Do ponto de vista institucional e comunitário, residentes agregam valor significativo aos hospitais universitários e à sociedade, contribuindo diretamente com o cuidado assistencial aos pacientes, o ensino de estudantes da graduação em Medicina e a pesquisa clínica. Esse impacto ficou evidente, por exemplo, durante a pandemia da COVID-19, quando residentes assumiram papel central na resposta assistencial.
Apesar disso, o ingresso é competitivo. O número de vagas oferecidas frequentemente é inferior ao de candidatos, o que pode resultar em médicos formados sem acesso imediato à especialização e, consequentemente, lançados ao mercado de trabalho antes de completarem essa etapa tão importante de sua formação. Esse funil gera custos pessoais e sociais relevantes, incluindo o subaproveitamento de anos de formação e dívidas financeiras acumuladas por muitos recém-formados.
A experiência é desafiadora, marcada por alta carga de trabalho, estresse e responsabilidade crescente. Porém, estudos mostram que fatores como liderança inspiradora, clima educacional positivo, senso de pertencimento e equilíbrio entre vida pessoal e profissional contribuem para o florescimento profissional. Instituições que investem em saúde mental, mentoria e desenvolvimento conseguem mitigar riscos de burnout e promover uma trajetória mais sustentável e gratificante.
Além da formação clínica, a residência é também oportunidade para desenvolvimento científico, especialmente em programas que estimulam pesquisa e carreira acadêmica.
O Cenário no Brasil
No Brasil, a residência médica é o padrão-ouro da formação de especialistas, defendida e estimulada por diversas entidades de ordem, algumas das quais só fornecem o título de especialista para egressos de programas de residência médica.
A Lei nº 6.932/1981 estabelece carga máxima de 60 horas semanais, com até 24 horas de plantão, um dia de folga semanal e 30 dias de descanso anual. A Resolução CNRM nº 4/2011 determina descanso mínimo de 6 horas após plantões noturnos de 12 horas ou mais, reforçando a preocupação com a qualidade de vida e segurança do residente.
Estudos internacionais confirmam a eficácia desse modelo. Pesquisas mostram que hospitais de ensino apresentam menores taxas de mortalidade em condições clínicas comuns, e ensaios multicêntricos como o FIRST Trial (cirurgia) e o iCOMPARE (clínica médica) evidenciaram que mudanças em escalas de trabalho não comprometeram a segurança do paciente.
Publicada pela Associação Médica Brasileira (AMB), a Demografia Médica no Brasil em 2025 revela que o país conta com cerca de 47,7 mil médicos residentes, o que representa aproximadamente 8% do total de médicos em atividade no país. A distribuição regional é marcada por uma forte concentração no Sudeste, que reúne 54,3% dos residentes, seguido pelo Sul (16,7%), Nordeste (17,7%), Centro-Oeste (7,7%) e Norte (3,6%). O perfil de gênero é predominantemente feminino, com 58,2% das vagas de residência ocupadas por mulheres. Quando se trata das especialidades mais procuradas, mais da metade dos residentes (54,8%) se concentra em apenas seis áreas: Clínica Médica (13,6%), Pediatria (10,5%), Cirurgia Geral (9,0%), Ginecologia e Obstetrícia (8,6%), Anestesiologia (6,6%) e Medicina de Família e Comunidade (6,5%).
Apesar da importância da residência médica, o cenário atual é de déficit de vagas. Em 2024, havia 32,6 mil formandos em Medicina para apenas 16,2 mil vagas de residência (R1), resultando em uma carência superior a 16 mil postos. Esse déficit cresceu significativamente nos últimos anos, passando de 3.886 em 2018 para 16.422 em 2024. Nesse período, o número de estudantes de Medicina aumentou 71%, enquanto o de residentes cresceu apenas 26%, em um claro descompasso entre a abertura de vagas para a graduação sem aumento da oferta equivalente nos postos de residência.
Outro desafio que reforça a complexidade do problema é a existência de vagas ociosas e a desigualdade na distribuição. No ano de 2024, 19,2% das vagas de residência médica não foram ocupadas, totalizando 4.659 posições em aberto. A formação de especialistas está concentrada em poucas instituições: apenas 91 delas reúnem metade dos residentes em um universo de quase mil credenciadas. Essa concentração perpetua disparidades regionais, especialmente nas regiões Sul e Sudeste. Além disso, a bolsa oferecida aos residentes, no valor de R$ 4.106,09 para uma carga de 60 horas semanais, é considerada insuficiente, sobretudo para recém-formados que frequentemente acumulam dívidas após a graduação.
Esses dados reforçam que a residência é essencial, mas enfrenta desafios, dos quais destacam-se: expansão quantitativa de vagas, maior distribuição regional e institucional e valores de bolsa mais adequados às necessidades dos residentes.

Residência Médica na UNIP
A Universidade Paulista – UNIP trabalha ativamente na defesa da residência médica como etapa fundamental na formação médica e integra esse movimento para o seu fortalecimento, oferecendo programas em Clínica Médica, Cirurgia Geral, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, Medicina de Família e Comunidade, entre outras especialidades.
Com duração de 2 a 3 anos, os Programas de Residência Médica (PRMs) da UNIP respeitam a carga de 60 horas semanais, incluindo plantões. Os PRMs são realizados em hospitais universitários e redes municipais parceiras nos campi Paulínia, Sorocaba, Santana de Parnaíba (Alphaville) e Votorantim.
Entre os diferenciais da residência médica oferecida pela UNIP, destacam-se:
- Bolsa e moradia: além da bolsa integral, os residentes recebem um adicional de 30% destinado à moradia.
- Qualidade assegurada: a estrutura contempla uma Comissão de Residência Médica (Coreme) organizada, coordenação e preceptoria remuneradas e constante investimento em capacitação dos envolvidos.
- Integração com o SUS: a UNIP mantém parcerias ativas com redes municipais, investindo em infraestrutura e qualificação de equipes integradas ao Sistema Único de Saúde – SUS.
- Formação robusta: o modelo adotado prioriza 80% de atividades práticas e 20% teóricas, abrangendo temas essenciais como Bioética, Metodologia Científica e Controle de Infecção, alinhados às matrizes de competência nacionais e internacionais.
- Condições de aprendizado: os residentes contam com alimentação, quartos de repouso, férias de 30 dias, acesso a bibliotecas, participação em congressos e recursos didáticos como o Simulab da UNIP.
Embora enfrente desafios em nosso país, a residência médica é o padrão-ouro para a especialização e, portanto, etapa fundamental para a formação sólida de um profissional ético, tecnicamente qualificado, independente e, acima de tudo, humano. Uma pós-graduação lato sensu em serviço, com preceptoria e carga horária intensa, que consolida a transição do egresso da graduação para a prática médica autônoma e com compromisso social, são características que tornam esse modelo insubstituível.
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