Lâmpada que reflete enfermagem precisa de combustível
Representada por uma lâmpada a óleo, uma cruz vermelha e uma serpente, a profissão celebrada internacionalmente no dia 12 de maio existe há milênios e surgiu muito antes da criação do próprio símbolo. Desde a invenção da escrita, na Antiguidade, por volta de 4.000 a.C, já havia relatos de mulheres cuidadoras de enfermos. Logo no início, o cuidado foi movido pelo amor ao próximo. Para exercer o seu papel, elas tinham que enfrentar diversos desafios, como a falta de reconhecimento e valorização da profissão, além de barreiras para ter acesso a educação e treinamento adequados.
Hoje, milhares de anos depois, a enfermagem não é exercida apenas por mulheres. Os cuidados, concentrados em conventos, mosteiros e campos de batalha, passaram a ser oferecidos em hospitais, centros especializados e laboratórios, por exemplo. Os recursos até então escassos por limitações tecnológicas, guerras ou recessões, tornaram-se mais acessíveis e até abundantes para algumas pessoas e em certas regiões. No entanto, o olhar para a enfermagem não acompanhou tais transformações na mesma velocidade.
A enfermagem é uma profissão de amplo conhecimento técnico e humano e que precisa que seus profissionais sigam métodos e protocolos na prestação do cuidado. O que tenho percebido é que há um grande volume de enfermeiros disponíveis no mercado; no entanto, com necessidade de aprimorar o ensinamento recebido na universidade, para que estejam de acordo com os padrões atuais das instituições de saúde. Outro ponto importante é a melhoria da capacitação para lidar com os possíveis conflitos no dia a dia que permeiam o cuidado ao paciente, a fim de evitar transtornos que possam impactar na saúde mental.
Já dentro das instituições, há diversos fatores que influenciam no sentimento de valorização do profissional, como a cultura da empresa, o perfil do gestor direto e o relacionamento com o paciente. Por isso, neste ano, acredito que o setor de enfermagem precise focar em cuidar da gestão das pessoas e da saúde mental dos profissionais, respeitando a hierarquia e a individualidade, mas estimulando o engajamento, o protagonismo, e ressaltando a importância de estar sempre atualizado, capacitado e preparado para atuar com excelência e segurança.
Não é fácil ser enfermeiro. Nunca foi. Enfrentamos desafios desde a Antiguidade, mas também superamos e resistimos a todos eles. Passamos por eras, guerras e até pandemias – incluindo a mais recente. O que nos move é cuidar das pessoas, e esse propósito nunca pode se perder. Assim como o cuidado com aqueles que cuidam. No mais, é sempre possível adaptar, melhorar e mudar. Eu, se pudesse voltar no tempo, escolheria a enfermagem de novo, sem dúvida alguma.
*Ana Lucia Capucho é superintendente assistencial do Hcor.