Hospital Universitário Cajuru reduz tempo de internação em 40% com IA

Otimizar processos indica adotar práticas mais eficientes para alcançar melhores resultados. No Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba (PR), a implementação da inteligência artificial tem sido fundamental para reduzir o tempo de internação dos pacientes, assegurando todas as normas de segurança assistencial. A aplicação de uma ferramenta destinada à otimização dos processos tem contribuído para a rotina hospitalar, integrando dados de consulta médica, exames laboratoriais, procedimentos cirúrgicos e os prontuários completos dos pacientes.

Um ano após sua adoção, a média de permanência dos pacientes no hospital diminuiu de 6,6 para 4 dias, representando uma redução de quase 40%. “É uma grande redução de permanência. Quando a gente olha para o hospital, essa redução se traduz em eficiência operacional. Quando a gente olha para o paciente, oferecemos um desfecho mais rápido e, ao mesmo tempo, seguro, permitindo que ele retorne para casa mais cedo, beneficiando-se de um atendimento de mais qualidade”, avalia o coordenador do Centro Cirúrgico do Hospital Universitário Cajuru e do Hospital São Marcelino Champagnat, José Arthur Brasil.

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Um exemplo prático para compreensão do uso desta tecnologia: um paciente vai ao Pronto- Socorro com queixa de dor abdominal. O paciente é jovem, do sexo masculino, sem comorbidades e procura atendimento num dia de semana pela manhã. Ele é atendido por um médico clínico do PS. Utilizando a ferramenta de IA, é possível analisar a trajetória desse paciente e de outros com características semelhantes, não apenas em relação à queixa abdominal, mas considerando também seu histórico epidemiológico.

“O objetivo desse tipo de ação é entregar um cuidado mais individualizado e aprimorado. Ao examinar os procedimentos dentro do hospital, podemos entender as prescrições habituais de medicamentos e exames, o tempo que o paciente fica no hospital, o intervalo para um diagnóstico definitivo e o que esse atendimento desencadeia ao longo da jornada do paciente. Isso nos permite otimizar processos. Do ponto de vista do paciente, cada vez que eu olho para o processo e apresento melhoria, eu entrego um atendimento de saúde de maior valor. Além de otimizar os procedimentos internos, conseguimos prover um atendimento melhor, baseado em coleta histórica de dado”, conclui.

Medicina olho no olho

A Inteligência Artificial por vezes é vista como algo que pode prejudicar a interação humana. Exemplos práticos que indicam o oposto. O cardiologista que atua nos hospitais Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru, Gustavo Lenci Marques, emprega ferramentas de IA que trazem maior conexão com os pacientes. Dentro do consultório, ele utiliza a inteligência artificial generativa. Enquanto o paciente relata seu histórico de saúde e suas queixas, a ferramenta de IA absorve essas informações e as converte em texto. Assim, o médico não necessita fazer os registros manualmente durante a consulta, possibilitando um atendimento mais atencioso e direto.

“Em vez de ficar olhando para o computador, o médico pode manter contato visual com o paciente. Em vez de digitar a receita, o médico fala com o paciente, explicando, por exemplo, que ‘você deverá tomar tantos miligramas deste medicamento, tantas vezes ao dia’. A ferramenta de IA, ouvindo, transcreve essas orientações em uma receita. Isso beneficia imensamente o paciente, pois eleva a qualidade do atendimento recebido. E o médico também é beneficiado, pois não perde tempo com as tarefas burocráticas. Esse processo torna o atendimento mais eficiente e fortalece a relação entre médico e paciente”, reflete o cardiologista.

Para o médico, a IA faz parte do presente e, segundo ele, será a grande responsável pela evolução na medicina. “Estamos presenciando uma nova revolução. Nos anos 1990 e 2000, experimentamos a revolução da internet. Atualmente, estamos na era da revolução da inteligência artificial. Muitas pessoas temem essa mudança, mas é essencial reconhecermos a IA como uma ferramenta que potencializa a ação do médico, servindo de suporte, e não de substituição. Esse é o foco do nosso trabalho”, conclui o especialista.

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