O papel da inteligência artificial na transformação da medicina
Por Igor Couto
De tempos em tempos a humanidade se vê impactada por uma inovação tão significativa que todo o seu conhecimento ou modo de vida passam a ser questionados. Por mais que possa parecer cedo, atualmente estamos vivenciando mais um desses momentos singulares da história. Até porque, não existe um aspecto ou setor da convivência humana que não está sendo ressignificado graças a potencialização meteórica da inteligência artificial.
Reconhecida por sua constante necessidade de evolução, a medicina está longe de estar alheia à tal inovação. Hoje o setor precisa invariavelmente passar a adotar de maneira massiva a tecnologia na rotina dos profissionais, já que a sua aplicação representa a possibilidade de evoluir significativamente todo o processo clínico em, principalmente, três pilares estratégicos: velocidade, personalização e precisão.
A primeira linha essencial diz respeito a redução de burocracia e resolução de ineficiência sistêmica. Atualmente na área existem diversos processos que acabam desviando os médicos da prática clínica. A área muitas vezes exige essa burocracia para garantir o controle dos dados e informações médicas, muitas vezes sigilosas. A tecnologia chega justamente para trazer dinâmica e eficiência para esse processo burocrático, permitindo que os profissionais da saúde possam se debruçar naquilo que verdadeiramente importa.
Por mais que pareça contraditório em um primeiro momento, a IA contribui de forma significativa para a individualização do cuidado. Até porque, cada paciente apresenta particularidades e genéticas distintas entre si. Graças ao auxílio da ferramenta, é possível analisar e entender mais profundamente as diferenciações através dos dados, fator que pode resultar numa personalização essencial para diagnósticos e tratamentos mais assertivos.
Outro ponto importante é habilitar a chamada medicina de precisão. Dada a possibilidade de ter em mãos informações genéticas, clínicas e comportamentais cada vez mais aprofundadas sobre os pacientes, os profissionais podem atuar com exatidão mesmo atuando perante diferentes circunstâncias. Afinal, cada caso é um caso.
Um mundo de novas possibilidades
Diante de todo esse cenário, as soluções baseadas em IA funcionam quase como uma segunda opinião médica, atuando como um auxiliar fundamental para trazer segurança e eficácia aos profissionais da área.
Um exemplo prático é a participação incisiva da tecnologia no momento de prescrição de medicamentos. Hoje, com o auxílio da IA, é possível averiguar de maneira muito mais ampla, precisa e antecipada se algum fármaco possui alguma interação de risco com outro que vem sendo utilizado no tratamento. Indo mais além, por meio dos dados coletados é possível antever o risco de possíveis reações alérgicas ou se a droga é ineficaz para determinado paciente.
A contribuição do machine learning ainda traz consigo melhorias imprescindíveis para o diagnóstico clínico. Por meio de uma compilação de dados que vai muito além da capacidade humana, a tecnologia é capaz de identificar e constatar padrões, sendo possível agilizar e aperfeiçoar o reconhecimento de doenças ou eventuais problemas crônicos.
O tratamento clínico também pode ser altamente otimizado por conta da aplicação da tecnologia. Imaginemos por exemplo que um médico de maior especialização consiga treinar o algoritmo de uma IA. A partir da sua expertise, é possível amplificar o conhecimento para outros profissionais, o que por consequência irá permitir que o mesmo tratamento seja replicado para milhares de enfermos. Tal contribuição simboliza a possibilidade de democratizar e acessibilizar o conhecimento médico sofisticado, contribuindo de forma massiva para a melhora do atendimento de forma universalizada.
Podemos aproveitar a tecnologia ainda para obter uma compreensão mais aprofundada, mesmo de maneira preliminar, sobre como determinados medicamentos ou procedimentos clínicos podem se traduzir em avanços para os pacientes. Nesse contexto, a inteligência artificial desempenha um papel crucial ao assegurar a documentação precisa de cada caso, colaborando para a formação de um banco de dados valioso. Esse banco, por sua vez, possibilita a identificação de casos clínicos semelhantes, os quais servem como base no processo de antecipação de possíveis resultados.
A partir de todas essas perspectivas, não dá para imaginar uma realidade em que a IA não participe, ou até mesmo dite, os novos rumos e possibilidades da medicina. O seu uso e aplicação surge como um auxiliar imprescindível para que os profissionais da área médica consigam atuar de forma ainda mais competente e idônea. Fato é que a inteligência artificial na medicina vem sendo responsável por trazer o futuro para o agora e quem tem a ganhar com isso somos todos nós.
*Igor Couto é CEO e fundador da Sofya.