Mas há um longo caminho a percorrer e muitos aspectos a serem discutidos. Um levantamento da LCA Consultores aponta que seriam necessários R$ 13,2 bilhões por ano para viabilizar a nova remuneração nos setores público e privado. O mesmo levantamento mostra que o impacto do piso para as entidades empresariais seria de R$ 5,3 bilhões por ano e a consultoria estima que a medida levaria à demissão de 79,3 mil profissionais da enfermagem.

Claro que são muitos desdobramentos que existem, negociações, emendas, liberação de verbas, acordos sindicais, etc., e não vamos aqui entrar nesse âmbito e tampouco tomar partido de algum dos lados. 

Porém, não podemos nos furtar que haverá sim um desequilíbrio de contas que colocará em risco a qualidade assistencial e a sustentabilidade das instituições. O primeiro ímpeto será cortar postos de trabalho ou então diminuir custos, como, por exemplo, com a aquisição de material. 

Existe uma saída de apoio importante, entretanto, que consiste em dar um passo para trás e reorganizar os fluxos de trabalho e otimizar os processos financeiros, que pode tornar a jornada menos árdua e mais controlada.  Afinal, um bom faturamento evita perdas. 

A tecnologia é a primeira grande aliada. Inclusive, segundo o relatório Perspectivas globais do Setor de Saúde 2023, da Deloitte, a automação para atividades administrativas é mais prevalente do que na gestão clínica, sendo que o uso de tecnologia para codificação do faturamento saltou de 15% em 2020 para 27% em 2022. Isso porque, entre outras coisas, pode ajudar a reduzir custos, trazer mais controle, ampliar o acesso aos serviços e melhorar a qualidade do atendimento e tornar a gestão mais eficiente e estruturada para que as metas sejam atingidas. Ela é o meio eficiente  para trilhar este caminho de uma boa gestão administrativa e, principalmente, financeira. Módulos de controle de faturamento implementados e bem parametrizados farão, sim, toda a diferença. 

O que muitos acabam não se atentando é de que nada será totalmente eficiente sem recursos humanos que estejam plenamente treinados para tirar proveito de tudo que ela tem que trazer. 

Ou seja, a grande dificuldade em executar um bom trabalho de faturamento está na falta de conhecimento dos profissionais do setor, entendimento das regras e normas estabelecidas pelo Ministério da Saúde ou das operadoras de planos de saúde. Tratam-se de processos muito complexos, mas que ao final garantem o total recebimento pelos serviços prestados. É bem comum em situações em que ocorre uma conta glosada, o time não conseguir identificar o motivo e ter a clareza de como corrigir o erro.

Devemos lembrar ainda que o faturamento é um trabalho feito em todas as equipes, esta área recebe informações de vários setores distintos do hospital. Atualmente, neste caminho, é usual existirem diversas etapas que não estão automatizadas. Ao ajustar o processo assegura-se que todos os procedimentos e cuidados realizados sejam registrados na conta do paciente, durante a sua jornada na instituição. Cabe à equipe administrativa garantir que todas as coberturas estabelecidas nas pactuações, tanto com as redes de Saúde Suplementar como para o SUS, sejam devidamente registradas e faturadas. 

Em um processo manual – considerando a grande variedade de procedimentos, insumos, diárias e ainda as diferentes coberturas para cada plano contratualizado – acaba sendo frequente que aconteçam inconsistências na prestação de contas ou ainda, a falta de lançamento ou cobrança de itens. São detalhes que acabam ocasionando glosas, ou perda de receita, o que é crucial não somente no cenário que vivemos como em qualquer momento para as instituições.

Melhorar esses processos diante dessa complexidade de atuação é um desafio. Nem sempre há tempo e nem recurso para contratar e treinar um profissional em casa. Aprender a faturar de uma forma que evite desperdícios, glosas, erros, atrasos e cause ainda mais transtornos, ainda mais em cenários adversos, é sinônimo de experiência e conhecimento. Não existe um caminho curto para isso. 

Na busca deste equilíbrio financeiro em uma forma mais rápida e efetiva, a terceirização da gestão do faturamento de contas hospitalares a equipes especializadas vem ganhando força e já é uma realidade para muitas instituições. O profissionalismo e expertise trazem aos gestores maior governança e eficiência operacional, sendo vital para mitigação de riscos e a continuidade do negócio. 

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Ana Liria Felicio Bueno, sócia fundadora da TI Hospitalar, empresa com mais de 14 anos de experiência em serviços especializados de faturamento de contas, tanto privadas quanto públicas, que desde 2023 faz parte do ecossistema de tecnologias e empresas da Salux Technology.