Posso atender pacientes. E agora? 5 possibilidades para profissionais
Por Fábio Soccol
No ano passado, o Brasil ultrapassou a marca de 560 mil médicos, o dobro do número registrado em 2010, chegando a uma proporção de 2,6 profissionais para cada mil pessoas, segundo o levantamento Demografia Médica no Brasil. A mesma pesquisa apontou que, em 2024, outros mais de 31 mil médicos estarão se formando, o dobro do número dos registrados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em 2021.
Além dos médicos, anualmente, milhares de profissionais de saúde de outras áreas concluem a formação se habilitando a atender pacientes e todos enfrentam o dilema: e agora? Essa pergunta se desdobra em outras, como: onde farei meus atendimentos? Como conciliar a vida pessoal com a profissional? Onde quero estar daqui alguns anos? Meu objetivo com este texto é ajudar a responder as perguntas acima para decidir sobre qual caminho seguir.
Vou focar nas 5 principais possibilidades que estão à disposição de profissionais de saúde:
- Montar o consultório próprio;
- Dividir o consultório em sociedade com amigos/colegas;
- Trabalhar para alguém que já tenha o consultório estabelecido;
- Alugar períodos dentro de clínicas que disponibilizam espaço;
- Montar consultório próprio dentro de espaços compartilhados.
A principal coisa que você deve lembrar é que o seu verdadeiro ativo é a sua carteira de pacientes. Seu trabalho é fazer com que ela aumente como reflexo de sua competência profissional. Quando avaliar um caminho, se pergunte: os pacientes serão meus? Se a resposta for negativa, minha sugestão é que se certifique de que realmente não há outra alternativa antes de seguir nessa direção. Entre os citados, o 1, 2 e 5 permitem que você construa sua carteira de pacientes. Já o 4, somente em alguns casos.
“Quem irá pagar pelo meu serviço?” é a segunda pergunta que você deve responder. A fonte pagadora pode ser o próprio paciente. Operadoras de saúde (convênios e seguradoras) são fontes para um número cada vez menor de médicos e profissionais de saúde que montam seus consultórios, e um dos motivos é a verticalização em busca de maior eficiência. Sabendo quem pagará por seu serviço, você poderá eliminar opções de negócio onde não haverá retorno sobre o seu investimento. Entre as possibilidades acima, 3, 4 e 5 demandam menor investimento inicial, favorecendo o retorno financeiro.
“Quanto tempo posso/quero dedicar para a gestão do consultório?” Ao pensar nessa questão, leve em conta o crescimento da carga de trabalho administrativo conforme sua carteira de pacientes aumenta. Sem considerar esse aspecto na sua estratégia profissional, você poderá colocar seu consultório em uma posição de fragilidade crescente conforme o número de pacientes aumenta e seu tempo para gestão diminui. Dentre as opções acima, 3, 4 e 5 demandam menor dedicação de tempo para gestão.
Mobilidade é um aspecto cada vez mais importante para todos, profissionais e pacientes. Isso vai além de estar presente em mais de um endereço, significa também estar disponível em dias e horários diferentes. Quanto maior sua amplitude geográfica e de tempo, mais rapidamente você construirá sua carteira de pacientes. Entre as opções citadas, 1 atende melhor à disponibilidade de horário, mas exige investimento próprio em novas localidades para aumentar a atuação geográfica, e 5 atende aos dois pontos.
Independente do caminho escolhido por você, ele não deve ser imutável. Fique atento às novidades do mercado e mantenha-se capaz de testar novas soluções que poderão ser a diferença entre conseguir ou não construir a carreira que deseja para si. Todos os mercados mudam constantemente e o segmento de saúde evolui rapidamente, com avanços clínicos e tecnologias que influenciam o comportamento e expectativas dos pacientes e abrem oportunidades para evoluirmos na relação que temos com nossos consultórios.
*Fábio Medaglia Soccol é co-fundador da Livance.