos. Muitos deles não têm segurança na hora de prescrever o tratamento com o cannabis.
Ressalto que é fundamental que o uso desses produtos seja realizado sob a orientação e supervisão de profissionais de saúde qualificados, garantindo sua eficácia e segurança.
*André Chiga é médico cardiologista da Medra Brasil, Professor de Estratégia na Saúde – Fundação Dom Cabral, Diretor do Hospital São Francisco de Assis, Mentor Executivo da Universidade Corporativa da Anadem (Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética) e Presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Executivos.