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Doença Ocular da Tireoide: o que os olhos mostram, a medicina precisa enxergar

Por Dra. Ivana Romero (Oftalmologista CRM 113.133)* e Dr. Danilo Villagelin Neto (Endocrinologista CRM 109.461)**

A Doença Ocular da Tireoide (DOT) é mais comum do que parece - e, infelizmente, menos reconhecida do que deveria. Associada principalmente à Doença de Graves, forma mais frequente de hipertireoidismo autoimune, a DOT afeta até metade dos pacientes com esse diagnóstico¹. Ainda assim, sua identificação precoce continua sendo um desafio na prática clínica.

Em nossa experiência, o paciente com DOT nem sempre chega com um quadro típico. Às vezes, os sintomas oculares - olho seco, sensação de areia, retração palpebral ou proptose discreta - precedem qualquer alteração laboratorial da função tireoidiana. 

Estimamos que cerca de 10 a 12% de nossos pacientes com DOT não apresentem disfunções hormonais detectáveis no momento do diagnóstico. Isso exige uma escuta clínica mais apurada e uma abordagem integrada entre especialidades.

Médicos endocrinologistas têm o papel de educar o paciente com Doença de Graves desde o início. Devemos orientá-lo quanto aos sinais que podem indicar comprometimento ocular, aos fatores de risco que devem ser evitados – em especial o tabagismo – e à importância de manter acompanhamento conjunto com oftalmologistas. Por outro lado, é essencial que os colegas da oftalmologia considerem o histórico hormonal e os marcadores de autoimunidade ao investigar queixas visuais atípicas. Esse alinhamento entre especialidades é o que muda a trajetória do paciente².

Dr. Danilo Villagelin Neto e Dra. Ivana Romero (Oftalmologista CRM 113.133)

Quando a DOT se instala de forma moderada a grave, seus efeitos extrapolam o campo visual ¹ ². A deformidade facial pode causar grande sofrimento emocional. Frequentemente atendemos pacientes, sobretudo mulheres, que relatam impactos profundos na autoestima, na vida profissional e nas relações sociais. Por trás da inflamação orbitária, há um indivíduo tentando manter sua identidade, sua rotina e sua confiança diante do espelho.

Mesmo com essas implicações, a DOT ainda é pouco lembrada na atenção básica, subvalorizada em muitos serviços e mal codificada nas políticas públicas. Não há hoje uma diretriz clínica nacional sobre o tema, e o acesso ao cuidado especializado – principalmente no SUS – é desigual e demorado. Sabemos que o tempo entre os primeiros sinais e o tratamento adequado pode definir o prognóstico. Como acontece com infarto ou Acidente Vascular cerebral (AVC), agir cedo pode fazer diferença também na DOT.

Acreditamos que cabe aos profissionais médicos – de qualquer área – conhecer ao menos os sinais de alarme da doença e saber encaminhar com agilidade. A DOT não precisa ser comum para ser relevante. Quando presente, ela tem o potencial de transformar profundamente a vida do paciente – e é nossa responsabilidade, como especialistas, garantir que isso não ocorra, oferecendo acolhimento, diagnóstico preciso e tratamento adequado.

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*Dra. Ivana Romero é graduada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, com residência médica em Oftalmologia e especialização em Cirurgia Oculoplástica e Oncologia Ocular. Mestre em Ciências da Saúde pela mesma instituição, coordena o Setor de Órbita da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. É membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica Ocular (SBCPO) e atua com foco na Doença Ocular da Tireoide (DOT), orbitopatias inflamatórias e neoplásicas. Com mais de duas décadas de experiência na área, destaca-se pela abordagem integrada e compromisso com a excelência técnico-científica no cuidado oftalmológico especializado.

**Prof. Dr. Danilo Villagelin Neto é médico graduado pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) e doutor em Clínica Médica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Atua como professor da disciplina de Endocrinologia e Metabologia da PUC-Campinas e coordena o serviço de Endocrinologia e Metabologia do Hospital PUCCampinas. Também é professor do Programa de Pós-Graduação em Clínica Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, e desempenha o papel de investigador principal em estudos de pesquisa clínica voltados para Diabetes Mellitus, Obesidade, Doença de Graves e Doença Ocular da Tireoide.

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Este artigo reflete exclusivamente a opinião e a experiência clínica dos médicos autores.

Referências

  1. Bahn RS. Graves’ ophthalmopathy. N Engl J Med. 2010;362(8):726–738. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMra0905750
  2. Bartalena L, Baldeschi L, Dickinson AJ, et al. The 2016 European Thyroid Association/European Group on Graves’ Orbitopathy Guidelines. Eur Thyroid J. 2016;5(1):9–26. Disponível em: https://eje.bioscientifica.com/view/journals/etj/5/1/ETJ448.xml

SC-BRA-NP-01074 | Aprovado em julho de 2025 | Material informativo da Amgen Brasil destinado ao público em geral

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