Perspectivas: A convergência entre consumo e a saúde preditiva
Por Lisia Buarque
A convergência entre consumo e saúde está passando por uma revolução, impulsionada pela inovação tecnológica e pela busca por uma vida mais saudável e sustentável. Nessa jornada de transformação, a saúde preditiva emerge como um elemento-chave, redefinindo não apenas como consumimos, mas também como cuidamos de nós mesmos.
No cenário contemporâneo, a jornada de consumo vai muito além da simples transação comercial. É uma experiência que abrange desde a pesquisa e a descoberta de produtos até a sua entrega e que, cada vez mais, se estende ao pós-consumo, com serviços de suporte e personalização. Nesse contexto, a inovação tecnológica desempenha um papel crucial. Ferramentas como inteligência artificial e big data possibilitam uma compreensão mais profunda dos hábitos e preferências dos consumidores, permitindo assim ações de marketing mais direcionadas e uma experiência mais personalizada.
Entretanto, é no cruzamento entre a jornada de consumo e a jornada de saúde que as inovações mais impactantes estão ocorrendo. A saúde preditiva, fundamentada na análise de dados e no perfil de hábitos, possibilita um mapeamento detalhado da saúde, oferecendo informações valiosas. Em uma era caracterizada pelo excesso de dados e informações, é crucial repensar essa jornada, colocando o indivíduo, não apenas o paciente, no centro do processo. Enquanto uma abordagem centrada no paciente tende a focar na saúde baseada na doença, uma estratégia voltada para a saúde do indivíduo demanda que os modelos preditivos de dados estejam no epicentro, prevendo tendências a curto, médio e longo prazo.
Ainda, a inteligência preditiva possibilita ampliar o acesso aos cuidados de saúde, simplificando a interpretação dos resultados e, acima de tudo, fomentando o engajamento. A experiência na jornada de saúde é impulsionada pela conexão de valor, fundamentada na promoção da saúde e na análise probabilística dos riscos de doenças.
Empregando uma metáfora, o indivíduo é equiparado ao piloto de seu próprio cockpit, enquanto o médico assume o papel da torre de comando. Em muitos casos, o prognóstico antecipa o diagnóstico subsequente. A distinção crucial reside no fato de que uma jornada de saúde baseada em dados facilita, agiliza, simplifica e torna mais acessível não apenas a prevenção, mas também o rastreamento precoce de enfermidades, promovendo, assim, maior eficiência em toda a cadeia de valor da saúde.
No entanto, apesar do enorme potencial da saúde preditiva, também surgem questões importantes relacionadas à privacidade e ética. O acesso aos dados de saúde pessoais levanta preocupações sobre quem possui e controla essas informações e como elas são usadas. É crucial que, à medida que progredimos nesse âmbito, também criemos normas e diretrizes éticas sólidas com o intuito de resguardar os direitos individuais e assegurar a proteção dos dados.
Além disso, é fundamental considerar as disparidades de acesso e os desafios de inclusão que podem surgir com a adoção generalizada dessas tecnologias. Garantir que todos tenham alcance igualitário aos benefícios da saúde preditiva é essencial para evitar a ampliação das desigualdades no segmento da saúde.
A inovação na jornada de consumo e saúde está moldando um futuro cheio de promessas e transformações. Conforme nos encaminhamos para um mundo onde a prevenção assume um papel tão vital quanto o tratamento, é essencial abordar essas mudanças com uma visão crítica e ética. Devemos garantir que o avanço tecnológico seja benéfico para todos e promova um futuro mais saudável e sustentável para cada indivíduo.
*Lisia Buarque é Executive VP na WAC Global Tech.