Brasil somará 625 mil novos casos de câncer em 2020

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) divulgou novos dados sobre o mapa da doença no país: a expectativa é que 625 mil novos casos de câncer sejam diagnosticados neste ano, de acordo com o levantamento Estimativas Incidência de Câncer no Brasil 2020. A base para a construção desses indicadores são os números provenientes, principalmente, dos Registros de Câncer e do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/MS).

Entre os tipos de tumor mais comuns no Brasil, o câncer de pele do tipo não melanoma continua na liderança. No recorte por gênero, a neoplasia de mama entre as mulheres e a de próstata nos homens permanecem como pontos de atenção, figurando no topo da lista quando observada essa divisão da população. Além disso, outros tipos de câncer com alta incidência, como o câncer de pulmão e o câncer de intestino, ambos muito ligados a hábitos de vida pouco saudáveis, apresentam elevadas taxas.

Mas se os números de novos casos de forma geral permanecem quase inalterados em comparação ao que se observou em 2018 e 2019, quando a incidência medida foi de 600 mil novos casos por ano, a mortalidade pela doença aos poucos tem dado sinais positivos de redução.

Neste cenário, 2020 desponta como um ano emblemático no tratamento do câncer, com a chegada de drogas inovadoras e tratamentos que prometem melhorar não só as chances de sobrevivência, mas também a qualidade de vida dos pacientes.

“Alternativas de terapias cada vez mais personalizadas e individualizadas fazem com que o câncer se aproxime cada vez mais de se tornar uma doença considerada crônica, com benefícios efetivos à qualidade de vida do paciente”, é o que aponta o oncologista Bruno Ferrari, fundador e presidente do Conselho de Administração do Grupo Oncoclínicas.

Para ele, este ano pode ser entendido como um divisor de águas no futuro do tratamento da doença. “Temos novidades que têm se mostrado bem sucedidas nos meio médico e científico, como o imunoterapia e o tratamento com anticorpos monoclonais. O chamado CAR-T Cell também vem conquistando grande espaço em casos de tumores hematológicos, um avanço que se mostra animador quando nos referimos a em especial a leucemias e linfomas”, aponta.

O Dr. Bruno enfatiza que a produção de conhecimento na área da oncologia no Brasil e no mundo passa por uma fase de crescimento incomparável. Mas, mesmo sinalizando os próximos anos como positivos e de chegada de avanços, lembra que há desafios no tocante às aprovações necessárias para adoção dos testes moleculares e chegada de novas medicações, como também na garantia do acesso igualitário à toda sociedade. Apesar da ressalva, o médico garante que há motivos para comemorar e indica que a informação é ferramenta essencial para assegurar o protagonismo a todos, pacientes ou não, em um momento de mudanças nos paradigmas da doença.

Junto com o Dr. Bruno Ferrari, os oncologistas do Grupo Oncoclínicas Clarissa Mathias, Carlos Barrios, Carlos Gil e Wellington Azevedo esclarecem as principais perspectivas no combate ao câncer:

Análise genômica é palavra de ordem

O avanço dos estudos envolvendo o genoma humano, código genético presente nas células e de forma única em cada indivíduo, fez com que nos últimos anos a análise dos genes se tornasse parte indispensável das áreas da medicina. Dentro delas, a oncologia vem se beneficiando tanto na precisão diagnóstica, quanto na eficácia do tratamento – ambas proporcionadas por essas avaliações.

Segundo o Dr. Carlos Gil, exames que ajudam a detectar o perfil molecular de tumores como de pulmão, intestino e melanoma têm se mostrado importantes aliados no controle da condição.

“Esse tipo de teste proporciona maior precisão e melhor qualidade no diagnóstico, o que é fundamental para uma definição precisa do tratamento. Isso porque, apenas conhecendo com precisão as células malignas o profissional de saúde conseguirá especificar o melhor tratamento para aquele caso”, comenta.

Individualização e imunoterapia

O conhecimento cada vez maior de como as células cancerígenas funcionam em cada tipo de organismo foi o avanço necessário para implementar outros tratamentos que têm revolucionado a oncologia. O principal dele é a imunoterapia, citada no Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina de 2018.

Segundo o Dr. Bruno, ela é um tipo de tratamento biológico com o objetivo de potencializar o sistema imunológico do indivíduo para combater o câncer. “A prática terapêutica vem apresentando resultados muito significativos para diversos tumores, especialmente mama, pulmão, colo de útero, endométrio, melanoma e cânceres de cabeça e pescoço”.

Um exemplo é o câncer de mama triplo negativo, um subtipo agressivo da doença que afeta principalmente mulheres jovens e representa, segundo a Dr. Clarissa, cerca de 13% dos casos. “O uso da imunoterapia com quimioterapia apresentou aumento significativo de resposta patológica completa – ou seja, quando a doença desaparece após o uso de um medicamento o que é uma importante evolução contra esse subtipo, normalmente associado a um prognóstico ruim por causa de sua agressividade”, pontua a oncologista.

As terapias-alvo também se mostram cada vez mais eficazes e são boa notícia para os próximos anos. Os testes com esses medicamentos têm mostrado “resultados excelentes, principalmente para para tumores de mama e de ovário”, frisa a Dra Clarissa, que também é a atual presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).

O tratamento é feito com substâncias que foram desenvolvidas para identificar e atacar características específicas das células cancerígenas, bloqueando assim o crescimento do tumor e permitindo que o organismo do paciente recupere as condições para derrotá-lo.

Anticorpos monoclonais: menos toxicidade e maior efetividade

Um dos destaques, nesse sentido, são as terapias conjugadas de quimioterapia com anticorpos, por exemplo, como ressalta o Dr. Carlos Barrios. “O que acontece, nesses casos, é que a combinação vai levar a quimioterapia diretamente para a célula cancerígena, focando o tratamento apenas nela, o que diminui a toxicidade para o organismo, ao mesmo tempo que aumenta a efetividade do tratamento”, diz.

Segundo ele, é importante frisar que, para alcançar bons resultados com essas terapias, um fator é primordial: conhecer profundamente o tipo de câncer e as características de cada paciente e cada célula, para atingir a doença com mais precisão.

“É preciso estar equipado com tecnologia que identifique as alterações genéticas com detalhes. Não são muitos locais que oferecem esse tipo de tratamento”, afirma.

Para linfomas e leucemia, uma alternativa de sucesso

Uma nova opção de tratamento para linfoma e leucemia, que vem sendo estudada por meio da terapia genética, é a do CAR-T Cell, que usa células do próprio pacientes geneticamente modificadas em laboratório para combater o câncer. A estratégia consiste em habilitar células de defesa do corpo (linfócitos T) com receptores capazes de reconhecer o tumor e atacá-lo de forma contínua e específica.

O CAR-T cell é uma combinação de várias tecnologias, envolvendo a terapia gênica, imunoterapia e terapia celular. Nos Estados Unidos e na Europa já existem produtos comercialmente disponíveis.

O Dr. Wellington explica que o Brasil ainda está atrasado, em função da indefinição da legislação que regula esse assunto. Mas, ele ressalta que a Anvisa irá liberar em breve uma autorização que regulamenta o uso. “A expectativa é que ainda em 2020 as indústrias farmacêuticas já sejam capazes de registrar esses medicamentos no país”, complementa.

O alto custo para a produção preocupa, mas o avanço é inegável: o tratamento conquistou popularidade no Brasil na segunda metade de 2019, quando um paciente com linfoma não Hodgkins avançado do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, no interior de São Paulo, foi considerado o primeiro paciente da América Latina a alcançar a remissão da doença com uso das células CAR-T.

Para o Dr. Wellington, a estratégia usada para o tratamento abre frentes para uso não só em tumores hematológicos, como o linfoma, podendo possivelmente ser usada para qualquer tipo de câncer. “A metodologia já conta com pesquisas voltadas a protocolos para leucemia mieloide aguda e mieloma múltiplo. Há expectativas de que em um futuro próximo seja possível o uso do CAR-T Cell em tumores sólidos, caso do câncer de pâncreas, apenas para citar uma das possibilidades que já estão em discussão”, finaliza.

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