Pesquisadores estudam insônia como sintoma principal da depressão

A insônia não é apenas um sintoma secundário da depressão, mas sim, parte integrante da doença mental. Esse é o resultado da pesquisa descoberto por um grupo de pesquisadores do Instituto do Sono, empresa da Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa (AFIP) em um estudo inédito que foi apresentado nos EUA, no SLEEP 2024, durante a 38ª Reunião Anual das Sociedades Profissionais Associadas de Sono.

Para chegar a essa conclusão, a equipe de pesquisadores examinou a relação entre o risco genético para problemas de sono e sintomas de depressão em uma amostra epidemiológica da cidade de São Paulo chamada EPISONO (Estudo Epidemiológico do Sono de São Paulo). Os participantes selecionados tinham faixas etárias entre 20 e 80 anos e foram submetidos à avaliação clínica, polissonografia noturna completa e responderam a um conjunto completo de questionários sobre sono. Houve também coleta de amostras de sangue para extração de DNA e genotipagem dos voluntários. Esses dados serviram para calcular o risco genético dessas pessoas a problemas de sono e a sintomas depressivos.

A pesquisadora Mariana Moysés Oliveira é uma das responsáveis pelo estudo e conta que a privação de sono de forma pontual não potencializa o desenvolvimento da depressão, mas a insônia, como um problema de sono crônico, sim. “Já foi descrito que em pessoas com sintomas depressivos graves, o fato de ter insônia estava relacionado com a falta de resposta aos tratamentos para depressão. Também já foi provado que pessoas com insônia têm maior risco de ter depressão no futuro”, conta. Ela explica que os achados desta nova pesquisa são inéditos e que a insônia e os sintomas depressivos partem de origens genéticas muito parecidas. A conclusão é de que os problemas de sono não podem ser tratados como algo secundário em pessoas com depressão, eles são parte central da doença.

Risco genético para problemas do sono

Por meio de um modelo estatístico avançado chamado “escore poligênico”(que permite prever o risco para doenças complexas ao considerar milhares de variantes genéticas), a pesquisa mostrou a interrelação entre o risco genético para esses problemas de saúde.

É a primeira vez que modelos de predição de risco genético são usados para identificar risco aumentado de problemas de sono em uma amostra brasileira e o exame em questão se chama varredura genômica, ou SNP-array.

Moysés conta que a análise foi baseada em estudos de associação do genoma completo para depressão e insônia. Os resultados indicam que os escores poligênicos foram eficazes em alocar os indivíduos em grupos de alto e baixo risco para problemas de sono e depressão. Pessoas com má qualidade de sono tendiam a apresentar sintomas depressivos mais graves. “Quanto maior o risco genético para queixas de sono, aumentava o risco genético para sintomas depressivos. Os genes que contribuíram para os escores poligênicos se sobrepuseram, indicando uma correlação genética forte entre essas condições”, explica.

A pesquisadora acredita que os resultados podem ter implicações significativas para a saúde pública, pois políticas que promovam a identificação precoce e o tratamento integrado podem ser mais eficazes na redução da carga dessas condições na sociedade. “Acredito que as pesquisas podem levar a novos protocolos clínicos que abordem de forma integrada a saúde mental e a qualidade de sono, abrindo caminhos para a pesquisa científica e permitindo uma compreensão mais profunda das causas desses problemas de saúde. Além disso, usar dados genéticos para prever a predisposição permite identificar pessoas em risco antes mesmo que os sintomas se manifestem”, ressalta.

Fatores genéticos

A manifestação de doenças comuns geralmente é determinada por fatores genéticos e ambientais. Os fatores genéticos não mudam desde a concepção e as pessoas são expostas aos fatores ambientais, como raios ultravioleta, alimentação, uso de substâncias, ao longo da vida.

Os pesquisadores da AFIP conseguiram usar modelos matemáticos para calcular o risco genético, como uma forma de predizer se uma pessoa tem um risco aumentado ou diminuído para uma determinada doença. “Para doenças comuns, não conseguimos atribuir um único gene. Não existe o gene da depressão, da insônia ou do câncer. O risco genético é determinado por diversas (muitas vezes milhares de) variações genéticas. Apenas quando avaliamos o conjunto dessas variações genéticas podemos calcular o risco genético”, afirma.

Ainda segundo ela, com uma amostra epidemiológica, o estudo fornece uma base sólida para identificar variações genéticas que podem ser usados como biomarcadores de risco. Compreender essas conexões genéticas permite desenvolver tratamentos que atacam as causas das doenças, não apenas os sintomas, reduzindo a chance de recaídas.

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