O avanço das Agetechs e o futuro da saúde no Brasil

Por Derick Bezerra

O setor de Agetechs, que engloba as startups que utilizam a tecnologia para inovar e aprimorar serviços no setor de saúde, está em ascensão no Brasil. De acordo com a Agetech News nº 36, o mês de janeiro de 2024 foi marcado por um crescimento significativo no setor, com 35 deals, 13 Exits e mais de U$1,6 bilhão transacionado. No entanto, apesar desse cenário promissor, ainda vemos poucas soluções nacionais surgindo, e algumas sendo adquiridas ainda em estágios iniciais por empresas de capital aberto na área da saúde.

Essa realidade pode ser atribuída a diversos fatores, como a falta de investimentos, a burocracia e a complexidade do sistema de saúde brasileiro. No entanto, é importante destacar que o contexto macroeconômico também desempenha um papel fundamental no desenvolvimento das Agetechs e na adoção de novas tecnologias no setor de saúde como um todo.

Um dos principais desafios enfrentados pelas Agetechs é a necessidade de integração com o sistema de saúde existente. No Brasil, o setor de saúde é marcado por uma série de regulamentações e pela predominância dos planos de saúde, que desempenham um papel crucial na oferta de serviços de assistência médica à população. Segundo dados recentes, em novembro de 2023, os beneficiários de planos de saúde com 60 anos ou mais atingiram a marca de 7,5 milhões no país. Esse número representa um recorde histórico e evidencia a importância do setor de saúde suplementar para o envelhecimento da população.

No entanto, a integração entre as Agetechs e as operadoras de planos de saúde ainda é incipiente. Embora algumas empresas do setor tenham demonstrado interesse em adquirir soluções tecnológicas para aprimorar seus serviços, a falta de um ambiente regulatório claro e favorável à inovação pode desencorajar o desenvolvimento de parcerias e limitar o potencial de crescimento das Agetechs no Brasil.

Além disso, é preciso considerar que o setor de saúde é altamente sensível a mudanças no cenário macroeconômico. A pandemia de Covid-19, por exemplo, impulsionou a demanda por soluções digitais e acelerou a adoção de telemedicina no país. No entanto, a crise econômica resultante da pandemia também gerou incertezas e impactou negativamente o investimento em inovação. Portanto, é fundamental que o governo e as instituições financeiras estejam atentos às necessidades do setor e criem condições favoráveis para o seu crescimento, como linhas de crédito e incentivos fiscais específicos.

Diante desse cenário, é evidente que o avanço das Agetechs no Brasil depende de uma série de fatores, que vão desde a integração com o sistema de saúde até o contexto macroeconômico. Para que o país possa se posicionar como um polo de inovação no setor de saúde é essencial que haja uma colaboração entre o setor público, o setor privado e as próprias Agetechs, com o objetivo de superar os desafios existentes e criar um ambiente propício para o desenvolvimento e a adoção de novas tecnologias.


*Derick Bezerra é CEO da Benvo.

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