Internet das Coisas na saúde: aspectos tecnológicos e impactos

Por Francisco Arce

A estratégia de saúde digital tem ganhado terreno globalmente como um pilar fundamental para a modernização dos sistemas de saúde. Através da integração de tecnologias avançadas como a Internet das Coisas (IoT), inteligência artificial e big data, essa estratégia busca oferecer uma assistência mais eficaz, eficiente e personalizada. No cenário internacional, países como a Estônia e o Reino Unido têm sido pioneiros na adoção de prontuários eletrônicos e na implementação de sistemas de saúde conectados, demonstrando melhorias significativas na coordenação do cuidado, na redução de custos e no aumento da satisfação do paciente.

No Brasil, a estratégia de saúde digital tem evoluído por meio de iniciativas como o Conecte SUS, que visa integrar os serviços de saúde por meio de uma plataforma digital, permitindo aos cidadãos acesso aos seus históricos médicos, agendamento de consultas e outras funcionalidades essenciais. Essa transformação digital na saúde tem potencial para superar diversos desafios, especialmente em áreas remotas e menos desenvolvidas, promovendo uma maior equidade no acesso aos serviços de saúde.

Impactos da IoT na Saúde no Interior da Região Norte

A implementação da IoT na saúde apresenta uma oportunidade única para transformar o acesso e a qualidade dos cuidados médicos no interior da região Norte do Brasil, uma área historicamente marcada por desafios significativos em termos de infraestrutura de saúde. Através da IoT, dispositivos médicos conectados podem facilitar a monitoração remota de pacientes, permitindo o diagnóstico precoce de doenças e a administração eficaz de tratamentos, mesmo em locais distantes dos centros urbanos.

Além disso, a IoT pode desempenhar um papel crucial na gestão de surtos de doenças em regiões isoladas, através do rastreamento de dados de saúde em tempo real, possibilitando uma resposta rápida e coordenada das autoridades de saúde. No entanto, a implementação bem-sucedida dessas tecnologias requer uma infraestrutura de conectividade robusta, o que ainda é um desafio em muitas partes da região.

Impactos Sociais

A IoT pode melhorar significativamente o acesso aos cuidados de saúde, especialmente em áreas rurais ou remotas. Com dispositivos conectados, os pacientes podem receber monitoramento e consultas sem a necessidade de viagens frequentes a centros médicos.

A coleta contínua de dados de saúde permite um diagnóstico mais preciso e personalizado, melhorando a qualidade do atendimento.

Dispositivos IoT podem ser usados para educar as populações sobre questões de saúde e promover comportamentos saudáveis.

Enquanto a IoT tem o potencial de melhorar o acesso aos cuidados de saúde, ela também pode aumentar as desigualdades, especialmente se algumas comunidades não tiverem acesso à tecnologia necessária.

Econômicos

A IoT pode reduzir custos no sistema de saúde ao diminuir a necessidade de consultas presenciais, otimizar o gerenciamento de estoque de medicamentos e reduzir erros médicos.

O avanço da IoT na saúde promove o surgimento de novos mercados, como o de dispositivos de monitoramento de saúde, e cria oportunidades de emprego.

Para implementar soluções de IoT, é necessário um investimento significativo em tecnologia, o que pode ser um desafio para sistemas de saúde com recursos limitados.

Éticos

A implementação da IoT na saúde traz consigo importantes considerações éticas, especialmente no que diz respeito à privacidade e segurança dos dados dos pacientes. É fundamental que as soluções de saúde digital adotem padrões rigorosos de proteção de dados, garantindo que as informações dos pacientes sejam coletadas, armazenadas e transmitidas de maneira segura e conforme as regulamentações vigentes, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil.

Finalizando , acredito que a estratégia de saúde digital, impulsionada pela IoT, oferece um caminho promissor para a transformação dos sistemas de saúde no Brasil e no mundo. No interior da região Norte, as possibilidades são particularmente são promissoras, com o potencial de superar desafios históricos de acesso e qualidade dos cuidados médicos. A colaboração entre universidades, institutos de pesquisa, governo e o setor privado pode ser uma grande oportunidade para maximizar os benefícios da saúde digital, garantindo ao mesmo tempo que as considerações éticas sejam devidamente endereçadas. À medida que avançamos, a saúde digital se posiciona como uma força catalisadora para a construção de sistemas de saúde mais resilientes, inclusivos e sustentáveis.


*Francisco Arce é Head de Tecnologia e Inovação do Instituto de Inovação e Desenvolvimento Sustentável (IDS).

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