Reflexões sobre a Comunicação para a Medicina de Transição
Por Camilla Covello
A importância da comunicação e do trabalho em equipe na saúde vem ganhando destaque nas discussões sobre a qualidade do atendimento médico e do time multidisciplinar. Como sócia-diretora da Quality Global Alliance (QGA) e comunicóloga de formação, com MBA em Gestão de Saúde, acho fundamental trazer sempre a reflexão de como a comunicação pode contribuir para um cuidado mais seguro, especialmente dentro do contexto da medicina de transição.
Comunicação Eficaz: Um Pilar para a Segurança do Paciente
A comunicação eficaz é fundamental para a segurança do paciente, principalmente quando falamos de cuidado de transição que engloba pacientes em reabilitação, cuidados continuados e cuidados paliativos. O papel da comunicação é duplo: ela contribui para a coordenação entre equipes multidisciplinares e também para o engajamento de pacientes, familiares e cuidadores.
Uma comunicação clara e precisa entre membros da equipe reduz a probabilidade de erros ou mal-entendidos. Ferramentas como registros eletrônicos de saúde, checklists e huddles (reuniões rápidas para discussão do plano de cuidados) são essenciais para a transmissão de informações corretas entre os profissionais de saúde.
Além disso, a comunicação eficaz é um catalisador para uma abordagem centrada no paciente. Ao usar uma linguagem simples para explicar procedimentos médicos e ao praticar a escuta ativa, é possível criar um ambiente de confiança que incentiva o envolvimento do paciente em seu próprio cuidado.
O Papel das Equipes e Organizações
As equipes e organizações desempenham um papel crucial para garantir uma comunicação clara e efetiva. Protocolos e treinamentos para membros da equipe, aliados a uma cultura de abertura e colaboração, são fundamentais para a implementação bem-sucedida de práticas seguras. Treinamentos regulares, canais de comunicação claros e o uso de tecnologia para a troca rápida e precisa de informações são aspectos essenciais dessa jornada.
Para criar uma cultura de comunicação aberta, é importante que as organizações promovam espaços seguros para discussões, valorizem o feedback construtivo e estimulem uma hierarquia horizontal, onde todos os membros da equipe se sintam capacitados a contribuir para a segurança do paciente.
A Contribuição da Acreditação Internacional
No âmbito internacional, a Acreditação desempenha um papel importante para a melhoria contínua da comunicação e da segurança do paciente. A Acreditação é responsável por estabelecer padrões e diretrizes para garantir que as organizações de saúde sigam as melhores práticas. Essas diretrizes incentivam o investimento em treinamentos, o desenvolvimento de protocolos claros e a promoção de uma cultura de comunicação aberta e colaborativa.
Além disso, a metodologia de Acreditação contribui para o reconhecimento da qualidade do atendimento por parte dos pacientes, familiares e parceiros assistenciais. Ao obter a Acreditação, as instituições de saúde demonstram seu compromisso com a excelência e com a segurança do paciente, um fator que aumenta a confiança e promove melhores práticas.
A discussão sobre comunicação e segurança do paciente é essencial para o aprimoramento da medicina de transição no Brasil. A comunicação eficaz entre profissionais de saúde, pacientes e familiares não só previne eventos adversos, mas também contribui para um cuidado mais centrado no paciente.
*Camilla Covello é sócia e CGO da QGA – Quality Global Alliance.