Como a medicina genômica ajuda a reduzir os custos com o câncer
Por Gustavo Riedel
O aumento das estatísticas globais de câncer tornou-se um grande problema de saúde pública, com impactos sociais e econômicos significativos. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) gasta cerca de R$ 3 bilhões por ano com o tratamento dos pacientes, entre quimioterapias, radioterapias, cirurgias, internações e demais despesas hospitalares. No mundo, esse valor é estimado em US$ 2 trilhões.
Desde 2003, o câncer é a segunda principal causa de morte no Brasil (atrás apenas das doenças cardiovasculares) e, conforme a Estimativa 2023 – Incidência de Câncer no Brasil, do Inca, a cada ano do triênio 2023-2025 são esperados 704 mil casos novos, com destaque para as regiões Sul e Sudeste, que concentram cerca de 70% da incidência.
Nesse contexto, a cancerologia tem cada vez mais se beneficiado da medicina genômica. Afinal, os exames genéticos, tanto focados na prevenção como no auxílio para decisões terapêuticas para o tratamento do câncer, podem proporcionar tratamentos mais assertivos e diagnósticos mais precisos.
Mas, e os custos dos testes genéticos? Historicamente tidos como muito caros, para alguns especialistas pode parecer que eles ainda pertençam a uma realidade distante da assistência à saúde brasileira. Porém, ao utilizar o teste genético como ferramenta de diagnóstico ou na tomada de decisões para a melhor condução terapêutica, o tempo e a saúde do paciente são potencialmente poupados, os gastos reduzidos e a saúde mental e emocional de todos os envolvidos (pacientes e familiares) mais preservadas.
Felizmente, a genômica está crescendo no Brasil. Só no último ano, vimos chegar ao país testes como Methylsarc, um exame para o diagnóstico e classificação de sarcomas por meio do perfil de metilação do DNA. Esse é um avanço enorme para a oncologia de tumores ósseos e de partes moles. Para se ter uma ideia, em 2022, foram estimados 12.870 novos casos de sarcomas no Brasil de acordo com o Inca, e, com o esse teste, muitos desses casos podem ser diagnosticados de forma mais precisa e tratados corretamente.
Existem diversos outros exames capazes de rastrear alterações no genoma. E, por si só, essa ação tem inúmeros benefícios, entre eles, reduzir o risco de desenvolver a doença ou, quando ela já está instalada, utilizar informações genéticas para selecionar o medicamento e a dose mais adequados para cada pessoa.
*Gustavo Riedel é diretor de genômica Latam da Dasa.